Carlota nunca gostara de seu nome. Desde pequena sempre lhe incomodara o som do próprio nome.
Talvez porque o afeto familiar a tratasse por grotesco diminutivo:
– Carlotinha venha cá, Carlotinha venha já!
Talvez a incomodasse mais as piadinhas infames que a comparassem a acessório decorativo da roda automotiva devido principalmente à sua forma um tanto quanto roliça:
– Calota! Bolota! – cansava de ouvir.
O fato é que já moça e mesmo estando bem bonita, Carlota se incomodava quando o sotaque do interior lhe arrastava o “Râ€, e lhe do ouvia no ouvido a própria desdita.
E ao franzir o cenho sem querer se recolhia de vergonha e timidez. E quando alguém lhe perguntava:
– Sai comigo?
Respondia:
– Quem sabe outro dia, outra vez...
E se escondia.
Assim foi que durante um tempo Carlota foi esquecida e sempre que perguntavam:
– Qual o seu nome?
Um sonoro “Carrrrlota†era o som que se ouvia.
Mas o tempo, este incansável cobrador de nossas vidas, cansou-lhe as tentativas e Carlota enfim se tornou Joana.
E feliz, de nova “personaâ€, não mais franzia o rosto ao ouvir o próprio nome, mas se enchia de alegria e era só sorriso quando ouvia lhe convidarem:
– Joana, sai comigo?
Até que um dia, foi no emprego, uma firma de advocacia, que conheceu aquele homem belo e triste, de expressão algo vazia.
E animada, quase eufórica, decidiu que agora era sua vez.
Da apatia recolhia soltos elogios, mas nenhuma avidez.
E assim foi que depois de muitas tentativas, colheu finalmente a explicação que lhe abriu as portas de uma nova vida.
O insosso pretendente tinha desde sempre uma trajetória maldita, que lhe angustiava sempre ao longo da jornada de sua vida.
Ouvir na voz dos outros o som amargo e maldito:
– Venha cá, venha logo, é pra você Carlito!
Ao ouvir o que foi dito, como se fosse uma lorota, revelando o que fora omitido, a vida de ambos seguiu nova rota.
Carlito aliviado descobria que Joana, seu amor, era Carlota.
Para quem considerou meu conto anterior (A Dor - http://www.overmundo.com.br/banco/a-dor-1) um pouco triste, esta é uma visão mais bem-humorada das vicissitudes humanas.
Esse ta muito bom ,mas tambem gostei do outro
Um beijo (:
bonito texto.votado.
O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 5/9/2008 15:11Excelente escrita. Votado.
Juscelino Mendes · Campinas, SP 5/9/2008 18:13
Oi Marcelo,
Levando-o para o banco
Gostei do conto!
bem bolado esse destino.
bjssssss
Legal cara... muito bem escrito. Meio poetado, meio prosado... legal.
Que bom que existe um Carlito que não precisa ser João.
Parabéns. Gostei.
OLà MARCELO,ENTÃO MORAMOS NA MESMA CIDADE?!LEGAL...EU VOLTEI A POUCO TEMPO DE LISBOA,ONDE MOREI POR 8 ANOS.ACHEI FANTÃSTICO TEU POEMA,ISSO SEMPRE ACONTECE NO COTIDIANO DE FORMA BEM CONTÃNUA!TRISTE SIM,MAS MTO LINDO!ESPERO TE ENCONTRAR POR Aà ''NA TELINHA ENCANTADA''DOS POETAS...BJ TUDO DE BOM!!!
JACINTA MORAIS · Cascavel, PR 27/9/2008 18:04bom, fluido, gostoso de ler.
Heraldo · Curitiba, PR 17/1/2009 11:10Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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