Clarisse

1
Artur Finizola · Maceió, AL
28/11/2006 · 44 · 4
 

Parte 1 - 08:45 am

A mão percorria todo o delinear do corpo. Afagava em unhas, arrepiava em calafrios dormentes e excitantes. Subia pelo pescoço, acariciando a nuca, tocando os brincos no ouvido, beliscando as bochechas, desenhando os lábios, abrindo os olhos em semi-cerrados, despenteando o liso do cabelo.

Descia com apenas um dedo por entre os seios, apertava a pele, incitava o desejo, destrancava gemidos delgados, arranhava o ventre, entoava a mente.

Ela era mulher, se sentia mulher enquanto a coxa espessa se agitava com a presença do rigor da mão em seus pêlos. Gemidos envergonhados preenchiam todo o silêncio de todos os quase 17 minutos atrás. Os olhos viravam, o corpo tremia, ela se apertava e deseja em ânsia absoluta viver cada segundinho daquele da maneira mais intensa possível.

Uma lágrima desceu por um de seus olhos. Os dentes oprimiam o lábio inferior já meio machucado. A boca se abria, respirava e tornava a se prender em uma total sintonia. Os seios sorriam, o busto inflava e inflava, tornando aquela visão cada vez mais lírica. Os lençóis já não mais existiam...

A mão parou de tocar o próprio sexo, o rosto todo se abria, as pernas relaxavam, a mão subia. O corpo jazia imóvel em um misto quente de êxtase e felicidade. Aquilo era bom, sem dúvida alguma... ela sabia. E ah... como sabia.


Parte 2 - 21:37 pm

Clarisse olhou para cima. Não entendia bem o que havia acontecido, tentava se apoiar no vento. Ação em vão para levantar-se. Continuou caída, agora recobrando os sentidos. Havia sangue em sua saia branca e justa, não mais transparente por causa da mancha que descia entre suas pernas. Lembrou-se da dor, dos apertos nos braços e do bafo de cigarro daqueles mata-rato. Em coisa de um segundo, desejou ser apenas um pesadelo. Voltou à realidade.

Clarisse chorava contida, envergonhada de seu próprio corpo, de blusinha rasgada e tudo que não lhe cabia direito (em todos os sentidos). Sentia ainda na pele o corpo quente de seu agressor e as palavras torpes ditas ao pé do ouvido, sentiu-se enojada, enjoada.

Um homem velho, alto e barrigudo, de barba mal feita e cheirando a sovaco. Lembrou-se, com perturbação moral pelo receio do ridículo, que fantasiara algumas vezes vivenciar um estupro, talvez até duplo. Mas não seria daquele jeito, sonhara com um homem bonito, cuja voracidade a deixaria excitada, a dor seria prazer fumegante e não deixaria rastros de sangue. Qual mulher nunca pensou nisso? Fetiche...

Infelizmente Clarisse percebeu do pior jeito possível que algumas coisas não devem ser fantasiadas. Desejou morrer, a dizer a seu namorado que perdera a virgindade.

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Artur Finizola
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jjLeandro
 

Caramba!
http://jjleandro.blog.terra.com.br/

jjLeandro · Araguaína, TO 26/11/2006 15:51
1 pessoa achou útil · sua opinião: subir
Artur Finizola
 

vlw... vota nele qd estiver na fila...

abraços.

Artur Finizola · Maceió, AL 26/11/2006 20:49
1 pessoa achou útil · sua opinião: subir
Fábio Fernandes
 

Interessante. Mas podia ter menos pudor...

Fábio Fernandes · São Paulo, SP 28/11/2006 15:38
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Artur Finizola
 

acho que quis deixar por conta da imaginação... assim cada um poderiar ir até um puco mais de seu próprio além

Artur Finizola · Maceió, AL 30/11/2006 19:59
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