Contador de Mortes no Recife.
Vi numa página principal da uol, que o Recife esta oficializando a morte.
Fico a me perguntar se a idéia do governo era chocar, ou simplesmente informar a população que mais uma vez a minoria só participa de estatÃsticas.
Chegamos a esse ponto? Banalizar a morte tanto assim? Apenas números.
Paro pra pensar que atrás de cada um desses números existiu uma vida, que deixou famÃlia, mulher, filhos, uma mãe talvez doente e um pai que se vivo deve viver de uma aposentadoria de fome, e torno a pensar no descaso com a vida humana.
Números, e eu penso em mim, sempre me considerei uma pessoa, não um número, apesar de fazer parte do IBGE.
Alguns casos nos chocam e deixam a estatÃstica e passam a povoar páginas de jornais, são comentadas pelo Willian Bonner, e nos choca, alguns casos são de fato mais chocantes, mórbidos, e estranhos de fato, mas os outros são apenas números.
Como alterar esse quadro? Como mudar a mentalidade? Como dar valor para alguns e não para o todo?
Fico pensando que seguindo esse conceito quem morre num farol, vitima de uma bala perdida tem menos importância do que aquele que foi morto de forma monstruosa, e que nossa vida vale dependendo da página que ela ocupa nos cadernos do Jornal que lemos.
Certos casos deveriam e devem nos tocar, somos seres humanos, ainda mais quando envolvem crianças ou formas brutais.
DeverÃamos ficar passados com toda e qualquer forma de violência, mas infelizmente o coração humano esta deixando que o conformismo tire o lugar da emoção, que a pessoa emotiva se torne motivo de chacota, que o riso seja substituÃdo pela carranca e que isso se torne normal. Não me parece normal não, crimes tenebrosos têm que nos fazer chorar sim, e choro também pelos outros que não chamam a atenção da grande mÃdia.
Choro pelos que passam desapercebidos pela vida e até pela morte.
Choro por nós que partiremos e deixaremos para trás uma famÃlia, mas termino de forma otimista, torcendo para que partamos dessa vida com muita luz para próxima, e que seja de morte natural, como dizia minha avó de morte morrida e não de morte matada.
A banalização da morte em nossa sociedade demonstra o grau de entorpecimento a que temos chegado. A MÃdia, infelizmente, se aproveita de todos os detalhes mórbidos desta situação para se promover, ainda que seja a custa da desgraça alheia. Exemplo disto é o caso amplamente noticiado do assassinato de Isabella Nardoni. Armaram o circo e convidaram os abutres aos milhares para se refestelar com as imagens da desgraça de um pobre e indefesa criança à merce de pais facÃnoras.
geovanisantos · Cabo Frio, RJ 1/5/2008 10:34
Maxx, tô contigo..... talvez seja "it´s the end of the world as we know it......" como dizia uma música antiga.......
Beijos,
AM
Maxxima,
é isto infelizmente o que a sociedade se tornou, mas devemos sempre ter fé na vida!
Abçs de Betha.
Com certeza suas palavras têm sabedoria e verdade Maxxima, mas com pé na esperança vamos em frente sem deixar para trás nossos herdeiros de histórias tristes, levando nosso lamento por uma justiça sem justiça numa sociedade onde impera hipocrisias... O amor ao próximo se transforma num terreno árido cuja distância é um caminho de medos em arrimo de esperança... Obrigada por sua presença encantadora... Deixo flores amarelas num gesto de amizade e um abraço em laços de ternura...
Regilene Rodrigues · Goiânia, GO 1/5/2008 21:38
Nossa curtindo demais os comentários de pessoas que com certeza se tornaram amigos queridos....
Beijo
Realmente chegamos ao limite tolerável para aceitar a banalização da vida como vem acontecendo neste paÃs. Mata-se por qualquer valor, ou mesmo sem qualquer motivo. Muito bom o seu texto, muito verdadeiro.
Volto para votar.
Abraços
Inaugurei o placar dos seus votos, feliz por ter lido o seu texto. São tempos de retificação, de aceitação da tragédia. O seres parecem buscar a dor como veÃculo das suas manifestações. Và pela mÃdia o tal " contador de mortes" do Recife. É o fim da picada! Logo terá contador de falidos, de desamados. de gripados, de portadores de dengue, de apixonados e de portadores de cabeça enfeitada. É a comédia da tragédia. O princÃpio do fim!
raphaelreys · Montes Claros, MG 3/5/2008 05:36Votado, e voto "10", texto perfeito, real e de conotação otimista para quem sabe que a vida é o que mais importa. Sou suspeito para falar mais coisas. Do seu admirador incondicional.
McAfee · São Paulo, SP 3/5/2008 05:48
Maxxima,
Vi o teu comentário num texto do Julio. E poderia ser tudo
que dizes aqui. Infelizmente não. "A desgraça não é deste Século", parodiando mal à Biblia.
"Matar, criança - sim criança, bebê, feto - faz parte intrinsecamente da História do povo brasileiro". E nós sabemos disto, e nos espantamos até o proximo crime, com o precedente.
