Na escuridão do quarto solitário
Descreve o inominável.
Ânsia de ser ouvido,
Com a voz embargada,
Grunhido estampido,
Cigarra entalada!
Alguém para lhe estender a mão?
Um ombro para recostar a cabeça?
Colo para desabafar baixinho?
Esmorece que o tempo não deixa de cortar.
Desejo,
Querência,
Sentimento.
Tempo!
Do que se deixou de ser
Ao que se vê no espelho:
Farrapos de um ser
Que não sobrepesou com olhos crÃticos o mundo...
Resta algo a dizer,
Sempre há.
Não vá,
Fica!
Mas o querer não intercede,
E se vão os anos nos vincos da face.
Nos dentes que caem,
Dos cabelos rarefeitos.
E eis que mais um ser
De uma amargura contida,
Não sabe se reconhecer
Da própria janela de sua alma.
Amanhece,
A luz retorna,
E denuncia:
Jaz um corpo estendido ao chão.
Ser não ser,
Não foi e não será,
As asas da esperança
Simplesmente apagaram seu brilho.
E, num traço roto,
Foi-se.
Cristiano Melo, 08 de Outubro de 2008.
Sempre resta algo a dizer quando alguem se vai
sempre fica a sensação que poderÃamos ter impedido a partida
ou que poderia te-la feito diferente
Cris,esse texto está forte,contundente, em cada trexo uma reflexão de o que somos e como ficamos e pra onde vamos,diria que cada trexo é um hai -kai
Beijos meu amgo e tenha um dia de paz
Resta algo a dizer,
Sempre há.
Não vá,
Fica!
Pois é. No meu caso, não fico,não...
vou....
Belo poema sobre o inevitável
Um abraço
Essa conversa de travesseiro é uma constante para os tristes, sobretudo para os poetas que se questionam e questionam seu viver, eu conheço muito esses monólogos tristes. O que dizer de confortante é que quando a gente consegue se esgotar em poemas e prosas a alma fica tão mais leve, tenho pena de quem não sabe ou não tem um dom de se esvaziar. parabéns Cris pelo poema prosa tão contudente, senti daqui o peso das suas palavras. Beijo
Angélica T. Almstadter · Campinas, SP 9/10/2008 12:40Se sempre resta algo é porque não vai dar pra dizer tudo. então, faço como o Edimo, vou. contrafóbica, eu. ele nem sei. Sei que o tempo passa e com ele passam coisas muitoruins também. Vão pra longe. bom, isso. E o que não deu pra salvar, no guilt, no pain, no gain. Paciência. Cést la vie . Melhor como se pseudodenominava (existe isso?) o duchamp qdo ia ser fotografado pelo melhor amigo Man Ray: Rose Selavy. No espelho: eros c'est la vie. O resto é morte, Cristiano, deixa ir.
Compulsão Diária · São Paulo, SP 9/10/2008 13:05
A morte I...morte II ...morte III....estamos constantemente morrendo...desde que nascemos...hehe......mas ainda bem que temos o poder de renascer...com nossas asas de fênix..reais ou inventadas...mas são o que nos salva de verdade...Fica com a vida, Crisss...descarta o que está morto...faz um peeling...renova a pele...torna-se outro...entre tantos que somos....
Adorei o poema!!
Saudades,querido!
beijinhos bluecarinhosos
Blue
Cris, penso que o que morre, o que fica, talvez seja o que não prestava de nós, que nem pele de cobra, cheiro de renovação, que nem aquela águia que sobe numa montanha alta, quebra seu bico e arranca as suas garras pra que venham outras...
mas a gente olha e vê o que não presta como se prestasse, tal fosse uma perda irremediável, vai ver aprendemos a dar muita importância pro que não importa, olha aquela parábola de Jesus caminhando em direção ao cadáver de um cão, onde ouviu:
"-Ai, que nojo, veja seu intestino está se decompondo..."
e ainda:
"-Credo, dá pra ver as suas vÃsceras apodrecendo !"
ao que Jesus afirma:
"-Mas vejam que lindos eram os seus dentes !"
Ponto de vista, meu querido, cada um vê aquilo que quer !
Um abraço !
A morte começa no parto, mas só pensamos nela como algo muito ruim. Não é ruim, a princÃpio, apenas é. O poema em si, é uma das melhores construções suas que já li, padrinho.
Marcos Pontes · Eunápolis, BA 9/10/2008 22:30
"Sempre há algo a dizer"
Diante de toda dor, da solidão, do encontro dolorido com a própria imagem neste espelho cruel do tempo, ainda há alguma palavra.
Este poema é terrÃvel!
beijos
Cristiano,
Realmente você estava inspiradÃssimo ao escrever tão bela poesia.
Abraços
Amanhece,
A luz retorna,
E denuncia:
Jaz um corpo estendido ao chão.
