EU PRECISO DIZER ADEUS
Poesia selecionada para a I Antologia Poesias da Canon do Brasil, com mais 59 participantes selecionados entre mais de 700 inscritos .
I Prêmio Literário da Canon do Brasil, acontecerá na
20a. Bienal Internacional do Livro de São Paulo, dia 24 de agosto de 2008, domingo, às 19 horas, no estande Fábrica de Livros/Canon do Brasil, Pavilhão de Exposições do Anhembi, São Paulo, SP
I LOVE SAO PAULO
EU AMO SAMPA
Temos alegrias e tristezas nas grandes cidades, mas nosso coração
não deixa de amá-las...é o preço do avanço, das tentativas, do progresso...elas têm estórias de Amor...
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EU PRECISO DIZER ADEUS
Eu preciso dizer adeus
Às paredes que grafitam poesia
Do dia-a-dia das guias, das agonias
Do asfalto frio que não me vê
Na esquina da solidão
Da Consolação, cão faminto
Tão sozinho
Eu preciso dizer adeus
À fumaça das fábricas, dos carros
No proibido das faixas neon
Ao lixo, aos escarros
Aos trincados telhados
Ao quartel, ao cartel, patrulha
Aos negros gatos
Eu preciso dizer adeus
Aos prédios espelhados
Reflexos de mim, tempo molhado
À garoa da minha fé retrô
Nos trilhos, no metrô, à Praça da Sé
Aos ambulantes e andantes sem café,
Pedantes, arrogantes elegantes
Eu preciso dizer adeus
A toda gente que aqui não tem lugar
Ao parque que eu também corria
Que há poeira nas flores, no ar
No descanso no Ibirapuera
Beijos no Arouche, carinho fugaz
Carrinho de mão, verdura e limão
Velho moço, velha lata... idoso
Na casa papelão, na escadaria
À gritaria, aos fumantes. Droga!
Às Catedrais, ais.
Escadas rolantes, finos barbantes
Eu preciso dizer adeus
À minha amiga Paulista
Que tem pista e sombra que zomba
Nos spots e placas oportunistas
Dos trapezistas e alpinistas
Nas pernas de pau e sale
Preço da fantasia, álcool e gasolina
Do tostão, da creolina, fedentina, das Carolinas
Que perdi o passe e não vejo qualquer estação
Ao portão do não que arromba
Ao pedinte que ronda. Rapadura!
Eu preciso dizer adeus
Ao gelado da contramão
Do 13 ou 23 de maios já vãos
No sinal entoando vermelha paixão
Sem ensaios, desmaios
Do palhaço, do cordel, do cantador
Sem outdoor encantador
Eu preciso dizer adeus
Aos réus, às vitimas, aos fariseus,
Às chuvas de março e aos ipês no breu
Jacarandás de aço como eu
No barranco, furados pneus
Aos cartões picotados e afanados
Eu preciso dizer adeus
Aos pastéis, ao arroz e feijão sem vaidade
Baião de dois, de mil mornos e sem gás
À bandeira que agita a cidade
Tremula no rubro e negro de mim
Tremula... Tremula...
Nos carretéis dos andaimes
Nos motéis perfume
Eu preciso dizer adeus
À arquitetura, às abandonadas esculturas
À arte sem cor, só dor demolição
À loucura da meia-noite no corredor
Nos pontos de açoite e chorinho
À candura do menino vadio
Que vazio chora baixinho
No meio fio, no meio fio
Marginal, das marginais
Eu preciso dizer adeus
Aos filhos meus e teus
Estou por um fio de lamento
Sem tua mão quente
Nas valas, nos rios, nas veias
Da realidade da cidade
Do meu coração já doente
Eu preciso dizer adeus
Às cabeças, aos monumentos
Neste Imperial momento
Sem querer ter documento
Ser especial, espacial
Na nave de um Cometa
A me levar
À sorte, ao norte ou morte
E na janela sem nada dizer...
A Deus... a Deus...
Que tudo é normal.
Eu preciso dizer adeus
Adeus...
CÃntia Thomé
2008.
Você disse adeus. Mas, a cada dia volta um pouco mais, querida.
Parabéns pelo belÃssimo poema. E por engrandecer esta cidade com sua poesia.
Sampa precisa desse carinho
bjo
CD
É CD, eu li duas vezes, gravei a segunda,apesar de engasgar um pouco, mas quando acabei a segunda vez, eu chorei sabia...essa cidade é mágica...outro dia falei ela é bruxa e fada...mas mágica...
Obrigado Linda CD!
Ô Meu!
São Paulo acordou mais
transparente na poesia
de Cintia Thome.
Essa cidade que encanta
e assusta!
valeu poeta!
beijo,
Cidade de cimento, vidro e aço.
Estampando nos seres uma visão de concreto.
Tantas faces paradas.
Belo poema. De quem realmente
vive nessa megalopole que um dia
foi desvairada.
um abraço
Belissimo poema! muito belo!
Beijo no coração!
No blog da Compulsao Diaria
Obrigado bjbjbjbj
oi cintia...muito bom...sampa...é isso aÃ...
beijos
A São Paulo é maravilhosa, e sua poesia também, amiga CÃntia.
Já havia lhe dito, agora repito, sua voz é bonita na recitação.
Beijo, querida.
Cintia,
O que me impressiona no texto é que vc disserta o caos na sua e na minha cidade! em muitas parabéns...
beijinhos
claudinha
Esse poema é um beijo em São Paulo !
Um ato de carinho !
Um beijo !
Muito belo, como sempre
parabéns nobre poetisa
beijos
Poema com alma e identidade. Algo me diz que Mario de Andrade o declamaria feliz. :-) Parabéns.
Vanessa Anacleto · Rio de Janeiro, RJ 24/8/2008 18:49
Uaaaaaaaaaaaau, Parabéns, OSHF!
Sua poesias são eternas, belÃssimas...
Você sabe o quanto te admiro.
Bjs.
Demais,CÃntia!!!
De arrepiar e de_lirar!!!
Tanto a poesia como sua narrativa!!
Marvailhada!!!
Beijinhos blue-encantados...
Blue
Linda! Como dissera Papá Bauer, tudo a ver com São Paulo de Tom Zé e Sampa de Caetano. Linda! Parabéns pelo prêmio, mulherão!
Juliaura · Porto Alegre, RS 24/8/2008 23:06A cidade concreto precisa de você Cintia, precisa e muito das tuas poesias...
Higor Assis · São Paulo, SP 25/8/2008 11:29
" Acredite em mim" e "Preciso dizer Adeus" são irmãos,pois?!
Você não escreve, Você incendeia! Caramba.....rsrsr
ND
ooi Cintia,
Te ouvi e me emocionei, muito mesmo...
beijos no coração...
adeus...........isso é preciso!
bjs♥;;
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