CCCP - 4 ANOS DE LUTAS

Leiteiro
1
"NATO" AZEVEDO · Ananindeua, PA
3/6/2009 · 3 · 6
 

CCCP - 4 ANOS DE LUTAS E REALIZAÇÕES

"O Centro Cultural foi só bandalheira,
safadeza e picaretagem !".
IMAR N. DE LIMA, (#1) em fins de 1991,
em batizado (gravado em video/VHS)
do prof. "Beto", de Marituba.

"Minhas cordas foram conquistadas com suor
e sacrifício. Jamais aceitaria uma graduação
dada de qualquer maneira!".
FERNADO RABELO - (Belém, 3/1990)

"Aqui é assim: joga-se no lixo a tradição,
a história, a luta, o ideal e a vergonha"!
prof. MEIREVALDO PAIVA (sobre greve
na UFPA) - in O Liberal, Belém, 22/05/94.

Eis, na era da informática,
a conclusão que se tira:
é que a Verdade, na prática,
anda ao lado da mentira.
"NATO" AZEVEDO

A história da Capoeira em Belém (e no Pará) tem um marco divisório bem distinto: antes e depois do CCCP - Centro Cultural de Capoeira do Pará que, a partir do trabalho dos irmãos Renato P. Azevedo (prof. "Carioca"/"Leiteiro") e "Nato" Azevedo, divulgou não só nesse Estado como em diversos locais do Brasil e até em outros países imagens e textos que dignificam esse folclore de 300 anos e boa parte dos que o praticam nestas plagas, valorizando também fotógrafos paraenses que se propuzeram a nos apoiar em nossos objetivos e ideais.

E, é imprescindível ressaltar, o fizeram em geral gratuitamente, doando-nos por vezes os negativos que constituem ainda o imenso acervo do hoje extinto CCCP, composto de mais de 500 fotos de todos os tamanhos e lugares.
Muito tempo antes de alguém sonhar com a criação do CCCP (em junho/1988) os irmãos Azevedo já procuravam a imprensa para divulgar capoeiristas e grupos da Cidade Nova (#2), onde conheceram CARLOS RAUDA, o fotógrafo n° 1 da Capoeira no Pará e através do qual se concretizou reportagem de página inteira no jornal Diário do Pará (de 17/06/1987), fato que se supõe inédito neste Estado.

O CCCP especializou-se em realizar tarefas antes consideradas impossíveis, em derrubar preconceitos, abrir espaços nos colégios e EPs (#3), nos museus, jornais e até em TVs, normalmente distantes dessa luta-dança. Dando destaque ao seu caráter de arte, de folclore, lazer sadio com música e canto, o CCCP emplacou em escassos 4 ANOS nada menos que 25 grandes reportagens nos jornais belemitas, sendo 5 de página inteira, além de 26 notícias simples, 28 notas de serviço, citação em 5 folhetos de eventos oficiais, 6 longos textos escritos por C. P. Azevedo em jornais da capital e, com o eterno patrocínio da FOTO GALERIA, 113 "photocards", postais exclusivos com votos de Boas Festas, a partir de bela foto de maculelê, em dezembro de 1990 ou agradecendo aos jornalistas o apoio recebido por nossa terceira exposição no CENTUR, em 7/1991, "A Cpoeira em todas as artes".

À exceção da Bahia, o CCCP bateu todos os recordes de divulgação desse "esporte" no Brasil e já nos seus primeiros dias era agraciado com entrevista de quase meia hora na TV Cultura, no recém-criado programa "Sem Censura-Pará", hoje famoso, isto em 28/08/1988. Exposições, palestras, vários meses de apresentações (rodas abertas) na praças, duas semanas inteiras de videos de Capoeira no CENTUR, onze reportagens nas TVs locais, shows em teatros da capital, registros em video de batizados e rodas de Capoeira, retransmissão para todo o território paraense de música de disco de Capoeira por enorme cadeia de radioemissoras, dentro do programa político do PMDB, em 25/09/1990... dão ao CCCP o título inconteste de divulgador sem igual dessa incompreendida cultura afro-brasileira.
Por falar em título, o CCCP foi um dos raros grupos fora de São Paulo privilegiado com o cadastramento na famosa FPC - Federação Paulista de Capoeira, com direito a ofícios e a informes oficiais da entidade.

