BANQUETE PARA UM EQUINO
Todos os cavalos do mundo resolveram fazer greve de fome, até os cavalos de Mardlam com suas mantas de lã vermelhas e listas azuis, (estes cavalos são considerados os mais fieis aos seus donos) aderiram ao movimento equino global. Seus representantes deixaram a ultima assembléia cabisbaixos sem dar explicação alguma e eram cercados pela imprensa, que afoita por explicações ou meia dúzia de palavras que esclarecessem as razões e os motivos que levaram todos os cavalos a aderir à greve geral. Alguém chegou a cogitar que o motivo da adesão seria a situação atual de Mardlam, em rápida recessão econômica. Neste paÃs os cavalos estariam se alimentando de pedras. Relembramos agora algumas palavras da conturbada entrevista do presidente da (F.I.U.C.O), Federação Internacional Dos Cavalos Organizados....Assim ficou estabelecido após varias regionais e na ultima plenária, que nós cavalos, como classe imprescindÃvel ao desenvolvimento e manutenção da classe humana e todos os bÃpedes, entrarÃamos em greve geral de fome, decorrendo deste ato, a desaceleração da produção de todo o sistema, (nesta hora ele foi ovacionado por todos os presentes), - do lado de fora do Conventional Center, uma pequena multidão de bÃpedes contrários a globalização da greve promovia o inicio de um quebra-quebra -, mesmo assim o presidente da F.I.U.C.O continuava calmamente...fazendo com que nossas reivindicações atinjam os objetivos, isto é, melhoria imediata da nossa alimentação, com três refeições diárias de feno tenro e verde, também reivindicamos o fim do uso da cela, devido ao aquecimento que a mesma proporciona na região lombar, estas ultimas palavras foram ditas com ele (o presidente) já se posicionando dentro da própria limusine, fechou a porta e o veiculo partiu acelerando forte.
Os jornalistas afoitos e no afã de chegarem à s suas redações o mais rápido possÃvel saÃram correndo, ficando no local uma pequena população de quadrúpedes armados, também ficaram os bÃpedes arruaceiros. Virei e observei o sólido bloco de concreto que fazia parte do enorme conjunto arquitetônico, o Conventional Center estava com todas as luzes acesas, lembrei da velha fabrica onde eu trabalhara a vida inteira e fora demitido ha algum tempo atrás. A arquitetura da antiga fabrica era diferente do bloco de concreto e linhas modernas e arrojadas que se estendia à minha frente, a velha fabrica era construÃda de tijolos de barro cozidos, com sua velha chaminé de mil e quinhentos metros de altura, lembrei ainda da ultima produção saÃda da sua linha, neste dia o gerente sênior de relações humanas (um cavalo alazão de nome Troteiro) reuniu os cerca de 6500 funcionários no pátio da fabrica e comunicou a todos que aquela seria a ultima fornada que sairia daquela fundição e que a partir daquele dia o prédio da fabrica seria transformado no que a diretoria do grupo denominava de projeto (A.U.S.T.E.J.D), Abrigo Underground de FamÃlias Sem Teto e Jovens Drogados, e assim sendo, os enormes fornos da fundição teriam uma utilidade maior. Neste momento um burburinho, um pequeno frison entre os bÃpedes presentes ao Conventional Center, todos correram em direção ao prédio, corri também, olhei através dos janelões de vidros blindados, dentro havia uma enorme mesa com quase quinhentos lugares, sentados a mesa representantes do mundo equino, (burros, cavalos, jumentos, zebras, etc), neste momento foi autorizado por um mestre de cerimônias o inicio do banquete e os equinos passaram a saborear mais uma refeição a base de carne humana...
Orlando Rocha.
Aquele era um banquete singular, lamentavelmente ele recordava dos tempos em que trabalhava na velha fabrica...
É, quem passa fome mesmo são os cavalos que puxam carroça, os jegues. Os cavalões de trote, de corrida, esses, realmente se banqueteiam depois dos discursos e de terem certeza que conseguiram levar a todos à greve.
Parabéns pela reflexão. Ivette G M
parabéns! pela clareza das ideias, equinos entendem porque não os humanos, né?
valdezz · Arraial do Cabo, RJ 11/1/2009 22:27
VILOR,
Brilhante texto,
convite imperdivel!
Gostei do cavalo alazão,
(Adoro os cavalos!)
Refeição a base de
Carne humana???
El banquete terrible!
Pareciendo que temÃas,
Pareciendo que rezabas...
Todo mal que hoy,nos rodea,
Aterrorizador!!!
ABRAZOS.
Pois é, meu caro Vilor !
E os cavalos estão aà !
E nós - os "bÃpedes" da massa - estamos virando a comida deles ...
Eu entendÃ, acho !
Parabéns !
Grande VilorManoBlue!!!!
Adorei seu texto com ironia na dose certa!!!
E nós viramos banquete dos cavalos, é vero...é vero... muito , muito realista!!!!
Narrativa rica em metáforas...que nos prende do inÃcio ao fim...tenatndo desvendar os sÃmbolos,muito bom trabalho, muito inteligente, Vilor!!!!
Parabéns!!
um beijinho bluecarinhoso
Blue
Grande VilorManoBlue!!!!
Adorei seu texto com ironia na dose certa!!!
E nós viramos banquete dos cavalos, é vero...é vero... muito , muito realista!!!!
Narrativa rica em metáforas...que nos prende do inÃcio ao fim...tentando desvendar os sÃmbolos... Muito bom trabalho, muito inteligente, Vilor!!!!
