Atos

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Depois de toda a ansiedade
Depois de todo o medo da verdade
Depois de toda a máscara
depois de agradar a todos
ainda resta a convivência pacífica

que nada redime

depois de toda a tempestade
do grito, do gemido , da maldade
Depois de toda a morte e o crime
depois de dar argumentos a cada time
Ainda sobra a caridade, a amizade, a delícia

de cada dia

Depois de enfrentar o fogo, o mar e os raios do altíssimo
de matar o coração, de rastejar feito um leão
ferido, de comer capim, de quebrar o coração
de mim, ainda resta o fetiche, o suspiro, ainda resta uma porção
de alpiste

E com esta porção podemos abrir a porta da gaiola
Podemos sair mundo afora
Podemos amar, caminhar , cantar e dançar
de mãos dadas
Na rua, na relva, na terra que sempre a-flora
resta o silêncio
O olhar
resta a penhora
Resta o susto
O medo
A cara que cora
resta o abraço
O cuidado
A preguiça
A mente que serena e chora
resta o amigo
O irmão
A glória glória e inglória
resta o tudo
o nada
resta o amanhã
o dia, a noite, a hora
resta o amor que há agora.

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Afonso Junior Ferreira de Lima.