A coroação desse trabalho veio em abril de 1991 com a doação de um disco de Capoeira (do mestre Suassuna) para o radialista Amauri Silveira, da Rádio Clube do Pará, cujo programa matinal esteve durante um mês unido via satélite com a Rádio Osaka, no Japão. Durante dois dias o povo japonês foi brindado com o som de berimbaus e percussão variada, num canto exótico e tropical.

Contudo, divulgação da Capoeira com letra maiúscula (e dos ideais do CCCP) foi a que realizamos através de 380 ofícios enviados a todo canto nesse breve período, sem contar outras 80 e tantas cartas pessoais, com opiniões e metas particulares, que seguiram principalmente para mestra "Cigana" (em Angra dos Reis/RJ), mestre Valdenor dos Santos (FPC/SP), para Aracaju e Rio de Janeiro.
Todo esse acervo foi doado à pessoa do então vice-presidente da recém-criada FEPAC - Fed. Paraense de Capoeira, em meados de 1996 ou 97, meu amigo Fernando Rabelo -- para dar-lhes o destino que quizesse -- além de perto de 400 cartas recebidas de mestres do Brasil inteiro. (#4)

Nestas mensagens oficiais estão mil e um projetos do CCCP que, para serem concretizados, dependiam de órgãos como a SECULT-PA (20 cartas), PMA-Pref. de Ananindeua (18), LBA-Legião Brasil. de Assitência (10), COHAB-PA (6), SEDUC-PA (4) e SEMEC-Belém (4) e apelos foram feitos até mesmo a Governadores -- em 6 ofícios ao Palácio Lauro Sodré -- ou, como derradeiro recurso, para Brasília, onde 18 cartas foram praticamente ignoradas.
Também o exterior conheceu as propostas do CCCP em 11 cartas e de lá recebemos pronta resposta, vinda da Europa, Califórnia/USA e Canadá e supomos que o grande líder sul-africano Nelson Mandela tenha recebido mensagem nossa. A dúvida é justificável pois tivemos nos Correios (a famosa ECT) o nosso maior inimigo (#5), que "extraviou" inúmeras cartas e sumiu comprovadamente com o conteúdo de um envelope nos enviado pela Biblioteca Nacional (RJ), encontrado vazio em nossa Caixa Postal, em fins de 1988.
Aliás, quando da venda de nosso acêrvo em 2006, dentro de um projeto da Petrobrás/RJ para a Capoeira, nossa proposta em carta registrada com AR ficou por 29 dias na Caixa Postal da empresa, sem que esta fosse AVISADA, o que normalmente ocorre. Outra carta, para a CVRD, cuja sede fica a 500 metros da APT Central carioca desde os anos 70, FOI-ME DEVOLVIDA devido ao endereço "INSUFICIENTE", apenas porque trazia somente o nome da Avenida.

Idéias como... a) meia-passagem ou vale-transporte mensal para capoeiristas em troca de shows nos colégios da rede oficial de ensino, b) local próprio para a sede do CCCP (of. de 02/12/88) e c) criação do pioneiro Museu da Capoeira do Brasil, d) difusão da Capoeira nas escolas do interior do Pará, através da SEDUC (of. de 23/01/89), e) shows no navios de turismo que aportavam em Belém e f) compra de terreno para a futura sede do CCCP (of. de 10/02/89).
Além disso, g) livro resgatando a história da Capoeira na capital, proposta entregue ao dr. Franklin Tavares, da SEMEC, em 21/02/69, e h) sugestão de cursos com mestres de fora do Estado (#6), para graduação e aperfeiçoamento do pessoal de Belém & adjacências (of. de 28/05/90), bem como i) a realização de video de Capoeira de qualidade profissional, com enredo atraente e paisagens turísticas do Pará, com uma empresa canadense disposta a coercializá-lo no Mundo inteiro.
Tendo vindo da redação de um jornal carioca, projetei divulgar os capoeiristas locais j) através da impressão de cartões postais, folhetos, brindes, toalhas, cadernos, cartões telefônicos, etc, com fotos daqui e até l) a gravação do primeiro disco de Capoeira do Pará... tudo isso e MUITO MAIS constava do conteúdo de inúmeras cartas, hoje mofando nos arquivos de diversos órgãos oficiais paraenses.

