"Não conseguia parar de chorar, mesmo quando seu taxi parou em frente ao aeroporto. Suas costas ainda tinham os arranhões apaixonados deixados pelo último sexo antes da horrível briga. Seu coração ainda dilacerado pelo adeus torto, farpado, que disseram. Tinha os cabelos caídos sobre o rosto, para não olhar nos olhos de ninguém. Estava despencando do céu carioca onde vivera nos últimos tempos. Estavam, pensava. Ou talvez não houvesse mais um plural. Eram aves perdidas agora. Seu vôo fora interrompido. Foram do céu ao chão seco, como um avião em queda desastrosa, em um amanhecer trágico. E agora, para seu desespero, se via indo embora da cidade que fora palco da sua paixão por Ela. As mãos trêmulas se confundiam com as alças das bolsas enquanto ela estendia as três notas para o motorista. Sentia-se perdida num trânsito confuso entre o paraíso o vazio. E, em meio a tudo isso, agora ela teria que pegar o avião, e ir embora. Respirou fundo, quase engasgou-se com a tristeza e saiu do taxi..."
(para ler o conto na íntegra, baixe o arquivo em PDF clicando no botão azul de DOWNLOAD)
A moça acenando à janela é um conto bem antigo, escrito de um só fôlego, em uma noite de janeiro de 2003. Foi incluído e cortado de meu livro de contos (aquele que por vezes parece que nunca verá a luz do dia) mais de 5 vezes. Agora publico-o aqui, com pouquíssimas modificações em relação ao conto escrito na época -- modificações cosméticas, em sua maioria -- como uma decisão final de que não fará parte do livro.
É um testemunho de um olhar e de um momento, e é fácil para mim achá-lo pueril e mal escrito. Mas sei bem que sou por vezes crítico demais daquilo que escrevo e, assim sendo, acabo por engavetar coisas que poderiam ser boas. É por isso que estou agora "engavetando publicamente" este conto. Espero que tenham ao menos alguma afeição por ele. Foi importante para mim quando o escreví... ao que parece ter sido um milênio atrás.
A foto que ilustra este post foi graciosamente cedida por minha amiga Júlia, e embora tenha sido batida antes mesmo que ela tenha conhecido o conto, parece ter sido feita especialmente para ele.
A vida é bela, embora por vezes tenha uma beleza triste. Temos que ter os olhos abertos para todas as belezas (mesmo as menores, mais tolas, mais estranhas ou tristes), para assim não perder de vista a maravilhosa tapeçaria de momentos que é a experiência do viver.
... e enquanto estava tratando esta foto para o conto, lembrei-me de uma conversa que surgiu no 1o encontro de colaboradores do Rio:
"qual é o limite do erotismo visual aceitável no Overmundo?"
Acho que isso dá um bom papo no Fórum, né?
Pois vamos para lá.
Abraços do Verde.
Para quem se interessar no papo proposto acima, joguei a conversa aqui:
http://www.overmundo.com.br/forum/topico.php?topico=209
Abraços do Verde.
Obrigado, meu caro cara! :D
Abraços do Verde.
Beleza de conto Duende. Escrava sempre. Parabéns!
Jotaoliveiraa · Brasília, DF 1/2/2007 10:05
Que bom que também gostou, amigo Jota. :D
Tenho uma relação de amor e ódio com este,
mas sei que no fundo ele é um bom garoto. :D
Abraços do Verde.
O Sr. tem um problema.
Não consigo baixar arquivos PDF.
E como ja li parte do seu conto. Fiquei tarado.
Então, por favor meu caro. Socorra-me por E-MAIL.
forluz@hotmail.com
Obrigado,
Puxa Sebastião... desculpe.
Vou evitar os PDFs daqui para frente.
Vou te enviar o texto em formato .doc por email.
Abraços do Verde.
O amor e a arte são andróginos
olhamos no espelho e vemos outra pessoa.
Fazer arte, é fazer amor consigo mesmo.
toda história são duas ou (várias).
Você retrata tudo (é um fotógrafo de palavras)..
Ainda estou sobrê efeito do seu conto,
e esse feitiço me impossibilita um comentário mais claro.
Obrigado.
Sentir nos aproxima, nos iguala, ao resto da humanidade.
