"Meu último dia em Juazeiro e a cidade que reúne milhares de fiéis, de ambulantes, de prostitutas, crianças desdentadas, velhas de vestidos floridos, cachorros magros, humildes casas, jumentos, siriguelas e a cajuÃna São Geraldo... já me deixa marcas. Na pele e na alma...
Juazeiro de juá( uma árvore tÃpica), dos benditos, dos cordelistas malditos, da comunidade de artesãos, dos alto falantes que percorrem a cidade, do suco de cajá... me trouxe muitas cores... novas cores que tentei absorver dessa gente de traços fortes, bocas miúdas e corpos esguios. É muita fé.... é tanta que não há como sair daqui sem ter sido tocada de alguma forma.Os sinos badalam o tempo todo... alguns terreiros de Umbanda... terços e escapulários em inúmeras barraquinhas pela rua."
Diário de Bordo
15/12/06
nossa muito legal ! palavras que descrevem muito detalhamente uma cidade !!! adorei adorei . abrçs a vc tatiana ...
JuNiN · Ribeirão Preto, SP 5/2/2007 13:32
Bacana esse diário aà hein...fiquei com vontade de mais.
Ótima imagem, parabéns.
muito obrigada junin e LetÃcia...definitivamente essa passagem por Juazeiro do Norte foi muito importante.Pude perceber que do meu paÃs conheço muito pouco...quase nada.
E foi mesmo necessário um diário pra registrar as sensações além de fotografias que trouxe de lá.
Zengzung, Parabéns pelo seu texto e pela sua imagem.
Muito bom!!!
Legal, Zengzung! Cores, detalhe, contraste, que olhar, hein??Parabéns.
Robert Portoquá · Adamantina, SP 8/2/2007 21:37
Olha a ZengZung aà gente!!!
Suas fotos são, como sempre, excelentes!
Desculpe não tê-la acompanhado desde a fila de edição. Tive uns dias profundamente atarefados por aqui.
Esta foto é particularmente expressiva daquilo que seu diário de viagem conta. Coisa bonita de se ver e de se ler. Publica mais coisa, moça. O Overmundo é uma casa para todos nós. :D
Abraços apertados do Verde.
p.s. saudades de você e do barbudo.
Que saudades de tirar fotos boas. Acho que até hoje não consegui provar a mim mesmo que sei usar bem uma digital.
Fernando Mafra · São Paulo, SP 9/2/2007 00:10
Prezada Tatiana,
a estetização da miséria é algo que está sendo muito criticada ultimamente. A forma como você se refere a Juazeiro do Norte nos sugere o fim do mundo. Apesar dos mendigos, prostitutas, velhas com vestidos coloridos, etc, é a cidade da esperança, da alegria, de uma fé popular que talvez não sejam bem visÃveis, mesmo para quem usa uma Canon EDS20D. Não vela transplantar nossa visão de mundo e nossos valores burgueses, urbanos e cosmopolitas para a realidade do outro. É uma questão de ética do olhar. Mas sensibilidade se afina e você deve ser muito jovem. Desculpe. Gilmar de Carvalho
O Gilmar fala com propriedade. Tem opinião. Deve ter suas razões para expor o que pensa no comentário acima. Eu vejo com outros olhos também. Mas sei entender que sentimentos fortes as desigualdades que tanto se escancaram neste Brasil continental podem provocar em quem tem percepção sensÃvel. Gostei muito da foto, Tatiana.
Vale lembrar que cenas fortes assim podem ser feitas em todas as cidades brasileiras. Sabe-se, porém, que em outras regiões do Brasil a miséria social e as desigualdades são ainda mais gritantes. Esta realidade deve servir de combustÃvel para que todos nós, pobres ou ricos, de valores burgueses, urbanos ou cosmopolitas, aceitemos de uma vez por todas a maior verdade: tá na hora de o povo brasileiro reagir a tudo isso. A causa maior, como sabemos, está na falência de um sistema corrupto, viciado e ineficiente.
Sim, Gilmar e Tatiana. Sensibilidade se afina, sobretudo a partir da juventude. Adiante!!!
Concordo com as palavras do Gilmar a respeito da estetização da miséria feita por alguns tantos, como o colega "fotógrafo tão laureado" Sebastião Salgado, que fez fortuna com o infortúnio alheio. Mas esta não é a proposta, ou o fazer da Tatiana. Conheço-a bem o bastante para saber que suas fotos, e seu diário de viagem, são fruto do efeito das imagens que viu sobre sua sensibilidade profunda e muito consciente socialmente. Talvez tenha ocorrido aqui uma má interpretação da proposta da nossa overmana.
Tenho certeza de que Tatiana teve sensibilidade para perceber a dimensão da imensa fé que se concentra na cidade de Juazeiro do Norte. Ela chegou a me falar sobre isso em conversas que tive com ela. Tenho também certeza de que não teve a intensão de estetizar, e muito menos se alçar, usando o infortúnio e a pobreza como escada. Não, de modo algum. Tatiana não fez nem faria isso.
