1 - Passada manhã de ontem
O vento se deu ao lume
Como se fosse um estrume salgado,
Célere que nem palavra de poeta desdito.
Marcavam 11 e nem pareciam
Horas de acidente automobilÃstico...
Exceto o “rush†habitual das grilhetas,
Não havia sido a mesma manhã
Dos ventos alhures.
Tal como era a morte trôpega e frouxa
De um vento coxo que havia extraÃdo do corpo puÃdo
Uma felpa solteira:
Parte do nada; óvulos
Do ocaso...
Pois que, de soslaio,
À tardinha em bela tez já era iniciante;
Corda sem nó sob o pescoço
Suara-o como a existência rediviva do infinito,
Dando-nos falsa impressão de que
Se lubrificássemos o pulso doÃdo do asfalto
Com alva certeza de não sufocar-se,
PensarÃamos haver a demolição do tolerável:
Ó Luz!
SÃmiles angústias são
Todos os fulgores ao cabo,
Ao pranto...
2 - Ah este Poema é o “Mortal thrillerâ€
De uma “Dor Congeminadaâ€:
A historieta de um jovem viciado em haxixe
Ido aos 20.
Cuja morte o levou prematuro
Dos vÃcios, dos abismos insondáveis,
Da forma, como aqui, vos conto:
Era sábado, 20, do mormaço de flôres mongolóides,
Da poluição preenchendo as narinas...
Eis que, o destino, porque inapto
A defendê-lo do front da paixão,
Não mediu alcance e furtou o Boy;
Tirou-lhe a brancura da vida.
3 - “Henry Ralph†conheceu o óbito
Num escorregão urbano que dizia Cult
Golfando dores pela rua.
Mas antes de ser assassinado,
O veÃculo em volúpia estratérrea
Ziguezagueando em sua frente,
Foi chocar-se ao fatÃdico Guard Rail,
Como que golpeasse e massacrasse
O único urso amazônico à esquina...
Na volta...
Perambulou drogado de sarjeta em sarjeta,
Até tirar-lhe o encanto.
4 - Ralph, morreu.
E a multidão lamentava a partida...
5 - Como um estrume invisÃvel
E de bobeira nas fimbrias do infinito
— Alimento altruÃsta dos mortos no asfalto —
Soube ele através do vento
Que morrera jovem
Para calar o velho pensamento
Do orvalho pressurizado e não
Para esconder-se do verbo atroz,
Nem do hábito de extrair tumor computadorizado
Da álgebra até conseguir engendra-la
Ao cimento,
Almejando, assim, uma viagem com
Seus mata-pastos
Incubados.
6 - Ralph agora estava morto
E a multidão pranteava a partida...
7 - Tais como a água viva
Levitando sob os tênues orvalhos dos pântanos,
E a dizer que não perdoaria
A asa da morte que o adormecera
No choque ao sonho,
E já junto às retinas do vazio,
Bem que Ralph gostaria de renascer
Igual ao poderoso Hubble
Para roubar o tempo e fotografar o UFO
Que lhe levou do crash ao nada.
8 - Ah Ralph!
Quis o meio-dia que não escutássemos
O teu calar...
Mas agora é tarde brother...
Você está morto!
Ao menos saiba outro segredo:
Uma lágrima porque te ama,
Encharca o lenço do mais tarde...
Talvez você, por ser ingrávido
E com urticária na Alma,
Nem saiba muito bem
Onde nascem e morrem
As clorofilas e seus petulantes
Roseirais.
9 – Será, Henry Ralph,
Será que o outro lado da morte
É coberto de antemanhãs
Entupidas de ida e partidas
Que seguem
A mesma fumaça
Só que em paralelo
Antigramaticais?
Faz tardinha, Ralph,
E o sol já transpôs
O cachimbo da aurora e te olha
Jogado no asfalto
De cima do infinito...
Caio, Salve!
Seu Belo e Comovido Poema, é de uma beleza rara. Transmutante assim como esse Henry Ralph, morto aos 20. O interessante é que você conseguiu transmitir em palavras cenas de uma dor gigante.
Perfeito, Caio.
É Arte Poética de quem sabe fazer.
Parabéns!
Abçs e obrigado por sempre comentar em meus poemas.
a) Benny Franklin.
Caio, minha reverente admiração diante da beleza tristÃssima desse poema.
Uma ode, um lúcido lamento (se isso existisse), coisas que só os Poetas maiores inventam.
beijos
Benny,
Tua poesia já deveria ter cruzado os oceanos.
Teu tempo já chegou, cara. Cruza-os.
Vai. Segue teu rumo. Golpeia a palavra.
Soca o vento de porrada.
Transforma o sonho em verdade;
Vira o moinho de nossas vidas.
Valeu, grande, e obrigado pelo comentário.
Abs, Caio.
Oi Sara.
Tua presença deu um ar feminino a este poema masculino.
Honrou-me o teu comentário.
Volte sempre, querida.
Bjs.
Beat! Beat! Beat! Cada poema brasileiro contemporâneo que leio me leva ao orgasmo.
Rynaldo Papoy · Guarulhos, SP 7/9/2007 14:56Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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