A formação da consciência
MAJORANO, Sabatino. A formação da consciência. In: ______. A consciência: uma visão cristã. São Paulo: Editora Santuário, 2000. p. 127-150.
Majorano, no capítulo “a formação da consciência”, descreve a consciência como pressuposto da liberdade humana e defende a sua formação como sendo o dever ético mais fundamental. Para tanto, ele percorre um caminho de relação da consciência com a sociedade, a família, a escola e com a comunidade cristã, tendo como eixo a cultura.
É uma breve exposição da formação da consciência, num pequeno capítulo, constando apenas de 23 (vinte e três) páginas e dividido em 7 (sete) subtítulos.
Para Sabatino Majorano, ser consciente é o mesmo que ser livre e, a formação da consciência é o dever mais fundamental, é o que ensina o homem a ser virtuoso e a vencer os medos e a fraqueza humana. A consciência moral implica em o homem ser dono de si e decidir a sua própria vida, munido de uma formação contínua e que o acompanhe ao longo de toda a sua existência. Os principais lugares em que se dá a formação da consciência moral são: a sociedade, pois ela é dinâmica e ao mesmo tempo evolutiva, principalmente com a contribuição dos meios de comunicação, donde advém forte bombardeio de informação e a instigação ao pluralismo cultural, o que infere na formação contínua da consciência, mas isso não deve implicar na perda dos valores fundamentais. Diante da experiência social e midiática, deve-se não renunciar à dignidade da pessoa e ser autêntico, compromissado com a liberdade, a solidariedade e o bem moral, sem o que não há consciência formada. Cabe ao indivíduo a responsabilidade fundamental para que no todo social haja solidariedade aberta, ou seja, compromisso de todos; a família, por sua vez, tem participação fundamental, pois, além da formação básica, deve acompanhar o desenvolvimento, propiciando a liberdade e a co-responsabilidade; já na escola, os educadores devem ser testemunhas e viabilizar a qualidade das relações sociais, mesmo com o pluralismo, que pode dificultar a formação da consciência; e a comunidade cristã, na qual o compromisso de formação deve ser assumido de forma mais decidida, já que é movida pela Verdade do Evangelho e deve ser testemunha fiel dessa verdade.
Há, hoje, uma necessidade de, em meio ao pluralismo e a diversidade de conhecimento, as conturbações do mundo moderno e aos confrontos da sociedade, olhar para o ser humano como pessoa e, contemporaneamente, em sua totalidade, pois, na formação da consciência, percorrer o caminho das experiências diversas e globais é indispensável. A cultura vem mudando significativamente, vem recebendo novas conceituações e, esses novos conceitos da cultura devem provar a sua validade, tanto operativa quanto humana e, cabe à consciência, mesmo com essa abertura às novidades, não perder as suas raízes, já que é delas que vêm a liberdade e a serenidade.
Deve-se viver em solidariedade, motivado pela verdade refletida e vivida, com a perspectiva de abrir e ampliar novos horizontes, sem fechar-se à própria experiência, abrindo-se ao diálogo com a experiência do outro, com a motivação da palavra de Deus, que configura um privilegiado caminho para a verdade, com a qual a consciência mantém íntima relação, considerando que a palavra é dirigida a cada um e a todos, e é por onde Deus fala e opera eficazmente. E, para haver um aprofundamento da formação da consciência, deve-se evitar o fundamentalismo e o relativismo afim de que não se perca a fidelidade criativa e a ação do Espírito.
A consciência é, a princípio, o que nos dá a autonomia de sermos seres humanos, é ela que nos diferencia da diversidade dos outros animais e, essa mesma consciência objetiva a busca da realização pessoal e social. Partindo dessa afirmativa, Majorano demonstra que a busca dessa realização envolve todo um dinamismo no qual o homem deve ser consciente de si, do outro, das suas relações e da sua própria história, é o que nos diz Santo Agostinho: “pois é no espírito que reside a faculdade pela qual nós somos superiores aos outros animais”. (1995, 44).
A consciência é também o que possibilita ao homem o relacionar-se consigo mesmo e se aperceber da sua existência, é o lugar onde é sacralizada a experiência de Deus e por onde as paixões desordenadas podem ser redimensionadas e tornarem-se virtudes. E isso se dá justamente num âmbito gradual que se inicia com a própria consciência de si mesmo, perpassando pelas experiências e identificações familiares e sociais, consumando-se numa identificação de teor espiritual, que é a convivência com a comunidade cristã, pois, como entende Bauman, “viver em sociedade - concordando, compartilhando e respeitando o que compartilhamos – é a única receita para vivermos felizes (se não felizes para sempre)”.
Contudo, percebe-se que a leitura da obra do Majorano propõe não apenas um entender a formação da consciência, como também é um compreender a nossa própria estrutura e relação. É uma leitura que sempre será atual, pois a consciência, como ele mesmo acena, é fortemente influenciada pela cultura, que é o que constantemente produzimos. É válido dedicar um tempo a uma reflexão que serve para a vida.
O autor Sabatino Majorano é redentorista e obteve doutorado em teologia moral na Academia Afonsiana, em Roma. Leciona teologia moral na instituição na qual se doutorou e também na Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional. É autor de La vita nuova in Cristo e Camminare nella liberta dell`amoré, ambos de 1988, dentre outros.
Rodolfo Mendonça Pereira, bacharelando em teologia pela Faculdade João Paulo II (FAJOPA), em Marília, São Paulo.
Uma leitura de formação da consciência com perspectivas cristãs!!!
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