Uma das primeiras vezes que visitei a cidade de São Paulo, foi em companhia de minha madrinha. O objetivo básico da visita era almoçar na casa de uns amigos franceses dela, que moravam na Vila Mariana.
O almoço transcorreu perfeitamente até que começou a ser servida uma seqüência de queijos e vinhos.
O primeiro queijo a ser servido foi o Camambert, junto com um vinho forte, que segundo a anfitriã da casa, era para acentuar o gosto do queijo.
Todos pegaram pequenas porções do queijo seguido de goladas violentas de vinho. Eu, que nunca havia comido aquele queijo, peguei um pedação e coloquei na boca. Que dureza. O queijo me pareceu intragável. Para disfarçar o desconforto, tratei de tomar um copo de vinho que, para minha surpresa, quintuplicou o gosto do queijo.
Demorei um pouco para me recuperar do choque, mas depois de goles de água e suco de laranja tudo voltou a normal.
Em seguida, veio outro queijo, o Roquefort. Achei-o igualmente difÃcil de apreciar.
Depois dos Roqueforts, Camamberts e Gruyeres fui abordado com a pergunta fatal, feita em um francês exageradamente grave nas vogais:
- E então, o que achou dos queijos?
- Muito bons! - falei com todo o cinismo do universo.
Ele, por ser francês, talvez ainda não estivesse acostumado com o cinismo brasileiro, e por isso continuou a perguntar.
- Mas você gostou mais dos de mofo branco ou dos de mofo azul?
Olhei para todos na mesa com uma cara de interrogação e olhos esbugalhados, enquanto minha madrinha me faiscava olhares ameaçadores. Sofridamente falei:
- Mofo...? - e depois de alguns segundos - azul!
A tensão se desfez na mesa, e a conversa foi para outros assuntos, felizmente.
Quase no final do almoço perguntei ao monsieur Etiene como eram feitos os benditos queijos mofados. Ele, surpreso, explicou-me no detalhe, e com bastante poesia, os diferentes processos. Deu ênfase especial no perigo de um mofo branco se infiltrar nas fileiras dos mofos azuis e na beleza dos padrões que os mofos deixavam nos queijos.
Olhei para ele com uma cara de profundo interesse e o surpreendi.
- Sinto uma afinidade maior com os queijos de mofo azul, monsieur Etiene. Creio que eles têm mais personalidade.
Espantado, e como se me conhecesse havia muito tempo, gritou feliz:
- Mon Dieu!! É exatamente o que eu penso!
- E viva o mofo azul! - disse madame Josephine, a anfitriã da casa, ligeiramente alterada pelo vinho; e todos repetiram:
- E viva o mofo azul!!!!
Classe e requinte é beber vinhos antigos e comer queijos mofados. Saudades de meus tempos de enfant terrible!!!
YND,
O escrito não tem gosto de mofo.
Mas terá sido sorte?? escapastes do
escargot?
Muito bom (não o escargot, o texto)
Um abraço
Edimo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Escrever é um prazer inenarrável!
Obrigado!
Caramba,em pensar no mofo verde do pão de forma,ui!!!
Adorei o texto YND,gostei mesmo e li colorido!!!Abraços.Nina.
É necessário respeitar a cultura e os hábitos do velho mundo!!!
Mas como descendente de Ãndios que sou,
aind tenho dificuldades em assimilar
certas peculiaridades
da cultura européia.
YND,
Muito bom, e viva o mofo azul, o verde, o amarelo...rs
Parabéns
abraços e votos
mesmo sem conseguir digitar as letras ( na verdade quase todas) meu teclado travando.Copareço com carinho e dexo meus votos.
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 1/8/2008 20:07Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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