Desconhecido Desejo

Estética - O conto.

Chegando em casa ao entardecer, a mãe entra na sala e de longe ouve um som alto vindo do quarto. Abre a porta e se depara com o filho transando com duas jovens. Todos têm a média de idade de 17 anos, sadios com a ânsia do desejo explodindo à flor da pele.

O pai não sabe o que faz, a mãe dá bronca, reúne todos os familiares e todos envolvidos frente a frente. Conversam. Sem saber lidar com a situação inusitada, expõem causas invertebradas. Um entrelaçamento de famílias angustiadas por um ato do filho que ganhou um preservativo.

O pai começa, o filho observa... O pai herói, quem sabe!

A mãe rosna um devaneio dos filhos dos outros, pois o dela não, jamais errado ele seria.

A menina declama sem pudor e deixa todos perplexos, que ela fazia isso por causa da amiga e queria ficar perto dela, declarando assim um amor desconsertante para os que ali estão, e que era lésbica e não “normal� como pensavam. A promíscua festa, então, terminaria com todos perplexos.

O pai, sempre coerente, recorre a uma psicanalista. A mãe conhece, no trabalho do marido, um jovem sedutor e escritor e torna-se amiga deste jovem, de 1.85, branco, cabelo liso com gel, corpo sarado. Logo faz lembrar um nadador, ou rato de academia.
Um amigo do pai, médico respeitado que trabalha numa autarquia central junto com ele, e diz ter gosto apurado. Certa vez expõe um desejo à sua namorada, que acabara de ganhar uma promoção em seu trabalho, um “pensamento� secreto há tempos escondido e agora quer revelá-lo.

No outro lado na mesma autarquia, o jovem sedutor descreve com graça suas artimanhas à nova amiga e se declara um aventureiro da causa inquietante que outrora alheios imaginavam. Ele usufrui de grande mobilidade empresarial e freqüenta com a graça de um filho de executivo a autarquia onde o marido de sua nova presa trabalha.
O amigo do pai tem a graça de freqüentar casas de swing e quer levar a namorada pela primeira vez. Ela, duvidosa, questiona, e assim ele contou seu valioso segredo.
A mãe se deparando com o inesperado quando conhece o jovem escritor. Não sabe das suas astúcias e pensa que está a pronto da insaciável loucura. Quando percebe, vê onde seu inconsciente a levaria, sem volta.

Sempre atordoado, o pai, em sua matinal passada na psicanalista que já conhecida da época de faculdade, começa a olha-lá com olhos de gavião, sempre atento a movimentos, conversas e confissões. Nem parece que é o paciente. A carência de um relacionamento mais árduo, do desejo caindo em paredes monótonas, onde o filho o torna um herói sem causa o atrai para este lado obscuro.

Esta amiga psicanalista, a menos apropriada a entendê-lo neste momento, não sabe separar o suor do desejo e se deixa tocar os lábios, mas antes o teria numa conversa tentadora.

Noite de quarta feira, descreve a parede: ménage a tróis. O amigo do pai entra na sala de mãos dadas e sua namorada percebe que ela será presa fácil para as mulheres da algazarra. O jovem escritor convence a mulher do médico, ela sai linda e estonteante de sua casa, como há tempos de casamento sólido não saia e nesta exata quarta-feira à noite, vai a festa tão acentuada. O acaso a une e procurando quem sabe algo do novo.

Lá encontram prazeres secretos de uma comunidade às avessas do que vimos em nosso dia-a-dia. Num desenrolar instigante, acabam na sala dos voyeurs, ela observa tudo atentamente, com olhos fascinados e acentuados, logo saem por conta de mãos perdidas. Quando decidem descer a escada, olhares se cruzam e por fim a trama chega com desfecho primordial, desejos pairam no ar, onde medo e prazer, tudo junto, num só instinto animal.

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