Todo esse colossal esforço de divulgação foi sustentado apenas com a renda do nosso trabalho pessoal enquanto jornaleiros, sem um centavo de lado nenhum (#7) e pode ser traduzido em mais de 1.600 viagens de ônibus, cerca de 800 cópias xerox, perto de 400 fichas telefônicas com ligações para a Bahia, Aracaju e Rio, revelação de mais de 300 fotos, compra de cento e tantos jornais locais e despesa com os Correios para mais de 200 cartas, fora a compra de 10 filmes fotográficos, 8 fitas cassette e 3 fistas de vodeo/VHS, cujo custo total ultrapassa os 2 MILHÕES DE CRUZEIROS da época, uns 1.500 reais atualmente.
Essa é a nossa história... quem puder, que conte outra !
"NATO" AZEVEDO & RENATO P. AZEVEDO *************************************************

AS HISTÓRIAS QUE NINGUÉM CONHECE...

#1) O CCCP - Centro Cutural de Capoeira do Pará foi fundado num sábado, em 18/06/1988, dentro do SESC-Doca -- na falta de um local próprio para sua sede -- e o aluno formado Imar acabou vice-presidente apenas por representar o grupo de Capoeira do SESC-Belém (dentro do CCCP), junto com seu professor "Abíu", que recusara o referido cargo.
Curiosamente, Imar só participou de meia reunião -- que abandonou com mais uns 20 outros para apreciar uma briga, na avenida em frente -- e acabou destituido do cargo e afastado do CCCP por ter comparecido, meses depois, no "batizado" de um espertalhão que deu inúmeros prejuízos à Capoeira e aos comerciantes do bairro onde morávamos.
Jamais soubemos a razão que motivou sua declaração -- em pleno batizado do prof. Beto, em Marituba -- denegrindo o Centro, a não ser que tenha lido reportagem de página inteira na qual eu declarava que o CCCP recebera do ministro Jáder Barbalho (MPAS) UM MILHÃO de cruzeiros da época (entre 30 e 35 salários mínimos, hoje), para realizar projetos com a Capoeira nas áreas cultural, social e esportiva.
Foi pura "gozação" de minha parte, espécie de "trôco" por o CCCP ter ficado fora do "festival" de verbas públicas para 32 projetos em nosso bairro-cidade (em 1990), sendo 4 apoios financeiros para apenas um centro dito comunitário.

#2) FERNANDO RABELO é figura exponencial para a Capoeira de Belém, retomando parte dos ideais e objetivos/projetos que sustentaram a curta existência do CCCP. Com a criação, a partir dos esforços dele, da Federação paraense (FEPAC) começa uma fase de regulamentação burocrática de diversos grupos e um contato mais amplo com lideranças em outros Estados.
Contudo, houve um intervalo -- entre o fim extraoficial (em 7/1992) do CCCP e a fundação da FEPAC em (fevereiro?) 1994 -- ocupado pela recém-criada APC, associação dedicada quase tão-somente a campeonatos e torneios de "mestres" e contramestres, sob a direção (?!) de M. Imbiriba e Robertinho "Chaguinha". Unidos ao Imar, abriram um processo no Ministério Público contra mim em meados de 1993 por difamação e danos morais, porque eu distribuíra nota à Imprensa de Belém declarando que os títulos de MESTRE exigiam o respaldo de diploma oficial por uma Federação, documento que ninguém tinha, o que tornava os títulos ilegítimos, conforme o regulamento da Confederação-CBC, recém-fundada em 1992. (Espertamente, I.N.L. criaria em seguida sua própria graduação, autointitulando-se mestre nela.)
A única "lembrança" que guardo de "Chaguinha" foi de um batizado seu grupo "Garotos da Senzala" em fins de 1992 no colégio Lauro Sodré, no qual "atuou" o tempo todo sentado numa cadeira da platéia, conversando e rindo com amigos, sem ter participado da roda uma só vez
Imar iria além, fazendo uma queixa-crime na delegacia do centro de Belém, no bairro do Comércio, pelo mesmo motivo, cujo escrivão Chaves me fez ir lá por 6 vezes, até que um delegado acabou por arquivar o BO, por êrro de origem. O tal escrivão seria suspenso, anos depois, por extorquir 3 mil reais de um comerciante, na mesma Delegacia.
Aliás, por falar em delegacia (e Capoeira) fomos denunciados para a da Cidade Nova por 4 vezes, a primeira em 1994, quando registramos em fotos -- a pedido de famoso mestre do Rio -- a entidade de um dos mais nefastos elementos dela por aqui. Avisado pela filha, perseguiu-nos no carro de um amigo e, revólver em punho, tentou nos confiscar a máquina. Resistimos... deu um tiro na perna de meu irmão, que desviou a arma a tempo, isso às 9 horas da manhã de um sábado, muita gente na rua.
Era pouco: "voou" com o amigo pra Delegacia e veio de lá com uma Intimação toda em branco... me recusei a comparecer. Voltou à DP -- deixando na porta de nossa casa 2 "capangas" -- para buscar nova Intimação. Achei aquilo demais e fui fazer uma queixa-crime contra êle, no mesmo local.
Não aconteceu nada... levei o caso à Corregedoria de Pol. Civil e o traste "providenciou um bilhete" no qual eu o ameaçava DE MORTE e também de lhe quebrar as pernas. Da Corregedoria, nem exame grafológico e nem coisa alguma. Bateríamos de frente com o sujeito em diversas outras ocasiões, todas muito deprimentes para a Capoeira, tão vilipendiada nesse Estado.

