Esta é uma proposta aos meus amigos do Overmundo. Fazermos pequenas resenhas sobre alguns personagens inesquecÃveis - mas que habitam o segundo plano nas obras onde vivem...
Quase sempre esquecidos, são possuidores, no entanto, de uma riqueza de construção e de uma movimentação sutil - muitas vezes comovente. Estão obscurecidos pela sombra dos protagonistas ou pela própria rapidez de sua passagem.
José LÃrio, o Liroca
O Tempo e o Vento, Érico VerÃssimo
Trilogia:
O Arquipélago
O Continente
O Retrato
Liroca é peão de estância, pau para toda obra, seja varando terras em busca de rês desgarrada, ou fazendo pequenos serviços para seu patrão, Licurgo Cambará. É um homem já maduro, Ãndio velho. E macho.
Já lutou em mais de uma revolução - no chapéu, a fita, com a bravata inscrita: "Pelear é o meu prazer".
Mas Liroca tem medo. Muito medo. E ninguém sabe disso. Ele mesmo não quer saber, não deseja aceitar a própria covardia. É como se fosse um corpo estranho, habitando a sua alma. Tudo em seu sistema reage, no sentido de expulsar o intruso infame, o medo.
E justamente por isso, é sempre o primeiro a se apresentar, quando a situação polÃtica está prestes a desaguar em entrevero de sangue. E não são poucas as ocasiões, naquele Sul do final do século XIX, em que transita José LÃrio, o Liroca. Mas a primeira batalha é sempre contra si mesmo.
“- Êta mundo velho sem porteira!†E vai Liroca tratar de arrancar da alma o medo, na base do relho.
Quis o destino que, na noite de São João de 1895, coubesse a José LÃrio o turno de tocaia, na torre da igreja, bem defronte ao Sobrado dos Cambarás, onde Liroca sempre fora agregado e serviçal.
Seu patrão havia se rebelado contra o Partido e entricheirara-se no velho Sobrado, fazendo dele uma pequena república imóvel, contra os Federalistas, aos quais José LÃrio, por mágoa, manteve-se fiel.
Licurgo, o chefe da famÃlia, sitiada havia já semanas, lutava contra a sede que devorava a todos em sua casa - estando o poço tão próximo à porta de entrada -, e o desespero de ver sua mulher em trabalho de parto. Mas render-se, jamais!
A sede e a necessidade de alguma água para lavar seu filho, que está prestes a nascer, acabam fazendo Licurgo Cambará ir tentar a sorte, munido de um balde, algumas dezenas de passos adiante da porta de entrada do Sobrado.
Liroca está atento, embora seja noite alta. Tem todo o tempo, já que Licurgo não se humilharia ao ponto de esgueirar-se ou correr.
Dentro do Sobrado sitiado está também Maria Valéria, irmã de Licurgo e matriarca solteirona da famÃlia. É o grande amor, sem esperanças, da vida do peão José LÃrio.
Ambos já estão a madurar, Maria Valéria e Liroca. Mas o amor persiste, sem ser correspondido ou sequer suspeitado por ela, - no coração dele. E o atirador, angustiado na torre do sino, trava mais uma luta consigo mesmo.
Ele acompanha o seu alvo fácil - e chega a fazer “pei!â€, baixinho, com a boca. Mas não dá no gatilho de seu Comblain...
Licurgo Cambará então colhe do poço um balde dágua e regressa, incólume e sem pressa, ao Sobrado.
De alguma forma, aquele peão, analfabeto, pensa e sente.
Muito mais que os caudilhos, que os poderosos, que os doutores formados em França...
Aqueles que mandam nele, José LÃrio, o Liroca.
Querido Baduch;
Bela idéia esta tua de exaltar inesquecÃveis coadjuvantes literários . Não me recordo, de imediato, de nenhum, mas prometo um esforço de memória. Tou nessa brincadeira!
Mudando só um pouquinho de assunto, estava pensando: a gente poderia criar, paralelamente ao livro, um espécie de museu virtual de imagens da escola aqui no Overmundo.O que vc acha?
beijos e abraços
do joca Oeiras, o anjo andarilho
Acho uma excelente idéia. Irá ficar muito bonito, com fotos antigas, de nossas infâncias! Um museu virtual, que coisa mais sensacional! Tô dentro!
Rapaz, o que há de personagens secundários maravilhosos... (eu digo secundários porque muitas vezes as suas passagens são rapidÃssimas, embora inesquecÃveis, pelo romance!)
O próximo, sobre o qual deverei escrever, é o revisor exigente, fanático, do periódico "O Globo", da obra de Lima Barreto "Recordações do Escrivão IsaÃas Caminha"...
