Ausência

Escrevo, não porque você foi embora;
Nem pelos planos desperdiçados e despedaçados.
Não é pelo luto do amor bem vivido e mal enterrado.
Ou pelo nó desfeito , pela ruína do castelo, pelo tempo perdido.

Escrevo pela ausência.
Não ver e ainda sentir.
Sentir porque não se pode ter.

Pode ser que tenha sido costume.
Ou pior, acomodação.
Mas o que sinto mais é a ausência.
De ti ou da idéia tua , de mim ou da alegria minha.

Como se o vazio não se fosse mais preencher.
Como se a roseira não voltasse a florir.
No lugar de um bosque o deserto , nascido da ausência que nunca mais deixará de existir.