#3) nossa luta em prol da difusão da Capoeira como arte, cultura e lazer, esbarrou numa discriminação nem sempre sutil que nos via como "gente de fora" -- portanto, sem direito a nada -- e encarava a Capoeira como "folclore baiano", coisa que não interessava aos estudantes. Nossa exposição fotográfica foi recusada em diversas EPs e, nas que a aceitaram, parecia existir sugestão a fim de que os alunos ignorassem os painéis. Em grandes colégios como o Orlando Bittar, o Vilhena Alves e o Souza Franco, entre outros tantos, com centenas de alunos, em um dia inteiro de exposição não chegavam a 5 os que paravam para ver ao menos 1 foto qualquer.
Nosso maior sucesso foi no CENTUR, nas férias de julho de 1990, repetindo a exposição (agora com apoio oficial da própria SECULT-PA) em 7/1991, com a roleta do andar marcando mais de 6.000 presenças durante os 20 dias da mostra, o que significava uns 1.500 visitantes.
Mas até no CENTUR encontramos barreiras, como a negação de registro do CCCP no MinC enquanto entidade cultural porque... "Capoeira era somente atividade física", conforme o burocrático Maneschi que me atendeu. Outro Maneschi, tempos depois (em set,/1993) nos permitiria fazer esplêndida exposição de fotos, colagens e desenhos no mesmo CENTUR, por 2 dias, durante o VIII CBCE, congresso nacional de ciências do esporte, no qual nos roubaram 8 painéis, em torno de 30 fotos grandes.
(EM TEMPO: nossas 3 exposições na biblioteca do CENTUR aconteceram graças ao empenho da diretora do local, sra. Regina Maneschi e sua assessora direta.)
Enquanto isso, o SESC-Doca devolvia ao MEC (alegando destinatário desconhecido) oficio me dirigido propondo/aceitando a inscrição do CCCP, que visava ter acesso a verbas federais. Justo eu, que passara semanas em nov./87 colaborando na organização do evento "VIVA ZUMBI" e sendo jurado do mesmo, durante 3 dias.

#4) Todo o acêrvo de cartas (enviadas e recebidas) do CCCP foi doado ao Fernando Rabelo em meados de 1996 ou 97, na época responsável pelos destinos da nóvel FEPAC. E não me arrependo do que fiz, embora receie que cartas minhas que combatiam e criticavam os baluartes (?!) da Capoeira aqui em Belém -- meras sombras do que deveriam ser, dada a fama que ainda ostentam -- possam "extraviar-se" do conjunto de meia dúzia de pastas com perto de 800 missivas, 380 delas oficiais.

