A Janela do 707

Meu fascínio surgiu no primeiro momento em que a vi
Mágica, esvoaçante, com suas cortinas rasgadas
Misteriosa e romântica com suas vidraças embaçadas
Meu canto preferido da casa que me fora emprestada

Dela se via a cruz, se via a praça e muita luz
Dela se via a chuva, o vento e um pouco do mar
Nela chorei de dor por um podre amor
Nela suspirei, quando novamente voltei a amar

Com ela eu vi a banda passar
Por ela eu vi a manifestação rolar
Se via até furtos, eu via até vultos

Mas hoje ela está só, fechada
Tudo limpo, parede branca pintada
E a porta engraçada, está trancada.


* Poesia-presente para o meu eterno casal de amigos, amados e amantes, Marcello Trigo e Ina Pacher de Florianópolis - SC.