Ele passava de bicicleta
despretencioso.
O trânsito não lhe decidia
ir pela rua ou pela calçada
ameaçando ou sendo ameaçado
pelos carros.
Mas era parque, era tudo parque
a cidade inteira
e não sabia por onde começar.
A sua casa era aquilo
uma longa calçada lascada
um embate entre os pedestres
uma nuvem de fumaça
uma árvore sem lugar
uma aventura imaginada
longe da imaginação alheia.
Não pensava em cavalo
não pensava em previdência
nem em bebê-conforto
desastre de moto
barulho de avião.
Era a bicicleta
e aquele espaço absurdo
e aquele céu absurdo de lindo
que o faziam pensar.
E o faziam triste
quando caÃa em si
quando caÃa num mendigo
que nem sapato tinha
quanto mais bicicleta.
E ele viu o senhor
tocando sanfona na rodoviária
com sua senhora ao lado
o garoto vendendo chiclete
óculos roubados
o corpo
e chorou pra dentro.
Porque não tinha nada com eles
porque não tinha porquê
porque não tinha como
porque não tinha nada a fazer
a não ser andar de bicicleta
sem pretensão alguma.
Andar...Andar....Andar......O passar o não passar. Dentro das coisas. Dentro , como-se caroço de abacate fosse. E tudo em volta é parque ,porque os olhos prucuram prazer.Tem tudo haver com eles: Srs...Sras...Sanfona ,ocúlos ,menino , chiclete.
Tudo anda de bicicleta .
Póbre também sonha, não é coisa de rico, porque navegar é preciso.Viver não é preciso.
Charlot · Recife, PE 28/10/2006 16:46bom FERNANDO PESSOA ........ ne charlot ... gostei pedro .... abraços
JuNiN · Ribeirão Preto, SP 2/11/2006 20:36
Adorei...
Me deu um ponto muito positivo da vida...
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