E, ai? é a tua pergunta. Deve ser a pergunta de cada um.
E a resposta?
um abraço,
andre.
" A nossa vida vale dependendo da página que ela ocupa dos cadernos do jornal que lemos " .... frase genial ...parabéns Maxxima , uma definição perfeita do nosso falido quadro social. Solução: E D U C A Ç Ã O . Todos nós estamos já sabemos disso desde 1.500 ...né ? e os nossos governantes ? òtimo fim de semana.
André Bianc · Taubaté, SP 3/5/2008 09:31
BelÃssimo, o teu texto!
Obrigado pelo que disse sobre meu poema "Eu te amo".
Abraços, flores, estrelas..
Sabe gente apesar do texto realista ainda tenho fé na humanidade e no brasileiro e penso que culltura e educação sejam, talvez, a mola que mude devinitivamente esse quadro pessimista da realidade atual.
Quando ao invés de vermos criancinhas aprendendo o Creu, as vejamos lendo Cassimiro de Abreu ou Fernando Pessoa.
Espero ver esse dia.
Beijos
Teu texto questiona e retrata a realidade cruel que enfrentamos! Pessoas muitas vezes são somente números para os outros! Um ótimo questionamento, e um texto muito inteligente!
beijos
Aff.o tÃtulo arrepia! Mas sabe -se que tem alguns lugares que tem até cartões com preços de quem dá um fim no ''seu dasafeto'' mais barato,a vida d euma pessoa é negociável a preços módicos
DEus te ouça e sua fé nao seja vã,
porque apesar de ainda tambem ter essa fé,,tem horas que desanimo porque atras desses numeros,ficou uma irmã minha com uma filha de 11 anos e uma vida despedaçada por algúem que queria grana pra droga e que nao foi atendida na exigência de revolver em punho
Uma bala, nao tirou só a vida do meu cunhado,,mas destruiu tambem a vida de muitos que dependiam dele
Parabéns pelo texto,excelente!
Maxxima, adorei seu texto. Relata bem os tempos modernos e a falta de amor entre os humanos, entre nós irmãos.
Me dói a violência ás pessoas e aos animais, me dói a violência que assolou o mundo, em todo lugar. eu tb choro muito com tantas coisas ruins, mas tenho tentado preservar um pouco mais meu coração ou quem vai morrer sou eu, de morte morrida, como diria sua avó.
Só posso pedir que Deus olhe por nós e tenha muito misericórdia.
Acho que estamos passando por uma fase muito importante na vida do Planeta, a violência é um dos diversos sintomas do que ainda está por vir.
Quero tb terminar um pouco otimista, Deus sabe o que faz ele é pai e não carrasco. Ele é luz e não escuridão. Quando todos pararem pra pensar e limparem a sujeira de suas cabeças e almas, talvez tudo seja melhor e diferente.
VotadÃssimo linda.
Bjs.
Contribuindo para a publicação.parabéns!
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 4/5/2008 12:08Texto mais do que oportuno. Não só a banalização, mas a espetacularização da morte está na moda. Lido e votado. Parabéns!
ANIBAL BEÇA · Manaus, AM 4/5/2008 16:16
Benvinda aoovermundo com esse texto "de morte", hehehehehe
Um beijo, aguarde notÃcias minhas !
Alcanu !
Excelente texto,Maxxima!!
Tempos modernos fatais....gostei muito da narrrativa.....bem construÃda!E a temática mais que pertinente...num mundo onde a morte de uma criança é alvo do sensacionalismo barato dessa mÃdia completamente desrespeitosa,e a população vai junto...armando o circo....desumanidade total.....
Parabéns pelo texto!
um beijo azul...
Realmente a banalização da morte é por demais chocante. As vezes estou ouvindo pelo rádio uma narração de partida de futebol, então o locutor diz:- Vamos falar com o amarelinho percorrendo as ruas da cidade!... Dai entra o reporter de rua informando que policiais em troca de tiros em determinado local, mataram 8 e desliga. O locutor segue em frente narrando aquela que um dia foi minha festa de domingos, totalmente insensivel e acostumado com a violência a qual infelizmente é a tônica de nossos dias modernos. Beijos e voto.
Falcão S.R · Rio de Janeiro, RJ 13/5/2008 02:41
MAXXIMA · São Paulo (SP)
contador de Mortes no Recife
Um Texto admirável e cheio de dignidade num tema que é talvez a coisa principal da vida que é se sensibilizar como verdadeiro Ser Humano.
Tudo que esta ai no dia a dia de desgraça, exclusáo, desigualdade, preconceito. miséria, fome e guerra, esta errado.
Náo podemos admitir ser natural.
É desnatural.
E, tudo começa no concordar ou discordar da realidade..
De Muito valor o seu Trabalho.
Verdadeira Trombeta pra todo mundo acordar e náo ficar omisso ou ausente diante do que há em tudo.
Parabéns e Abração Fraterno.
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