Tão exigente, tão preciosista, que um dia resolveu não mais falar, não mais proferir uma palavra sequer, com medo de cometer algum erro de português! kkkkkkkk
E assim, foi, até o fim da vida! Riscando, alterando o que os repórteres escreviam, sempre gesticulando... e sem dar um pio sequer... ahahahahah Esta foi a crÃtica genial do Lima à queles que o acusavam de escrever de forma "baixa", "coloquial demais" (e Lima cometeu mesmo vários solecismos), donde se conclui que, a gramática, qualquer um bosta pode saber... Ser Lima Barreto, com erros de português e tudo... é que é f...
Abraço e beijo do irmão,
Baduh
Baduh,
Esse é para mim o mais original viés de crÃtica literária de que me aproximo desde que li a primeira crÃtica sobre literatura há já uns poucos anos.
É como se fosse ressaltar, mutatis mutandis, sem rebaixar o teu propósito, o Ãndio na cena de Moreira da Silva que que diz apenas e tão somente ao kid morangueira:
- Cuidado, Moreira!
Salvando a vida do mocinho, que, com vida, fará o estrépito todo da continuação como protagonista, acabando por casar com a viúva do homem que não morreu.
Belo propósito o teu. E Liroca é mais homem sem medo do que homem com medo, tenho por certo, porque medo todos têm ou terão algum.
Como dizes: tô dentro!
Avante, mãos à abóbora!
Muito obrigado por ter respondido, Mestre!
Eu só espero, de dedos cruzados, que a "originalidade" de minha crÃtica não traga para ti conotações de aberração, homem experiente nas letras que és e viajante com maior quantidade de bagagem que aquilo que trago em meu pobre embornal.
Porque - está aà escancarado - sou um intuitivo abusado, um imprudente (mas um leitor sincero, ativo), e já nem mesmo escrevia mais, há vários anos... Retomo meu lápis agora, como consolação e bálsamo à exaustão da vida e à progressiva perda do vigor da juventude... Não chega a ser uma troca de todo má.
Mas, sinceramente, tenho receio de que a "originalidade" a que você se referiu seja uma espécie de advertência amiga: "ei, guri, tu não estás passando do ponto...?"
A migração do jornalismo para uma outra profissão, trouxe consigo o que eu costumo chamar de "solidão intelectual". Já não me sinto tão só. Tenho o Over. Mas, sinceramente, a sentença "Esse é para mim o mais original viés de crÃtica literária de que me aproximo desde que li a primeira crÃtica sobre literatura há já uns poucos anos..." poderia bem ser uma forma branda, amistosa, de me puxar as orelhas... Perdoe... mas não consigo interpretar direito se é bem isto. E, se for, saberei receber com humildade o teu aviso. Só peço-te, por favor, que me esclareças, com sinceridade.
Abraço respeitoso do admirador e leitor,
Baduh
Querido Baduh:
Ao tentar me lembrar de algum, que na realidade nem sei se se enquadra exatamente na sua proposta, lembrei-me do personagem barreteano que mais encantava a minha mãe, o tocador de violão "Ricardo Coração dos Outros", do "triste fim de Policarpo Quaresma". Para minha avó, que morreu, em 1974, aos noventa e quatro anos, tocador de violão era sinônimo de "gentinha", preconceito que devia ser muito arraigado no princÃpio do século, época em que o Lima escreveu o "triste fim".
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Caro Baduh,
futricando pelos perfis alheios saà sobre essa convocatória de sua lavra que confirma em mim o espÃrito de homem de letras que lhe habita, mas me decepciona por não ter merecido de sua parte a lembrança do comunicado.
Mas sei que é um lapso pelas vicissitudes da vida que lhe branqueiam os cabelos no crânio. Crânio que sei há, cabelos nem tanto.....rsrsrsr
É apenas uma anedota, caro!
Vou entrar nessa também e pretendo pesquisa sobre personagem que mereça a distinção à altura de sua idéia, com certeza. Com destacou o Adroaldo, genuÃna por sinal!
Um grande abraço.
Baduh, já tinha vindo aqui de madrugada, mas os vinhos a mais que tomei me impediram de deixar um recado à altura de sua proposta.
E se meio zonza, já tinha adorado encontrar Liroca que, como a madeleine de Proust, me permitiu voltar ao tempo maravilhoso de juventude em que li essa trilogia, agora, de posse de mim mesma, e boquiaberta com as alusões aos personagens secundários de Lima Barreto, só me resta louvar sua iniciativa e prometer que volto aqui com alguma colaboração.
Adorei.
Beijo
Esqueci de dizer que tinha adorado a foto tão charmosa de Érico VerÃssimo. Essa também é linda, mas a outra dizia mais.
