A madeira daquele estreito corredor rangia a cada passo de uma corrida por minha vida, mesmo não entendendo oque estava acontecendo, cheio de duvidas e angustias eu sabia de apenas uma coisa: naquele quarto eu não poderia voltar.
Me lembro de quando cheguei aqui, -vamos querida, o papai pega você; era um hotel que ficava perto de uma pequena cidade, o dono era um velho solitário, no hotel haviam mais três pessoas, um casal de jovens recém-casados e o outro era um cara um pouco estranho, como se sofresse com algum distúrbio de personalidade, o quarto não havia nada fora do normal.
Nas primeiras noites ocorreu tudo normalmente, lá pela quinta noite ouvi um barulho semelhante ao de uma faca perfurando carne, acordei assustado e sem conseguir voltar a dormir levantei para checar se aquilo foi somente minha cabeça tentando me pregar uma peça, então pedi a minha filha molly que ficasse deitada.
Comecei a descer em direção a recepção, quando cheguei la estava tudo quieto e escuro, avistei uma porta atras do balcão e me aproximei calmamente da maçaneta. O velho dono do hotel chegou atrás de mim me alertando para não abrir aquela porta, ele havia dito que sua filha morava la e que nao gostava de ser incomodada. Sem pedir muitas explicações voltei para o quarto junto a molly.
Ao amanhecer eu e molly fomos almoçar em um restaurante no centro da cidade, a simpática garçonete que veio nos atender acabou perguntando onde estávamos ficando, expliquei a ela sobre o hotel meio afastado da cidade, mas ela com um rosto meio duvidoso respondeu que nunca tinha ouvido falar sobre.
Nos aproximando do hotel na volta, avistamos uma sirene, fui dar uma olhada para descobrir oque estava havendo, aparentemente a mulher do casal havia sido assassinada por seu marido, ele jurava não ter feito absolutamente nada, mesmo jurando a policia, foi relatado por seu psicologo que ele seguidamente tinha ataques de raiva.
Falaram que ele foi internado em uma clinica psicológica, continuei no hotel, admito que sinto uma sensação de tristeza por aquele casal, não sei explicar o motivo já que geralmente não costumo me incomodar com estranhos, na manha seguinte fui sair do hotel para ir até a cidade comprar alimentos e no caminho da saÃda encontrei com aquele estranho morador.
Ele repetia algo como “deve ser difÃcil reviver isso de outra perspectiva†enquanto passava suas mãos sobre as paredes, naquela hora veio a imagem de uma garotinha manchada de sangue sobre meus braços, ao mesmo tempo senti que faltava algo comigo.
Voltei ao restaurante do dia anterior para falar com a garçonete sobre o hotel e algo que faltava em mim, ela não se lembrava de mim e ainda havia me afirmado que nunca existiu um hotel naquela região.
Voltei correndo ao hotel para conversar com aquele estranho morador, na recepção encontrei com o dono sorrindo para mim, ele havia me dito “sabe... as vezes tentamos nos esconder no local mais confortável e seguro que temos, nosso cérebroâ€; naquele momento um flash de sirenes cegavam meus olhos, podia ouvir gritos de ameaça contra mim, mas novamente me encontrei no hotel.
Sem muitas respostas fui procurar o outro morador, achei a porta de seu quarto aberta então resolvi entrar, no quarto dele havia papeis colados por todos os lados, moveis jogados no chão, e o mais estranho, enquanto eu lia o nome “molly†nos papéis milhares de flashes invadiam meu cérebro.
-Papai, você não tem que tomar seus remédios? Dizia molly – Cale a boca, não ouse me dizer oque fazer, naquela hora me lembro apenas de uma faca, gritos, e ao final luzes vermelhas e azuis se misturando com o liquido vermelho cobrindo minhas mãos e o corpo de minha filha.
Novamente la estava eu, de volta no hotel naquele terrÃvel quarto, lagrimas escorriam de meu rosto e uma insana necessidade de sair daquele quarto me possuÃa,comecei a correr enquanto a madeira daquele estreito corredor rangia a cada passo de uma corrida por minha vida, mesmo não entendendo oque estava acontecendo, cheio de duvidas e angustias eu sabia de apenas uma coisa: naquele quarto eu não poderia voltar.
Cheguei a recepção não havia ninguém, perturbado e desorientado decidi entrar naquela porta atrás do balcão, quando eu abri avistei uma escadaria pouco iluminada, ela levava para um altar onde havia flores,textos sentimentais, e varias fotos de molly.
Quando me virei para trás estava o dono do hotel e o estranho morador me olhando, -você já entendeu? Perguntou o dono, -entendi oque? Que eu matei minha filha? Ou que vocês são lunáticos? –nada disso, nós somos você.
Mais inseguro possÃvel, assustado, e perdido, perguntei a eles –como assim, vocês são eu? Eles sorriram e me disseram tudo, -Quando você teve seu ataque de raiva acabou matando sua filha, foi preso e internado, em seguida você...
De repente meu olhos pesados e cansados se abriam lentamente, uma luz clara me cegava, o silencio era ensurdecedor, eu estava preso a uma camisa de força tentando levantar de uma especie de sofá, com uma mulher de terno me dizendo – volte para sua cela, semana que vem continuamos seu progresso para lidar com suas múltiplas personalidades.
Eu e minha dupla personalidade adoramos essa crônica !
Um beijo !
Um beijo !
Muito boa esta crônica Alexandre, vc tem criatividade e escreve bem.
LiRos · Cascavel, PR 8/3/2015 14:56Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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