Quando criança, minha mãe via-me como uma "menina crescida", apesar dos meus oito anos.
O relógio batia oito horas e já vinha com seus passinhos frenéticos entrando no quarto, acordando-me dizendo:
---- Ana Mariiiiiiiia! Isso é hora de dormir?
---- Pula já da cama, vai cuidar dos seus afazeres!
Esfregando os olhos, corria até a varanda e dava de cara com minhas amigas brincando na praça, em frente a Capela de São Sebastião.
Quando chovia, de madrugada, a chuva varria a terra, e o chão do largo da capela ficava fofinho, ideal para jogar finco.
Tremia de raiva. Tinha que obedecer minha mãe, arrumar a casa, passar algumas peças de roupas, as mais fáceis, e só depois poder brincar.
Corria, corria, limpando "pelos meios", com a cabeça no jogo dos fincos. Sem que ela visse, saÃa de fininho pelo beco da casa e mergulhava nas brincadeiras.
Tinha esse direito! Como minha mãe era chata!
Certa vez, até esqueci o ferro ligado. Só lembrei quando ouvi seu grito:
---- Ana Mariiiiiiiiiiia! Passa aqui!
---- Nossa, e agora? Pensei.
Depois de várias chineladas, levou-me para ver o estrago.
Tinha queimado a toalha de banho e até a velha mesa de madeira.
---- Venha bater os ovos para fazer o rocambole!
Continuava me direcionando para o trabalho. Assim acreditava estar cumprindo sua missão de mãe.
Pegava os ovos, me ensinando a separar as claras das gemas:
---- Cuidado, não pode cair uma gota de gema, senão as claras não crescem.
Já com bastante raiva, pois meu jogo de finco tinha ficado pela metade, batia as claras, colocava as gemas, batia de novo, colocava o açucar, o trigo, o fermento em pó, e depois de assado, dava um belo pão-de-ló.
Ela recheava com doce de leite e estava pronto o rocambole.
Agora entendo por que o meu pão-de-ló ficava bom. É que a vontade de jogar finco era tanta, então batia as claras apressadamente.
Que tristeza sentia, ao voltar na varanda, e ver que a meninada já não brincava mais.
Tomava meu banho, almoçava, e ia para a escola.
Na volta, passava na venda do meu pai, e lá estava o bendito rocambole, enfeitando a vitrine.
Pegava um pedaço, como era gostoso!
A alegria voltava ao meu coração de menina.
Tinha feito minha parte.
Ana, encantador o texto! Lindas lembranças que nos fazem voltar ao estagio criança, parabéns... Cariños
Ah, Aninha...!
Que felicidade, ter mamãe sempre de olho em nosso atos pueris... Quanta lição e quanta aprendizagem. Talvez hoje vc nao soubesse fazer essa deliciosa guloseima, né?
Lindas e meigas lembranças, me tocam muito, não as tenho.
Beijos.
volto tá?
ana, oi eu aqyui de novo... adorei este teu texto. continuo insistindo, você devia publicar um livro com essas crônicas, são gostosas demais de se ler...você tem um dom raro... o da simplicidade na formulação das idaéias, ao mesmo tempo uma facilidade nos dialogos, que é uma das cdoisas mais dificeis de se fazer em literatura,pois se vc exagera, fica artifical demjais... palmas pra você mais uma vez, nesta doce lembrança dea nossa meninice... seus versos e textos em prosa lembram-me sempre do grandes poetas do romantismo brasileiro tipo " oh que saudades que tenho da aurora da minha vida" Parabéns ana, você está escrevendo muito bonito. Digo isso sem nenhum favor, pois só voto e só comento as coisas que gosto, você sabe disso. o amigo Danilo
danlima · BrasÃlia, DF 3/4/2008 18:25ana, oi eu aqyui de novo... adorei este teu texto. continuo insistindo, você devia publicar um livro com essas crônicas, são gostosas demais de se ler...você tem um dom raro... o da simplicidade na formulação das idéias, ao mesmo tempo uma facilidade nos dialogos, que é uma das coisas mais dificeis de se fazer em literatura,pois se vc exagera, fica artifical demais... palmas pra você mais uma vez, nesta doce lembrança da nossa meninice... seus versos e textos em prosa lembram-me sempre dos grandes poetas do romantismo brasileiro tipo " oh que saudades que tenho da aurora da minha vida" Parabéns ana, você está escrevendo muito bonito. Digo isso sem nenhum favor, pois só voto e só comento as coisas que gosto, você sabe disso. o amigo Danilo
danlima · BrasÃlia, DF 3/4/2008 18:43
Ai, ai Ana - E assim daqui a 100 o Brasil, vai comemorar
os 200 anos da Imigração Japonesa, (desgraçadamente);
os 220 do simulacro da bolição da escravatura, (desmoralisada)
e os 100 anos do inÃcio da publicação dos primeiros "diários resumo" da mulher brasileira.