Ize · Rio de Janeiro, RJ 22/9/2007 14:48
Oeiras, querido, "O Triste Fim..." é um prato cheÃssimo! Além do Ricardo, tem aquela pobre moça, levada à loucura pela "obrigação de casar"... A própria irmã de Policarpo também é uma figura!
JJ, nobre Sertanista e Escritor, foram tantos os bilhetinhos ontem, sobre o Sertão, que sentÃ-me vexado em te mandar mais um... Desculpe lá! Os cabelos que ainda possuo, só me fazem atrapalhar, quando caem na testa... kkkkkkk
Ize, muitÃssimo obrigado por responder! Os teus conselhos eu já venho furtando, em perfis alheios... E volto com a foto do Érico, porque, afinal, na bela tapeçaria-campanário, não se via mesmo o cano do rifle de Liroca - apontado para o peito de Licurgo...
Quem não tem um desses queridos personagens secundários para nos mostrar...?
Um abraço afetuoso em cada um de vocês,
Baduh
Baduh! Brilhante! Vai fazer história! Você não imagina de quem eu me lembrei! Da cachorra Baleia de Vidas Secas... Uma personagem "não humana", mas absolutamente encantadora... Ontem lendo um comentário de Ize, sobre um texto de Jóca, sugerà que aqueles que não tivessem histórias para contar, ao menos mandassem fotos antigas! Que bom que vocês gostaram da idéia! Vou providenciar as minhas! Abçs!!!
Nydia Bonetti · Piracaia, SP 22/9/2007 16:57
Tá bem, tá bem.
Mas recorde que falei do Ãndio que salvou a vida do morangueira com apenas um grito.
Quem salva vidas é muito mais querido que bombeiro, amigo.
Então, fica assim:
"Esse é para mim o mais audaz, criativo e original viés de crÃtica literária de que me aproximo desde que li a primeira crÃtica sobre literatura há já uns poucos anos..."
É uma vertente estupenda.
Não lestes, mas pergunte a Ize: os personagens de minha novela e mesmo da Hospedaria do Dibao, que estou publicando aqui, são, deliberandamente todos secundários (gente comum), sem querer me beneficiar e puxar a sardinha pra minha brasa.
Sendo objetiva e jornalisticamente direto: adorei mermão!
Queridos Amigos:
Tem uns que eu acho que não deviam valer, pela obviedade inclusive:
1 o Dr. Watson
2 Sancho Pança
3 o Ãndio Tonto
4 Nenhum dos três mosqueteiros Athos, Portos e Aramis são os que eu me lembrei no momento. Mas deve haver muitos mais. Ah! O menino prodÃgio Robim. e, indo na linha de pensamento da Nydia, o capeta, o cachorro do Fantasma.
Nydia, querida, Baleia é ótima pedida. O que ela pensava quano o Pai dizia: "Anda, diabo!", para o Menino e para todos...?
Muito Obrigado, Adoaldo.
Ainda vêm parar aqui, gente criada por ti! Estou aguardando a conclusão de "A Hospedaria do Diabo" para imprimir tudo e ler com calma. O morangueira, além de ter aquele Ãndio de vigia, foi bondoso ao ponto de receitar penicilina, auricedina e estriquinina (após balear um valentão). Bons remédios... kkkkkk
Oeiras, fosse assim, eu colocaria logo o Soldado Karateyev, de Guerra & Paz (personagem terciário, que marcou-me profundamente). Mas eu acho melhor a gente ser brasileiro aqui... Porque, se a Literatura é universal, ela tem o universo todo... e precisamos cuidar da economia doméstica aqui: a Literatura Brasileira!
E, para Ize, de novo, porque eu não posso deixar passar esta:
Ainda temos a grande vantagem de o Liroca, ao contrário das madeleines, não engordar... Porque, salvo engano, Proust sai "Em Busca do Tempo Perdido" não por sentir o aroma... mas por haver saboreado umas não sei quantas... Haja calorias... kkkkk
Muito obrigado, queridos amigos. Quem puder mandar suas contribuições... seria tão bom ter esta estante no Over!
Abraço fraterno a todos vocês!
Baduh
Acho a idéia ótima, dá pano pra manga, ou melhor, página pra livro!Como ando mergulhado, de escafandro e tudo mais, na Lusa, posso citar o Craft, d'Os Maias. Glória, d'A Hora da Estrela é uma figura interessante. Sobre sua justificativa da escolha de José LÃrio, um trecho interessante:
"(...)para dado leitor, numa dada época, Pantagruel ou Horácio serão os heróis; para outro leitor, numa outra época, serão heróis Panúrgio ou Curiácio." Phillipe Hamon, Pour un satut sémiologique du personage.
Obrigado, Marcato.