Enxerguem estas fotos, e este fragmento de diário, como um testeminho de afeto e assombro ante a visão que teve. Tatiana é fotógrafa, mas sobretudo é gente sensÃvel. E o que ela nos mostra aqui é um extrato de sua sensibilidade tocada por Juazeiro do Norte.
E eu mantenho o que disse sobre a foto. Está bonita e expressiva, como tantas outras fotos tiradas por ela no local, ou em outras locações, que tive o privilégio de ver. A minha jovem amiga Tatiana tem um olhar agudo, mas sobretudo muito doce, sobre as fortunas e infortúnios das pessoas. É lÃrica, e não oportunista.
Entendo, portanto, suas crÃticas, amigo Gilmar. Mas acredito que tenham sido dirigidas indevidamente a este trabalho. Estamos aqui falando de uma moça que mostra seu assombro, e não de um fotógrafo que vende o infortúnio alheio para benefÃcio próprio.
Abraços do Verde.
Também acho que o Gilmar interpretou mal a publicação da Tatiana. Claro que o Brasil não é BrasÃlia, assim como o Ceará não é Juazeiro, sobretudo se compararmos o abismo entre o interior e Fortaleza. Miséria social é miséria social em qualquer lugar do mundo. E comove quem tem sensibilidade para ver e retratar a realidade. Não entrarei já puseram, com muita propriedade, panos mornos no assunto. Fico com a minha primeira impressão. Você fez uma foto que comove, Tatiana. Ficaria fulo se você trouxesse neste seu diário impressões sobre o lado maravilha, sobretudo dos palácios, carrões da grafinagem e shoppings que também são visÃveis por tudo que é canto e buraco desse paÃs. Sua foto vale meu voto.
Tom Damatta · AraguaÃna, TO 9/2/2007 13:57
Volto para uma correção...
No comentário anterior, eu disse isso...
"Não entrarei no mérito da questão. O rezende e o Daniel já puseram, com muita propriedade, panos mornos no assunto. Fico com a minha primeira impressão"
E acho que, no inÃcio do comentário, ficaria melhor assim...
"sobretudo se compararmos o abismo QUE HÃ entre o interior CEARENSE e Fortaleza."
Eu também gostaria de fazer um adendo.
Acredito que a crÃtica feita pelo ilustre colega Gilmar de Carvalho procede profundamente, e se aplica com grande propriedade a muitos fotógrafos não apenas do Brasil, mas do mundo todo. Meu ponto é apenas que aqui, nesta foto, no trabalho de Tatiana, não vejo procedência para estas palavras.
Respeito, e muito, a opinião de Gilmar. Mas gostaria de apontar que as intenções e a sensibilidade de Tatiana são muito diferentes das de fotógrafos "caça-miséria" que temos por aÃ. Além de minha amiga, e de ser alguém que conheço um pouco, Tatiana é uma moça dulcÃssima e que se toca, e compreende com profunda empatia, a dor e o prazer das pessoas. Não é por menos -- é, pelo contrário, por isso e por muito mais -- que ela é a companheira de um de meus melhores e mais queridos amigos.
Gostaria de convidar o colega Gilmar de Carvalho (quiçá meu parente distante, pois sou também Carvalho dos Costa Carvalho do Maranhão) e meus outros colegas overmundanos para conhecer um pouco mais do trabalho de Tatiana em seu flickr, que fica neste endereço.
Um abraço apertado do Verde.
Acho que antes de qualquer crÃtica dura, precisa haver diálogo.
É uma ilusão achar que nosso primeiro entendimento das coisas reflete com sabedoria o que uma outra pessoa quer dizer. É outra pessoa, afinal. Seus motivos podem ser de fato os piores, mas também podem ser outros, mais difÃceis de compreender se não escaparmos de conceituações óbvias, imediatas e julgamentos alienados.
Por que não perguntar antes "Tatiana, você não acha que está estetizando a miséria com essa foto?". Isso levaria a debate muito mais inteligente e maduro.
Se eu também quisesse ser preconceituoso, diria que a falta de gentileza no tom é muito mais infantil do que qualquer coisa. Mas não precisamos. :) Um toque já basta, né, Gilmar?
Aproveitando, queria dizer, em relação ao meu comentário acima, que ele vale não só para esta publicação, como para qualquer outra no Overmundo. Terra de gente gentil floresce mais viçosa. :)
Daniel Pádua · BrasÃlia, DF 9/2/2007 16:16
A foto está maravilhosa e a discussão lembra o clima sertanejo. A fé, de uns e outros, e a percepção que temos do mundo é dificil de passar em poucas palavras. As contradições do catoliscismo com a umbanda, as cores, os sabores e aromas que me suscitaram são muito ricas... parabéns.
Duende...Acho tb uma maldade com o Sebastião Salgado acreditar que suas intenções seriam de ganhar dinheiro às custas da miséria alheia.
Gilmar, por acaso você é o jornalista editor do Patativa do Assaré? Se for é um trabalho extraordinário. Adoraria conhecê-lo melhor. Ah, acho q às vezes acordamos assim um pouco mais chateados com as desigualdades do mundo, o que nos torna mais sensiveis. De qualquer maneira um abraço.
Meu amigo Claudio Careca, entendo sua defesa do Sebastião Salgado, mas tenho lá meus motivos para fazer tais afirmações...
