Já é tarde… a noite começa a se tornar madruga. O silencio paira dentro do carro, só é interrompido pela buzina da moto que velozmente passa do lado. Os segundos parados no semafaro parecem durar a eternidadee…
Foi mais um jantar com os amigos, na casa de mais um deles. Algumas taças sim, mas nada que justificasse a celere frase por ele dito: “Deu um sono… amanha terei um dia pesado, daqueles…” Traduzindo, hoje não vai rolar, assim como ontem, assim como semana passada, como antes… Ela balança a cabeça confirmando tal situaçao…
O caminho até o apartamento é feito de forma muito rápida e sem obstáculos, Comprimentam o porteiro, ele aperta o botão do elevador - ele sempre apertou, ele que comanda, ela repara, sempre reparou nisso- passam pelo sindico e chegam enfim ao lar doce lar.
A rotina de sempre, ele tem tempo de tomar um banho, checar a raçao dos peixes e dos pássaros e também os afazeres da empregada, logo liga a TV e se deita na cama. Ela ainda tem tempo para um banho mais demorado, ainda consegue lambusar seu corpo com cremes, tirar as cutículas indesejáveis e também secar o cabelo. No caminho até o quarto vai desligando as luzes e reconlhendo as roupas sujas por ele espalhadas. Ele já esta deitado. Ela como sempre desliga a TV no próprio botão do aparelhoo e se deita…
Um de costas para o outro. Dormem? Não! Ainda encontramm tempo para dizer um “boa noite” - ao fundo o som de um caminhão… amanha é dia de feira, a criança do vizinho chora - Ela ainda fica um bom tempo de olhos abertos. Inconscientemente se pergunta: O que acontece?
Acontece que… as coisas acontecem, estranhamente acontecem. A verdade é que ela precisa de colo, que ela precisa sentir como antes aquele medo que ele atrase para um encontro. Ela não mais o provoca dentro do elevador, esfregando-se, apalpando-o, ignorando sem qualquer medo as câmeras. Acontecem que Eles não se beijam mais quando entram no apartamento, há tempos ela não faz aquele macarrão que ele tanto gosta e ele nunca mais mandou flores pra ela no escritorio. Ela parou de se incinuar querendo sexo quando ele está checando seus e-mails, banho juntos agora tornou-se algo eventual…
Acontece que ela não mais esta preocupada com suas estrias e celulite, se ele irá reparar e há tempos não compra uma lingerie nova para impressioná-lo ou coisa menor, não mais anda só de toalha pela casa ou ao entrar no quarto, não mais se oferece enrolada aos lençois quando ele chega mais tarde do serviço… Roçar o nariz na perna dele, lambe-lo do umbigo a orelha, morder seu pescoco e deitar-se como um cobertor sobre ele está se cada vez mais raro… Em outras épocas, não desligaria a TV, nem as luzes muito menos a noite (…) Ele por sua vez, não ousaria dar-lhe boa noite, mas sim “seja bem-vinda”, e depois de tudo sim, dormiriam profundamente, sem imaginar que horas acordar, se seria preciso acordar. Nem o choro de qualquer criança ou qualquer barulho de caminháo seria notado…
Acontece que ele não comenta mais a cor da calcinha, esmalte ou batom, sequer seu perfume novo, muito menos o novo tom avermelhado de seus cabelos (…) Agora elogios são como eclipses. Acontece que ele não mais a desafia para “mais uma”. Não a provoca, ou a confunde com suas palavras e seu ar inteligente e descolado. Agora ele tem medo de ligar para ela de marinade, sem saber o que dizer, dizer que está com saudades. Não mais acorda em cima dela, como um cobertor e não mais com um olhar apaixonante ainda na cama lhe diz bom dia amor… Acontece que agora ele acorda antes mesmo do despertar do radio-relogio e sai antes mesmo dela ainda se espreguicar, nem ao menos um post-it na geladeira lembrando sobre comprar mais leite e frutas. Certamente agora irá mandar um torpedo ou até mesmo um e-mail, poucas palavras e no final de tudo apenas “um beijo” Acontece que agora ele tem uma nova viagem, e não mais ligará pra dizer se o voo teve turbulencia, se o hotel é legal, se está nevando ou se está fazendo 42graus…
Acontece que agora eles não mais repartem um cigarro, pipoca ou chiclete. Não dormem de conchinha escutando a chuva batendo na janela. Não mais se perdem por uma estrada de chão sem saber pra onde e ir e no final de tudo acabarem transando dentro do carro. Não mais se espiam pela fechadura do banheiro, recados no espelho embaçado ou até mesmo aqueles sustos para acabar com o soluços são vistos. Ela não conta mais as pintinhas do corpo dele e ele não mais repara nas joanetes do pé esquerdo dela. Há tempos nenhuma viagem ou saem para jantar sozinhos, o que dizer de um cinema, de uns amassssos na última fileira, de ela colocar a mão dentro da calça jeans dele e ele invadir seu decote…
Acontece que ela sente falta de ser notada e elogiada dentro de casa, agora xavecos fáceis nos corredores do supermecados a faz sentir melhor. Ele não mais envia e-mails de corrente ou contando dos seus sonhos, o assunto basicamente é profissional.
O que será que acontece com ela? Agora parou com a academia e a natação, não mais tinge o cabelo, troca a cor do esmalte e batom, não passa mais tardes no shopping gastando com sand alias, lingeries e cosméticos seu cheque especial. Nao recebe mais buzinadas no transito. Ela tenta escrever pra ele que seu coracao nao merece tamanha solidao, ela sente vontade de contar seus novos segredos…
O que acontece com ele? Que aos domingos pela manha acorda atrasado para o futebol com os amigos, que nao mais desfaz o nó da gravata pra ir no happy hour com os amigos, nao mais chega atrasado e como desculpa lhe entrega uma rosa ou um bombom, nao pergunta mais se foi bom pra ela ou comenta sobre seus problemas familiares. O que acontece com ele que nunca mais cantou a musica que tocava no barzinho na praia, no momento do primeiro beijo:
“ Vem sem medo aos meus bracos, meu amor!
Que a tristeza nao vai mais te espreitar pelos cantos
e apertar assim o peito. Fica assim aqui perto,
que teu cheiro me faz seguro, teu calor me protege
e o teu corpo me cura o vazio (…)”
Fato é que estranhamente o incendio se acomodou, a tempestade se tornou leve brisa. O diferente virou eventual, rotina, habitual etc. A surpresa já predita, está estampada na cara, o previsivel é farto e o pressuposto, preposto.
Não se questionam mais, deixam acontecer. Se toleram, isso basta. É ciclico, uma fase eles dizem. Talvez um dia melhore ou acabe. Viva outra fase, deixe de lado o orgulho e o egoísmo, chute o balde, não acorde amanha arrependido, a esmo. Se apronta pra recomçar! Pecado é nao viver a vida!
Eis meu primeiro texto escrito aqui em Dubai. Espero que curtam... mais um sobre relacionamentos!
pode caminhar esse texto prum livro..........rs
ta interessante........mas mto lonnnnnngo pra ler em tela. creia.
bjs3
Mas que texto excelente amigo
Nossa é isso mesmo. A rotina e o conformismo é a pior inimiga do amor.
bjs
tudo auto-biografico! as vezes isso se torna um capitulo do ultimo texto postado... eu voce!
EL MARIACHI · Santo André, SP 23/8/2010 00:15Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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