Por mais distinção e isolamento que busque,
o homem se torna igual a todos os outros quando sente.
O pranto do rei e do plebeu, o sorriso da criança e do velho, a paixão do homem ou da mulher... são todos humanos, são todos iguais, são todos nós...
Abraços do Verde.
(E que bom que você apreciou o conto, meu velho!)
Daniel, você é realmente muito critico com o seu trabalho. O texto é uma beleza. Parabéns!!!!
Osvaldo · Olinda, PE 2/2/2007 18:43
Hey! Muito obrigado mesmo, Osvaldo!
Obrigado pelo elogio ao texto, e por reafirmar que minha crítica ao meu trabalho é grande o bastante.
Talvez ela seja mesmo exagerada, mas é porque eu sei que posso fazer bem melhor do que geralmente faço...
Vou publicar hoje ou amanhã um conto novo, do qual gosto, para dar uma noção de algo que minha auto-crítica aceita como bom. Além disso, o "Reflexões sobre o fio de uma faca" (publicado aqui) passa com louvor em meu crivo. Há quem ache, contudo, que eu tenho mau gosto e que meus contos prediletos não são aqueles que são mais bem escritos...
Gosto é gosto... que bom que há paladares para todos os sabores.
De qualquer forma, que bom que você gostou deste conto. Fico feliz.
Abraços do Verde.
Muito obrigado, caríssimo! :D
Fico muito feliz que tenhas gostado.
Há um conto mais novo, de minha nova fase, publicado aqui também. Chama-se Trangressão.
Abraços do Verde.
Vou ver, tem um meu publicado hoje também, a vontade.
Camafunga · Pelotas, RS 5/2/2007 15:20
Vou dar uma olhada agora, meu caro. :)
Abraços do Verde.
"Todo mundo já chorou nesta vida, pensava ela, mas mesmo assim alguns parecem ainda se assustar com isso."
As pessoas se assustam porque choram mas depois esquecem, para poder seguir em frente de cabeça erguida e quando vem alguém jogar-lhes o fingimento na cara, elas se assustam...
Dani, muito, muito, muito, muito bom!!! Desculpe a demora em ler, acho que é o melhor texto seu que eu já lí... fiquei arrepiada!
Abraços!
Heeeeey! Que bom que gostou tanto, Aninha!
É verdade. As pessoas choram, as pessoas saem da casca, mas as pessoas se esquecem. São todos farsas, apontando uns para os outros horrorizados quando se enxergam secretamente espelhandos em alguém que despe a fantasia...
Eu imaginei que você fosse gostar deste conto. Ele é bem do jeito que você gosta, e eu fico feliz que tenha se agradado e se empatizado dele.
Abraços do Verde.
:o)
Ei! Não falei que empatizei... hehehehehe
Abraços!
Sua "mulher acenando na janela" é um conto belo. Qualquer erotismo é apenas panode fundo para a estória. A queda, a dor,a morte e o reerguimento à vida pulam das palavras e atingem nosso coração em qualquer esperança que tenhamos: seja de que a pessoa amada ligue ou que o mundo se torne um lugar melhor. Acima de tudo isso: seu conto faz dele um lugar mais cheio de beleza. E isso já é muito
ThiagoIsaac · João Pessoa, PB 21/6/2007 09:15
Muito obrigado pelos elogios, Thiago. Fico muito feliz que tenha sido tocado pela história, e que ela tenha te dado um sentimento de beleza e lirismo...
Abração do Verde.
Olá Duende Daniel,
Tuas histórias de amor são sempre lindas e tristes, e eu nunca sei se estas duas palavras são inerentes entre si, ou se nascem gêmeas-siamesas fecundadas dentro de cada um dos teus personagens e suas tão lindas tristezas - ou tristezas tão lindas... Vês...?
Me deixas pensar que o amor (em ti) te pesa, e tu transpões este peso para os teus contos e fábulas - até onde eu ti li, sei que não li outros dos teus Duendes.
Mas tudo em mim suporta essa força que tu tens, quando me trsnpões com este peso em contos tão tristemente emocionantes, e tão emocionalmente, lindos.
E apesar de ainda entristecida, te abraço em verde-forte.
Estou, aliás, de Feitiçeira Entristecida ali na fila de edição, esperando a tua generosa atenção.
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