O meu primeiro contato com a Caixa D’Ãgua se deu no ano 1.981, e foi a partir dali que conheci o restante da cidade. Com o estranhamento natural do novato e inseguro em relação à s minhas expectativas sobre o futuro, ainda assim, foi possÃvel vislumbrar uma longa estadia nesta região. Logo de inÃcio, percebi que a vida ali tinha o charme da mistura, o lugar era multirracial, multicultural, tudo era “multimuitoâ€. E com o espÃrito transgressor do jovem sonhador observei também que ali os bons sentimentos não eram somente peculiaridades psicológicas. Eram atitudes sólidas. Isso me fascinava e firmava a minha determinação em criar raÃzes. E assim foi... Amor à primeira vista.
Passado a primeira impressão vieram os convites para os cafezinhos caseiros que adicionados ao calor humano dessa gente simbolizava bem o resultado da miscigenação local. Uma bela mistura de cores, cheiros e sabores que construÃam em mim motivos de satisfação. Era gente de todos os lugares: nordestinos, nortistas, sudestinos, sulistas... A convivência harmoniosa com essas pessoas me fez despir de qualquer preconceito. As experiências adquiridas com esses migrantes fizeram com que meu mundo de encantamentos fosse ampliado a cada dia. Tive muita sorte por desfrutar de toda essa diversidade que representa os vários brasis existentes na Caixa D’Ãgua.
Conforta-me muito saber que o modo que tenho de ver e pensar o mundo teve fortes influências neste local. Conhecer e conviver com pessoas como o “seu†Waldomiro da Farmácia (profissional com uma postura ética e uma habilidade para unir competência e humildade, que era impossÃvel não admirá-lo); o “seu†Zé Padeiro (exÃmio conhecedor e observador polÃtico de Rondonópolis); “seu†Medeiros (homem que se fez empreendedor, quando o empreendedorismo ainda não era palavra de ordem.), e tantos outros, me fizeram melhor. Assim, vida pessoal, e a vida profissional ambas colheram mais bônus do que ônus, enquanto eu me fazia útil e funcional no mundo do comércio farmacêutico.
Hoje sei que minhas vivências na Caixa D’Ãgua, enquanto balconista de drogaria possibilitou-me aprendizados que fazem parte da minha formação, e foi deste modo que entendi o valor das diferenças; descobri nas minhas imperfeições e na dos outros que somos seres inacabados, o que evidencia a grandeza de saber viver nas divergências; saber que os obstáculos que a vida oferece são estÃmulos para arquitetar o espetáculo da tolerância, e dessa forma, nessa construção humana consentir um pouco de Deus em mim. Só assim, posso adquirir a habilidade de não permitir que meus interesses comerciais, ou minhas simpatias de balcão me furtem as possibilidades que eu tenho de servir.
Noto, na Caixa D’Ãgua que à s pressas de alguns são antagônicas com as demoras de outros, são os contrastes entre o moderno e o antigo, entre os agoras e as saudades, mas o bom é saber que toda essa dinâmica chamada vida adquire formas de esperanças, que se convertem em uma energia boa, a qual motiva as pessoas a darem continuidade na busca dos seus sonhos. Aliás, essa riqueza de significados se faz presente na fé, na gratidão e na generosidade da minha gente, e são estes os sentidos maiúsculos que temperam os motivos do acolhimento proporcionado por esse povo que aqui vive ou trabalha.
Pois bem! Assim é a Caixa D’Ãgua: dos serviços, dos esportes, dos sabores, dos amores, das contradições, das pressas, das calmas... Do Manus, do Vilson e do Queijinho, do Zé e da Dona Maria, do Léo e da Luzia... Assim sou eu: recolhido no conforto da dúvida, vejo o tempo perder a pressa na certeza que hoje sou um pouco mais Caixa D’Ãgua...
Ps: Hoje, a Caixa D’Ãgua é uma região central da cidade de Rondonópolis - Mato Grosso.
Aqui apreciando bela contribição...
Saúde e Paz.
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