Eloá, Nayara e a Besta

("... aqui na face da terra só bichos escrotos é o que vai ter...")

Liberdade, direito de ir e vir, livre arbítrio, é cada vez mais perigoso utilizá-los. Podemos fazer de tudo, menos viver em paz e ter sono tranqüilo, não conseguimos ser mais confiantes, não conseguimos ir onde quer que seja sem horrível dúvida sobre o retorno dentro da integridade física e mental, mais a física, porque a mental vem se perdendo há muito tempo.
São muitos os medos: delinqüentes, alcoólatras, viciados nos mais diversos tipos de drogas, fanáticos ignorantes de todos os setores, pedófilos, e principalmente os rejeitados por qualquer motivo extrapolando suas fúrias e frustrações, estes são mais perigosos, pois agem sem que possamos nos prevenir.
Um dia qualquer, um esquizofrênico rejeitado invade um apartamento e cria reféns, age como um gato que em seu instinto natural ataca sua presa e a tortura antes de devorá-la, batendo, soltando e prendendo, gerando uma sensação de possível liberdade. O gato em seu instinto natural e primitivo faz este joguete para purificar sua presa, fazendo com que sejam expelidos fezes e urina, pode ser rápido ou não, mas num bote fatal a presa esta morta, seu alimento.
Aquele infeliz sem fé poderia ter concluído rapidamente a contenda, mas preferiu a tortura como fase preparatória e purificatória. Dentro de si deve ter ocorrido grotesco conflito entre o ser primitivo que todos somos por essência e o ser humano racional que todos queremos ser. Ao mesmo tempo fica claro a impossibilidade de homogeneizar a combinação entre ser humano e ser racional.
Atitude prontamente analisada, percebemos que humano e racional não se harmonizam, pois assim fosse, nada teria ocorrido. Aquela jovem amiga não teria colocado sua cabeça a premio, retornando ao local do pesadelo, indo alisar as presas da fera e juntar os destroços sentimentais da colega, sendo talvez o seu alter-ego circunstancial.
Foi uma atitude humana e fraterna, entregar-se ao martírio do qual já estava livre, munida de boa vontade, cumplicidade, compaixão e sabe-se lá quanto de esperança. Neste tipo de ação só existe humanidade não cabe lugar a razão. Ser humano é não reconhecer os próprios limites ou fronteiras. A razão é calculada e dimensionada, o problema é identificar a possibilidade ideal.
Preservação da vida humana, direitos humanos, legislação nacional, muçulmano, budista ou cristão, que vá tudo a merda. Bem posicionado, eu mesmo teria acabado com o sofrimento daquele desgraçado. Oportunidades não faltaram, vamos verificar as janelas.
http://altairblog.zip.net
Outubro/2008