#5) embora os Correios tenham a aprovação de mais de 90% da população do Brasil, no meu caso particular, nunca prestaram. Costumo afirmar que "só aprova os Correios quem não o usa!". Basta dizer que, no meu contrato de quitação de dívida antiga com a COHAB-PA (em 2007/8) os Correios deixaram de entregar NOVE RECIBOS da casa própria... dando-me 74 reais de prejuízo em juros de mora.
Mas o CCCP teve adversários mais ferozes, os centros (ditos) comunitários do bairro Cidade Nova, em Ananindeua. Fomos impedidos de dar aulas de Capoeira em quase todos, mesmo quando não tinham atividade alguma o ano inteiro, coisa comum no Pará. Nunca se sabia com quem estava a chave do prédio, tínhamos que varrer/limpar o salão antes das aulas e um deles nos exigiu a reforma do piso.
Cobrava-se a luz, reduziam o tempo das aulas e, num deles, na segunda semana de aulas instalaram reunião de evangélicos exatamente na hora de nossa atividade (apoiada pela LBA), jogando-nos "na rua" à noite, numa quadra de futebol de salão sem iluminação e coberta de areia e poeira. A COHAB, dona e senhora do prédio, não moveu um dedo a nosso favor e, por fim, desistimos do Centro.
Na praça principal do conjunto, "propriedade" de um dos centros mais aquinhoado com verbas públicas, fomos impedidos -- por soldados do PMBox próximo -- diversas vezes, até que um ofício do Prefeito (junto com outro da LBA) nos garantisse a liberdade de ir e vir que está no artigo 5 da Constituição, conforme lembrei em carta irada à "Mulher-maravilha" do tal centro (E.M.), com imenso conceito na comunidade ananin até hoje.
Nem nos teatros da capital escapamos desse "regionalismo bárbaro" que trata o não-paraense como um pária. Se conseguíamos pauta, faziam todo tipo de exigência descabida, ("croquis" do palco, chegar 3 horas antes do espetáculo, iluminador, venda antecipada de meia platéia, etc) e nos impediam de fazer eventos gratuitos, definindo êles mesmos o preço do ingresso, sempre muito alto.
Em nov./1990 desviaram a renda de 23 ingressos no TWH, além de não providenciarem iluminação decente, apesar do "croquis". Como o diretor do teatro (F.R.) resolveu proteger (e esconder) o bilheteiro-caixa, o caso acabou na delegacia. No ano seguinte, o sujeito transferiu minha pauta/inscrição para famoso músico (M.P.) recém-chegado da França. Só fiquei sabendo disso 3 dias antes do evento, com vários ingressos já vendidos.
Reclamei na SECULT, que "lavou as mãos"... Ameacei com delegacia e... NADA! Liguei então pro músico e jurei entrar com êle no palco, lado a lado. Só então desistiu! Soube depois que mantiveram a porta do TWH fechada e, a quem perguntava pelo show, informavam que "fôra cancelado". Quem veio já com ingresso ouviu deles a "cantiga" de que o teatro "estava lotado", impedindo a pessoa de entrar.
Em abril/92 mudei de teatro, mas os problemas me seguiram, inclusive o tal "iluminador", que eu condenara nos shows anteriores.
No CENTUR, na hora do evento, não havia 1 só pessoa na platéia... fui para a portaria e estava todo mundo lá fora. Alegaram que eu não autorizara (?!) a venda de ingressos e a entrada dos amigos. Com tempo de duração definido, tive que reduzir o show em meia hora, com um diretor do projeto ao qual o teatro estava arrendado "me caçando" pelos corredores para que quitasse a taxa de uso do espaço. Não tivemos camarim, nem água, nem pedestal para partituras e negaram até 2 mesas de bar que o grupo de samba solicitara.
Pior: além de enfrentar jogo eliminatório da Seleção, o TWH promoveu um superevento DE GRAÇA com 4 dos maiores nomes da MPP local, "invenção" do talzinho que dirigia a casa. Tempos depois êle sairia algemado do Teatro, acusado de desvio de renda e "extravio" de equipamentos do TWH.

