A Visita do Estranho Invisível

Estou cansado, agora são cinco e vinte da manhã, a única coisa que sei, é que depois do susto comecei a escrever, na tentativa de aliviar o pavor que senti por todo o meu corpo, no instante em que cheguei em casa, e do jardim vi pela janela a luz do meu quarto acesa. Durante os poucos passos que dei até a porta do meu quarto cogitei várias possibilidades, a mais próxima e normal teria sido:

- Merda, esqueci a luz acesa!

Antes tivesse sido esse ingênuo fato, mas ao olhar para a maçaneta e perceber sinais de arrombamento meu coração disparou e a ação de girá-la para entrar no quarto durou uma eternidade de angústia e medo, sentimentos que se tornaram cada vez mais intensos quando entrei e vi, pegadas de um sapato masculino por todo o meu quarto. Sim, pois havia chovido o dia todo, e o estranho pisou no barro do jardim antes de “visitar� meu quarto. Digo isso, pois nada fora tocado, roubado. Depois de ter conferido até o última caneta, o desespero aumentou com as dúvidas.
Por que alguém faria isso? Sem a intenção de roubo, morte, seqüestro? É o que imaginei que poderia acontecer durante esta noite, caso eu dormisse. Mas isso não ocorreu ainda. Não sei, sinto que de alguma forma, o estranho está aqui dentro do meu quarto, me observando e esperando o sono me pegar. Enquanto limpava as pegadas fiquei imaginando o trajeto dos passos que não tinham início, nem fim, muito confuso como se ele estivesse andando em todas as direções, um círculo de mistério, silencioso. Ligo o som, ouço A rush of blood to the head na tentativa de quebrar o silêncio angustiante que tomava conta do meu quarto, dando a sensação de retorno do estranho, que não voltou, que vai voltar, ou, que nunca saiu do meu quarto.