A mana, boba, acordou choramingando. Grudou na barra da saia da vó parecendo uma sombra com cara de velório. Tomamos o café em silêncio e o pai, nem repetiu a broa quentinha com manteiga. Eu comi bastante que tristeza não me enche a barriga. O vô tomou o café preto e puro sem comer nada como fez todos os outros dias. Forte, o vô.
Apertamos no carro outra vez e outra vez a mãe rezou o terço . Desta vez não podia mesmo atrasar porque a passagem já tava comprada e custa caro que só. Chegamos perto do ônibus parecendo que iamos tomar injeção. Assim que abriu a porta, um moço de uniforme ajudou o meu pai a colocar as malas lá dentro. Enquanto isso ganhamos uns abraços muito mais apertados que no dia da chegada, uns beijos doces da vó e sacudidelas do vô, sempre repetindo que tava tudo uma beleza.
Eles entraram e logo eu achei o lugar onde iam sentar.Ficamos parados ali embaixo da janela até o ônibus ser ligado bem devagarinho. Enquanto eles iam embora, senti uma dor no ombro e vi que o pai me apertava e acenava sorrindo sem parar. Quando o ônibus foi embora e virei pra entender o motivo do apertão, vi o pai chorando. Assustei porque foi a primeira vez. A mãe explicou que saudade dá em pai também e se não chorar, explode. Não quero que o pai exploda então não ligo se o pai chorar, não. Ainda mais que ele prometeu ir ver os velhos no natal.
Terceira e, talvez, última parte do conto Domingo escrito em 2006 depois de ter me impressionado com uma cena que presenciei de netos aguardando avós na Rodoviária Novo Rio . O conto cresceu no Overmundo e tive oportunidade de fazer um gostoso execÃcio de escrita.
Que obra! Tem um teor que nos remete terna e saudosamente àqueles que são os patriarcas da nossa geração!
Abraços!
EEHHHHHHHH,CADÊ A SEGUNDA PARTE???????
MANDA PRA MIM O LINK!!!
BJS
ND
Ah! Não vai parar ai né.. inventa mais.. está muito bom de ler.. continue com esse gostoso execÃcio de escrita para vc e gostoso exercicio de leitura para nós. Volto para votar
Omar Costa de Umbro · São Paulo, SP 27/8/2008 15:36
Vanessa,
Bela finalização do seu conto. Dá mesmo uma saudade danada ver quem é querido partir. Sempre dá um aperto no peito, desses que podem fazer sim, a gente explodir. É melhor chorar de saudade que explodir. E no fim a promessa que dá esperança, ainda mais pra uma criança...
Parabéns ! Vo(l)tarei.
Bjs poéticos
Muito bom. Final promissor de mais e mais.
Saudade dá em pai também e se não chorar explode.
Parabéns
bjo
CD
A narrativa correr solta, fácil e cativante, envolvente. Muito bom. Parabéns.
Hideraldo Montenegro · Recife, PE 27/8/2008 20:12
Terminando esta ótima leitura.
Parabéns. No fundo, no fundo, o que nos
resta são as boas lembranças.
um abraço
EG
Pessoas, agradeço as palavras de coração. Na fila de edição está a quarta , e desta vez última, parte do conto. O que acontece depois do natal fica por conta da imaginação de cada um e no fundo é um pouco da vida de todos nós.
abraço
Vanessa
belas recordações que
vc tras até nós.
gostei!
bjssss
deixando meu carinho e esperando novos textos.
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 29/8/2008 17:45
Gostoso de ler. Pena que perdi as anteriores.
bjs
Obrigada, amigos, pelas palavras de incentivo.
Vanessa Anacleto · Rio de Janeiro, RJ 1/9/2008 18:39Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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