#6) atuando na Capoeira local desde 1987, logo que fundamos o Centro (6/88) propuzemos a quase todos os professores da época -- contramestres na maioria, na graduação nacional então conhecida -- que se nivelassem no grau de ALUNO FORMADO e, a partir de um curso oficial junto à FPC paulista, fossem subindo de graduação de forma organizada. Ninguém aceitou, como recusariam quase tudo o mais que vinha com a chancela do CCCP.
O fato real, incontestável, é que os mestres locais -- pouco importava o tempo de vivência na Capoeira -- nunca tinham ouvido falar de puxada de rede, das tradições usuais em rodas da Angola teatral e cheia de "mímicas", coisa comum em outros Estados e, principalmente, de maculelê.
(Num evento de artes marciais no SESI vi maculelê feito com facas de cozinha, com um palmo de lâmina. Nas rodas só tocavam 2 ritmos, jamais se ouvia Iúna, Santa Maria ou Cavalaria, além de participarem quantos berimbaus houvessem.)
No SESC-Doca tivemos que corrigir quase tudo no maculelê praticado lá e o nome maior da Capoeira local nos apresentou grimas de mais de 1 metro de comprimento. Os videos de grupos em outros centros --conseguidos pelo CCCP graças à mestra "Cigana"/RJ -- foram um avanço inegável na prática da Capoeira em Belém e, adiante, professores vindos de grupos famosos do Rio/SP/MG comprovariam a distância entre o nível técnico praticado no Pará e o externo.

#7) o melancólico fim do CCCP, num sábado, 3 ou 4/07/1992, foi presenciado apenas por meu irmão Renato e o jovem Dilson, na época instrutor no grupo do SESC-Belém. Embora todos os membros da diretoria do CCCP tenham recebido convite -- durante o torneio de "mestres" e contramestres promovido no SESI pela APC -- ninguém se fez presente na Praça da República. Os 2 nomes maiores do Pará, a quem ajudamos por um bom tempo, jamais se manifestaram em favor do CCCP e até na Feira de Artesanato, na qual nos inscrevemos por duas semanas (4 dias), sentimos o menosprezo dos organizadores, nos destinando barraca fora do perimetro de passagem dos turistas e tendo que pagar diversas taxas, além da inscrição.
Um dos diretores extraviou bela tela de um amigo, que eu lhe entregara, por exigência dele. Esquecera num táxi...
CONTINUA ABAIXO

Sobre a obra

A História da capoeira EM BELÉM passa pelo CCCP - Centro Cultural que atuou entre 1988 e 1992... as "histórias" também. E não foram poucas... CONFIRA no texto!

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"NATO" AZEVEDO
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CCCP -- LUTAS E REALIZAÇÕES (final)

Um dos diretores extraviou bela tela de um amigo, que eu lhe entregara, por exigência dele. Deixou num táxi... foi sua desculpa. Puz o caso no Juizado de Pequenas Causas. Alegou que não pagaria a obra porque fôra feita de saco de açucar. E ficou por isso mesmo... "terra boa é o Pará!"
Em diferentes locais, em boa parte do Pará, se é tratado de forma diferenciada, até em hospitais -- passamos o diabo, quando nos tratamos de uma dermatite, em 1993, em 3 ou 4 postos de saúde, sendo quase envenenados num deles -- ou Prefeituras. Com 52 menções honrosas como poeta em 9 Estados e diversas vitórias, a PMA - Pref. de Ananindeua jamais reconheceu meu valor. Em 2003 demorei 103 dias para receber um patrocínio (?!) de 250,00 reais, para ver publicado um texto meu em livro do RS que circularia pelo Brasil, Argentina e Europa. Na atual administração me foram prometidos 190,00 reais em março/2005... o então Secretário de Cultura, descumprindo sua palavra, deu-se ao trabalho de declarar num debate que "eu podia ir sonhando porque êle jamais bancaria meus versinhos". Ananindeua é o terceiro município do Pará em arrecadação de impostos e tributos. O sujeito atualmente cuida de carros (no Demutran) e a tal "secretaria" sumiu, até porque a cidade prefere bailes, bola e bingos, tudo regado com muita bebida.
O caso do CCCP só não é pior do que o da judia CHAINDEL, vinda dos campos de concentração para a Santarém dos garimpos, nos anos 60... com o nome de Sally Knopf "comeu o pão que o Diabo amassou" e conta isso no magistral livro "HUMILHAÇÃO E LUTA - uma mulher no Inferno Verde". (Edit. Coordenada/DF, 1978)
Termina a obra declarando esperar que... "um pouco da MORAL que plantou tenha ficado nas pessoas" e que gostaria que seu epitáfio fosse:
"Aqui jaz a mulher mais besta do Mundo!"
Por volta de 1996/7 decidimos vender o acervo do CCCP, mais de 450 reportagens locais, 300 e tantos folders/folhetos, cartazes, etc, além de mais de 150 fotos, revistas e quase 200 reportagens avulsas sobre o tema. Os cinco órgãos culturais do Estado (inclusive 2 Universidades) contactados acharam caro demais os 1.500,00 reais pedidos ou nem sequer responderam ao meu oficio. Assim termina nossa história... quem puder, que conte outra !
"NATO" AZEVEDO

