No caminho para casa, apesar da sensação deixada pelo sonho, Lúcia acabou de ordenar os pensamentos a respeito da condução do fim do casamento : as filhas estavam praticamente criadas e naquele ponto de suas vidas um rompimento dos pais não traria mal maior.; como possuiam dois imóveis praticamente no mesmo valor e os carros já estavam nos respectivos nomes, tudo seria tranquilo.
Logo após estacionar, marcou com o novo advogado para a hora do almoço. Não poderia falar sobre o assunto com Antenor, que além de advogado de confiança era padrinho do seu casamento. Acionou o alarme do carro e parou por um momento compreendendo que talvez o maior problema a administrar nesta história toda seriam os amigos e a famÃlia. Paciência.
Trabalhou durante a manhã concentrada, como havia feito durante toda a semana em que aguardou o telefonema do detetive. Trabalhou até melhor. Já não havia mais a desconfiança e um oculto sentimento de culpa por estar espionando o pai de suas filhas. CÃcero não era mais inocente. E afinal , quem é inocente? Quando viu o relógio na parede marcar doze horas, pegou a bolsa e saiu.
O novo advogado ganhou pontos quanto a atendeu pontualmente. Sentou, dispensou o café, aceitou a água e falou tudo, detalhada e objetivamente, sem tremer a voz ou as pálpebras. O profissional à sua frente, que apesar de jovem já era experimentado no assunto , surpreendeu-se por não precisar oferecer sua caixinha de lenços de papel e com algumas outras coisas.
Lopes era casado e ainda acreditava na vida em comum, apesar de, todos os dias , ter motivos para mudar de idéia. Quando a secretária abriu a porta para entrar aquela mulher que lhe falava com tanta segurança, imaginou que ouviria mais uma história de infidelidade , como tantas que haviam sido contadas por ali. Ela falaria que descobriu o caso através do celular do marido, ou da fatura do cartão de crédito, da mudança de comportamento. Que a partir daà contratara um detetive que confirmou suas suspeitas.
Mas não era nada disso, quer dizer, não era quase nada disso. A primeira coisa que ela disse foi que precisava desabafar pois estava há dias com este problema sem contar nada a ninguém. Lopes ajeitou-se na cadeira , encorajou-a a falar e deixou a caixa com os lenços a postos. Perguntou se ela se incomodava se tomasse algumas notas e ela prosseguiu. Depois disso, algum espanto, acerto de honorários, aperto de mão e boa tarde.
Lúcia saiu mais leve do encontro com Lopes. Ainda na porta do advogado, ligou para o chefe, disse, com a autoridade de alguém que nunca faltou um dia de trabalho em vinte anos, que precisava resolver um problema urgente e não poderia voltar.
Link para as outras partes do conto - parte 1 e parte 2
Um Conto em 6 pequenos capÃtulos
Acho que vai sim!!!
Estou publicando uma imagem inédita, de uma pintura a óleo... Quem conhece meu trabalho está acostumado com as gravuras digitalizadas... Mas o princÃpio é o mesmo! Aguardo sua visita!!
http://www.overmundo.com.br/banco/uterus
Se ainda não viu, dê uma olhada em minha colaboração anterior, ainda em votação:
http://www.overmundo.com.br/banco/alegorico
Saudações!!!!
esse eu havia perdido mas agora pus a leitura em dia...vou seguindo porque a leitura está muito agradável...
nina araújo · Rio de Janeiro, RJ 21/1/2009 20:18Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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