Mas não quero me alongar na discussão sobre Sebastião Salgado. Quero pontuar apenas que esta é a minha opinião.
Mas se quiser tentar seguir meus passos, para entender meus pontos, te dou algumas perguntas e uma história:
"Quantra grana ele ganha vendendo aqueles livros carÃssimos de fotos da beleza e da miséria humana?"
"Há quantos anos ele se concentra neste tema?"
"Quanto do dinheiro recebido e, melhor ainda, quanto da energia dele foi empregada na tentativa de aliviar as dores que representa em suas fotos, da forma que for, onde quer que seja?"
Sebastião Salgado deu, certa vez, uma palestra na UnB. Um aluno da universidade (que, absurdo, teve que entrar escondido pois a palestra era apenas para convidados e os alunos da universidade não eram bem vindos) fez estas perguntas para ele. Sebastião nunca as respondeu, e o aluno foi expulso da palestra pela organização.
Abraços do Verde.
Sinceramente, Daniel Pádua... tascar um "falta de gentileza do tom" foi o fim da picada. Sobretudo depois da tua introdução conciliatória: "Acho que antes de qualquer crÃtica dura, precisa haver diálogo." Nem vou perguntar o que você acha da forma gentil como o Gilmar entrou "de sola". Diálogo, overmano!
Tom Damatta · AraguaÃna, TO 9/2/2007 22:29Ótimo trabalho. bela foto e belo texto. Descreve com uma riqueza de detalhes que chaga a ser poético. adorei!
Altair Fonseca · Rio Claro, RJ 10/2/2007 11:05
Um comentário que era para ser um e-mail, mas você não habilitou a opção receber msg, então só com comentário mesmo:
Habitantes do Overmundo,
Abri um tópico no Fórum: http://www.overmundo.com.br/forum/topico.php?topico=237 para combinarmos o próximo Encontro em BrasÃlia, que não será só um Encontro, mas também um Sarau... vai lá acompanhar e participar da organização do evento!
Abraços!
Tom Damatta:
Não sei se você leu com atenção, mas eu escrevi "gentileza NO tom" e não "gentileza DO tom". :) Ainda sobre a polêmica, eu perguntei ao Gilmar: "Por que não perguntar antes 'Tatiana, você não acha que está estetizando a miséria com essa foto?'".
O que você acha sobre isso? Acha que sempre é realmente mais produtivo para o debate "entrar de sola"?
Enfim, não tenho saco para entrar no eterno debate sobre que fotógrafxs estetizam ou não a miséria e outras mazelas humanas. No caso da Tatiana, eu sei que não é, pois a conheço pessoalmente. Sobre outras pessoas, não seria capaz de dizê-lo sem questioná-las pessoalmente.
Só desejo boa sorte aos que se sentem seguros o suficiente para "entrar de sola" com a arrogância de quem pensa compreender as intenções alheias a partir de um texto e uma foto.
Ana Emiliations:
Tamo drento, fia. É nóis. Tô colando lá.
nem eu havia entendido o mal entendido... :)
Daniel Duende · BrasÃlia, DF 11/2/2007 21:01
Daniel...
deixo para a própria Tatiane o direito de avaliar ou responder quem entrou "de sola" sobre esse papo de fotografia e estetização da miséria ou não. A foto e as impressões na publicação são dela. O primeiro julgamento, do Gilmar. O resto é o resto. Arrogância?! Pois é...
Tom... eu acho que houve um mal entendido. O comentário inicial do DPadua não me parecia ser dirigido ao seu primeiro comentário, o qual também não considero nem um pouco "fora do tom" Acredito que ele criticava a rotulação do trabalho da Tati como estetização da miséria, afirmação esta que você seguramente não fez. Talvez tenha mesmo ocorrido um mal entendido no trecho em que ele fala "gentileza NO tom". Acredito que ele não se referia ao Tom-você, meu amigo, e nem ao seu tom, se é que me entende.
Abraços do Verde.
Mas há mais uma coisa na qual eu concordo com o Tom:
Ia ser legal ouvir da Tati quais as intenções e o sentimento que ela buscou expressar com a foto e o texto, e o que ela pensa das colocações feitas aqui. Eu acho justo e saudável que o artista participe da discussão de sua obra.
Abraços do Verde.
Grande Duende!
Você acendeu um sinal "verde" para afinar o "tom" da conversa. Sem essa de sola e deselegância. Que se posicionem o Gilmar e a Tatiana. Ou nem isso.
Salve, verde!
"Dê cá" um abraço, Daniel Pádua!
Grande Tom, Damatta do Tocantins, fico feliz que o verdor da camaradagem e do diálogo possa voltar a reinar por aqui. :D
E vamos seguir com as conversas. Acho que Gilmar e Tati tem uma boa conversa por ter, se se dispuserem a tê-la.
Abraços apertados do Verde.
Conversa boa é conversa de amigo.
Carinho, gente.... carinho!
Parabéns Zangzung. Eu adoro as coisas simples que falam a respeito do nosso povo sofrido. Meus sinceros aplausos.
carlos Magno.
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