"NATO" AZEVEDO · Ananindeua, PA 1/6/2009 15:36
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Só faltou dizer que, quando as EPs (escolas públicas) recusavam a exposição nós a fazíamos na calçada em frente, o que de pouco adiantava pois os alunos IGNORAVAM os painéis. Quando vinham, eram alunos de professores aos quais a gente combatia ou criticava abertamente, como um "MESTRE" dos mais famosos no bairros e que ía de patins para as próprias rodas (as alheias, também).A
cabou com o apelido de GAMBÁ, porque torava os patins vez ou outra e empestiava o ambiente com um chulé insuportável. Rastafari desleixado, patinava de manhã até a madrugada, sem tomar banhos nem quakquer cuidado com a aparência pessoal. Mas nada disso abalou sua fama... embora aimda seja um dos mais incompetentes professores OU MESTRES da Capoeira nesses Estado

"NATO" AZEVEDO · Ananindeua, PA 2/6/2009 18:48
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AZnº 666
 

Mas nada disso abalou sua fama... embora ainda seja um dos mais incompetentes professores OU MESTRES da Capoeira nesse Estado!
Este elemento quase me matou a pauladas dentro da sua "academia", dizendo que ia me provar que era M......!
Não me provou, mas mas recebeu este elogio de um aluno dele:
"Fulano não é M...., pois um Mestre não faz oque ele faz!
Um bom jogador de Capoeira elogiou este elemento acima dizendo--me: Fulano está jogando muita Angola!
Poderão ver pelo Link abaixo que a Angola do RJ é diferente da Angola Bahiana.
E a Angola de Belém?
O 1º Desencontro de Angola de Belém a alguns anos atrás, provou-me que pode não ser nem Angola!
Ih agora José!
Isto não quer dizer que não tenha angoleiros aqui, tem mas são poucos, é preciso muita sutileza para diferencia-los dos acrobatas!
http://www.youtube.com/watch?v=U7MuyLFJ920

AZnº 666 · Rio de Janeiro, RJ 3/6/2009 13:22
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Doroni Hilgenberg
 

Nato,
quanta confusão...
E eu que pensei que capoeira fosse uma arte
pedagógica, instrutiva e voltada para o divertimento geral,
vejo o quanto esta desvirtuada.
bjs

Doroni Hilgenberg · Manaus, AM 3/6/2009 14:57
1 pessoa achou til · sua opinio: subir
Doroni Hilgenberg
 

voltando
bjs e votos

Doroni Hilgenberg · Manaus, AM 4/6/2009 18:47
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A LAMA QUE NÓS CRIAMOS...

Querida DORONI, a "lei" que impera nos domínios da capoeiragem é, desde os seus primeiros dias, a seguinte:
"FAÇO O QUE EU DIGO, MAS NÃO O QUE EU FAÇO!"
Parece cinismo, contudo é exatamente como procede a mior parte dos Mestres... com ou sem aspas.

Um deles, recentemente falecido, era porteiro da SEURB, secretaria de Belém que cuidava das praças. Fui lá com um ofício tentar que nos permitissem colocar nossa exposição dentro da praça principal da capital. Os guardas nos impediam alegando que isso estragaria o gramado, embora todo mundo circulasse sobre ele e alguns mantinham carrocinhas (de bebidas) no mesmo local.

Quando saía da audiência, ainda sem a permissão, ouvi dele (E. Lenoir) aos gritos o seguinte "insulto":
-- "VOCÊS ESTÃO NA LAMA QUE VOCÊS MESMOS CRIARAM"!Nunca entendi o significado disso, além da evidente DISCRIMINAÇÃO contra a "gente de fora", atitude comum a um bocado de supostos paraenses, em boa parte do Estado.

"NATO" AZEVEDO · Ananindeua, PA 5/6/2009 16:25
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