Como tenho a felicidade de ser teu amigo pessoal, sei o quanto estás ocupado numa maratona de estudos profundos, que te tomarão de nós, teus amigos, como o tÃnhamos, por alguns anos... Mas valerá a pena, no final.
De qualquer maneira, se achares uma pequena brecha de tempo, põe aqui também a tua contribuição!
Abraços,
Baduh
Querido Marcato:
ou muito me engano ou você deve ter querido dizer "Pour un statut sémiologique du personage." e não "Pour un satut sémiologique du personage."
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
"
Isso, Joca, é verdade. Digitei errado. Obrigado pela dica. Abraços.
Marcato Pereira · Rio de Janeiro, RJ 23/9/2007 00:35
Baduh!
Grande sacada!
E me veio a vontade de falar algo também relacionado aos personagens dos filmes que gostamos:
Coadjuvantes iguais a Michael Corleone (Al Pacino), Parte I, II, III e Vincent (Andy Garcia), Parte III, ambos de O Poderoso Chefão, filme do extraordinário Copolla, se enquadra (acho eu) prefeitamente nesta sua trama. Nem precisa descrevê-los já que todos assistiram estas obras primas.
Gostei da idéia!
Abçs. Benny.
Adorei a proposta, Baduh! Espero ter tempo para contribuir, mas com certeza estarei apreciando a leitura de novas resenhas.
Excelente o teu texto!
Flores @>--
Obrigado, querido Benny, muito obrigado Adriana.
Benny:
Se não houver nenhuma espécie de trato de ordem cultural aqui no Overmundo (por exemplo, um trato pré-estabelecido de que aqui enfoquemos somente a cultura brasileira), então, seria mesmo ótimo poder falar sobre O Poderoso Chefão, que é obra prima! Tenho esta dúvida porque sou novato aqui!
Adriana:
Se, contudo, uma vez qualquer, te sobrar um tempinho - e te voltar à memória um desses secundários queridos, então não deixe de escrever também as tuas linhas, tá?
Abraços e beijos carinhosos,
Baduh
Baduh, meu amigo,
acho a idéia muito boa. Dos coadjuvantes que me lembro e acrescento ao rol já citado, destaco o jornalista Azevedo Gondim, personagem venal do romance São Bernardo (obra-prima do velho Graça), que alugava sua pena para defender os interesses do fazendeiro Paulo Honório, dono da Fazenda São Bernardo e protagonista da história.
Acho que a idéia pode render excelentes textos. Dentro das minhas limitações, conte comigo.
Um abraço.
Muito obrigado, Nivaldo.
Bem lembrado! São Bernardo é um dos livros maiores que já li e reli com espanto, em toda minha vida. A tua contribuição será preciosa, com toda certeza!
Aproveito a viagem para sugerir também o Floc, colunista social, comedor de acepipes de festas, escrevedor de banalidades, lambedor de botas, também do imortal Lima Barreto em "Recordações do Escrivão IsaÃas Caminha". Aliás, toda a redação do periódico "O Globo", de Ricardo Loberant, é um manancial...
Aqueles que procurarem em Machado de Assis, mormente em Dom Casmurro, acharão também alguns prêmios...
Obrigado e um abraço,
Baduh
Amigo Baduh.
Excelente visão, parceiro. Um grande passo para que possamos refrescar nossa memória e colaborar nesse audacioso e grande projeto. Conte comigo. A literatura agradece.
Abraços
Noélio
Baduh, forma linda de resgate, de reapresentação. De ficar até mesmo melhor conhecido fora do emaranhado do contexto todo,
está de parabens. E sabemos que tem muito, tanto de personagens
quanto de explicação sobre tantos e cada um, legal abraços, andre.
Eu me sinto um secundário feliz, nessa selva de letras com tantos animais ferozes...rs. Vou ficar aqui cumprindo o meu papel de leitor e olhe lá, mas se me assaltar uma vontade de escrever sobre algum desses que Baduh sugere, vocês das letras me tenham como um secundário e me perdoem o mal jeito.
Apresentado aqui ao Liroca, virei fã dele e de quem o descreve.
Grande Baduh, um abraço fraterno do Mansuh.
Noelio, Pessego e Mansur.
Três artistas de quem sou admirador forte. É uma honra receber os comentários generosos de vocês!
Muito obrigado,
Baduh
Rs, adorei Baduh, os secundários são as vezes até mais brilhantes...Vamos ver, quem sabe? Ando sem tempo, mas a idéia é
muito bacana. teu projeto é importante para massagear as lembranças e conhecer obras que não tivemos tempo ou à mão para ler.
Um beijo
Voto muitas vezes e Sucesso certo!
bjus
Muito obrigado, minha poeta Cintia. Vindo então de você é um comentário que desvanece...
Um beijo.
Baduh
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