beijão,
andre.
Ah, que terna lembrança!
Me senti criança outra vez atrvés do teu ecrito. A querer me apressar nos afazeres domésticos só par ir brincar de finco (eu nem sei o que é).
A linda infância que tivemos...
Amei!
bjs com sabor da infância querida que nos fez tão bem.
Puxa, ANA, literalmente, que "delÃcia" de texto!!!!
Realmente vc tem o dom e o talento a seu favor. Maravilha!
Bjs e obrigada pela visita.
Ana!
Como é bom ler teus textos.
São tão leves, nos transportam...
beijos!
É Ana,
voltei pra relembrar minha mãe. Uma das pessoas que mais fez doce na vida. De tudo fazia doce. Taxos enormes; panelas de ferro enormes - a ferver, borbulhando....
um abraço andre
Ana, como sempre esbanjando talento e criatividade. Beijos
Falcão S.R · Rio de Janeiro, RJ 5/4/2008 04:07
http://www.overmundo.com.br/banco/a-mulher-especial
estou em edição.
Visite
belo texto . votado..
adorei, parabéns... belo texto. abraços
Flávio Cardoso Reis · Luziânia, GO 5/4/2008 12:11
Muitas lembranças de infância trás seu texto
VotadÃssimo
Queridos overamigos,
Mais uma vez, agradecida pelos comentários e pelos votos.
Segue a receita do rocambole:
--- 06 ovos batidos, primeiro as claras (batem as claras em neve) depois acrescentem as gemas.
--- 06 colheres cheias de acuçar refinada.
--- 06 colheres cheias de farinha de trigo.
--- 01 colher cheia de fermento em pó.
Obs. tem que ser colher de sopa.
Bata bem todos os ingredientes, vire em um tabuleiro untado com manteiga e assar em forno quente.
Doce de leite: Comprar no mercado doce de leite caseiro.
Depois de assado desenformar, passar o doce no pão-de-ló e para enrolar, pegue um plástico, unte-o com manteiga e vai enrolando devagar para não quebrar o rocambole.
Dá para 10 pessoas.
Beijos com afeto.
Ana, beleza, agora mesmo vou reler porque gostei muito, votado e vai pro banco, bjs
victorvapf · Belo Horizonte, MG 5/4/2008 20:59
http://www.overmundo.com.br/banco/tenho-saudades-de-voce
Oie!! Bigada pelo seu voto. Amei seu texto.
Beijos poeticos.
Talento está aà e nada mais ...Parabéns!
bj
Querida Ana:
Que delÃcia... Tem mais? rsrsrs
Beijos_Meus*
*
Apesar de menino, também passei meus perrengues, estando às voltas com limpeza de casa e com um arroz feito artesanalmente em todas as tardes, mas o pensamento residia lá no campinho de pelada onde a bola rolava solta. Não posso dizer que meu arroz era um sucesso como o seu rocambole, mas pelo menos conseguia aprontá-lo sem que queimasse.
Texto gostoso, este seu.
Beijo de Letras.
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