Muito reflexivo. Parabéns
JU,
Tanto a dizer acaba por nos deixar inertes em alguns momentos e situações, há de aceitarmos mais os fatos. Obrigado pelo comentário e o desejo de um dia de paz seja estendido a você sempre.
beijos
EG,
Costumo ir também...Aliás não se trata de querer ou não...Só se pode ir ou ir, sei lá!
Bem, Inevitável é agradecer seu comentário e dar-lhe um abraço.
Angélica,
Saudável é esvaziar por meio de palavras escritas, não é? Existem tantas meneiras de se fazer isto que pode levar o humano ao bicho, pulsões e pulsões...
Obrigado por sua sensibilidade
beijos
CD,
Eu também me vou, mas fantasminhas acabam grudados no profundo de sua essência, mas como você mesma diz: c'est la vie! e deixar morrer o que se tem de morrer, é salutar! A ótica de sua percepção dos processos internos determina o seu grau de liberdade? rs
beijos e obrigado
Blue-Blue,
Gostei muito de seu comentário, farei um peeling na alma...rs
Sim, os processos de nossa vida sempre estão pautados em morte e nascimento, processos de transformação, do velho no novo e etc. Fico contente com suas palavras generosas.
beijos saudosos
Al,
isso mesmo, pontos de vista nos levam à nossa realidade, o que me faz pensar, qual será a realidade real? Existem tantas realidades quanto seres no mundo? É muito bom mesmo deixar o morto, o velho para trás como pele de cobra, nossas camadas internas e renovar o profundo do ser, do contrário morreremos engasgados com a fumaça de nossas angústias.
Dentes...hum....Dentes....eu acho que sei mais ou menos...
: )
obrigado
abraços
Marcos,
nobre amigo (não sei como chama o que é o que de um padrinho...)
Bem, é, o processo morte é um fato, sim, nada além disso, penso mais ou menos assim, literalmente, mas o processo em vida de transformação, deixar morrer para vir algo novo... Isso é mais abstrato, requer reflexões e energia e etc... Né?!
Obrigado por ter gostado do poema.
abração do padrinho
Saramar, espero que o terrÃvel seja bom, no caso, a impressão de amargura ou outra coisa, né? rs
Assim acho que consegui atingir meu objetivo. Às vezes acho que peso demais a mão na pena da escrita...rs
Obrigado
beijos
Falcão,
fico muito agradecido pelo seu generoso comentário,
obrigado
abração
cristiano...
a morte inevitável...
o inevitável conflito
se fico ou deixo-me ir...
se vou...quando será...
quem me levará...
se lá estou...quem mais estará...
eu mesmo...o deus dará...
abraços
Nossa Samuel,
assim você já fez um poema....
Obrigado ficou bem legal
abraços
Será que mãos se procuram na morte? Ou a morte se encontra nas mãos? Reflexões...
Bjs...Mil...
Comn muito prazer dou partda à sua votação querido Principe dos Poetas!
Como sempre dando um banho de texto!
beijo na alma linda!
Nada como uma noite de divagação ou de insônia para refletirmos nos mistérios da vida!
raphaelreys · Montes Claros, MG 11/10/2008 10:51
Cristiano
as duvidas de todos os seres
deixamos passar oportunidades
e não nos reconhecemos diante
de nossas próprias imperfeições.
e o tempo passa,
e o espelho dá o recado
e a amargura acontece.
bjssss
um poema interessante e bem feito, parabéns amigo poeta.votado.
O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 11/10/2008 12:55
Feliz dia das crianças!
Abraços
Meu querido,hoje essa amiga está tão cansada.
Compareço com carinho.
Perdoa chegar somente agora.
Uia....
ódio de vc!
Quando eu acho que escrevo algo, vc vem e me mata de novo!
hehehheheh
Abraço!
Agonia da morte e da dor...
Assim sentimos e assim vivremos. Meio que agonizando, frente às bnossas dores e nossos silêncios.
Beijão
Descrição minuciosa da última viagem... TerrÃvel.
Abraços.
Caro amigo, muitas vezes deixamos de dizer, nao temos palavras, corre dor tamanha, quando se lembra e como lembramos , conversamos e sabe, recriamos, gritamos para sermos ouvidos...mas naõ cessam as palavras nunca...as palavras ditas e não ditas não Morrem...são vivas para suavizar a dor ou reciclar a dor...
Cris, maravilhoso...
Mas o fim é um lugar que nao tem morada, um lugar que não existe....
Grande, Cristiano!
Como sempre: de prima.
Boa!
Muito bom. Gostei bastante. Uma visão sobre a morte.
Sucesso.
Votado!
Amig@s,
Agradeço pelas generosas palavras e reflexões que surgiram. Muito obrigado a tod@s
abraços e beijos
Todo o gradiente emocional, superposições de tons ... Votado.
Inês de Sampaio Pacheco · BrasÃlia, DF 22/1/2009 21:04Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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