Parabéns!!
um beijinho bluecarinhoso
Blue
Na dose certa meu caro! Dá para render a hiostória e fazer uma verdadeira saga! Meus parabéns!
raphaelreys · Montes Claros, MG 12/1/2009 06:03
Vilorblue · Colombo (PR
BANQUETE PARA UM EQUINO
Um Trabalho IncrÃvel que me passou a lembranca das Indústrias de peles, que tiram as peles dos animais vivo e os deixa agonizantes até a morte sem as suas peles.
Também pensei nas Indústrias de alimentos de animais, com seus abatedouros e rotinas de vida indiferentes a vida e a dor animal.
Tantos textos impressionantes referentes aos sentimentos dos animais e que tanto nos comovem..
A vida é muito complexa no seu sentido e na sua passagem.
Náo podemos perder nosso sentimento de humanidade em relacáo aos humanos e a tudo.
A Natureza é vida e tem de ser amada, respeitada e preservada.
Bem que Jesus no momento da sua passagem, pediu a Deus pra nos perdoar porque náo sabemos o que fazemos.
Deus que nos ilumine e que a gente sempre faca o melhor possÃvel.
Parabéns pelo Trabalho.
Abracáo Amigo
Mesmo na equinolândia, a massa de manobra, o rebutalho social, é quem sua e paga as contas. RealÃssima fábula.
Marcos Pontes · Eunápolis, BA 12/1/2009 13:00
Ô Vitor este texto é muito rico! Denso, ironico, perspicaz e envolvente mesmo! Adorei!
Abraços Poéticos,
VILOR,
VOTOS & ABRAÇOS!
Relendo e saboreando...
pocotó pocotó pocotó, minha eguinha pocotó...
Essa é a lei!
Bom exercÃcio sua leitura proporciona.Quem somos? Onde estamos nessa engrenagem animal?
Aglacy · Aracaju, SE 13/1/2009 17:28Meu voto e mes abraços a exelência do texto!
raphaelreys · Montes Claros, MG 14/1/2009 05:39
Maquinismo animal estampa essa história com assinatura ardendo em lucidez numa costura que se arremata nos laços de um mesmo nó; a dÃvida de nada. do nada
Gostei muito.
Cintya, grato pelo comentário e voto..
Beijo..
Ivette GM, grato por sua visita, é isso mesmo, é preciso estar sempre antenado para não sermos incluÃdos na massa de manobra, grato pelo comentário..
Abç..
Valdezz, agradecido pela visita, isso mesmo, qualquer animal entende melhor certas coisas.
Abç...
Jacinta Morais, grato pelo comentário, digna poetisa e artista plástica. Um banquete terrÃvel e macabro, onde se servem carne humana, assim tem se repetido no decorrer da historia, sendo em forma de traições, (em troca de algumas moedas), sendo em forma da violência que é algo totalmente construÃda. Um grande abraço...
Vilorblue · Colombo, PR 14/1/2009 23:01
Ivan, grande alma pensante do Rio Grande, somos refeição a muito tempo, a muito tempo servimos nosso próprio sangue em bandejas. A troco do que?
Um grande abraço amigo.
Rai-mana-blue, muito grato por tua visita e comentário, realmente viramos carne de cavalos, duas perguntas cabem. Vale a pena entregarmos nossa vida para alimentarmos uma casta? Faz algum sentido servirmos de alimento para qualquer objetivo?
Um grande abraço grande poetisa.
Raphael, digno escritor das coisas D'alma, grato pela visita e coemntário.
Abç amigo..
Azuir prezado poeta , é assim mesmo, o que podemos esperar de uma sociedade que mascara os alimentos e faz com que as vacas comam carne de vaca disfarçada, frangos comam carne de frango intestÃnica e subliminar.
Onde a própria natureza deixou de ser de ordem natural e passou a ser modificada, transformada no que ela tem de mais sagrado.
Um grande abraço e grato pela visita.
Marcos Pontes, sempre preciso nos comentários, cabe a nós, um pouco mais conscientes, através das palavras sistematicamente aplicadas, mudarmos esta situação, as massas de manobra um dia se rebelarão contra tudo isto que ai esta, aÃ...
Grato pelo comentário e visita.
Grande abç..
Rosa Melo, também acredito que a cultura é o mais importante elemento emancipador, por isto a classe dominante patrocina, corrompe e degenera a cultura...
Grato pela sua visita e comentário...
Abç...
Aglacy, prezada poetisa, sempre me vejo vinculado a este tipo de pensamento, questionando e tentando ver o que vem, qual a saida...
Nossa saÃda desta maquina animal só será possÃvel desmontando este mesmo aparato de engrenagens a quem damos o nome de sistema.
Comentário preciso e importante.
Grato por seus comentários e grande abraço.
Luiza, prezada, neste maquinismo animal, resta as massas dizerem amém na sua eternidade, mais existe uma saÃda..
Um grande abraço e grato pela visita e comentário..
Abç...
Nhaque, nhaque, nhaque sonhando preciÃcios num pesadelo de quimeras
Bebel Fragoso · Prado, BA 15/1/2009 20:06
Grato pela visita e comentário poetisa Bebel. E que pesadelo, este vivido...
Abraço...
Apreciando mesmo limitado pelo Tempo e confirmando presença. Luz e Paz. Sempre. jbconrado.
ayruman · Cuiabá, MT 30/1/2009 10:51
uhu...
A contradição de fazer da contradição um modo de dizer.
Qual classe trai a si mesma?
Apenas nós em busca de um banquete um pouco melhor.
Grato pela visita e comentário Cochise, é isso mesmo, por um banquete melhor se trai, se conchava, se perde as origens e por ai vai.
Um abraço.
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