Esta manhã me aconteceu algo surpreendente, creio que a maioria das pessoas ao lerem as linhas a seguir pensarão se tratar de algum devaneio ou alguma tolice de gênero semelhante, bem, o fato é verÃdico, acreditem ou não é o que passo a narrar a partir de agora.
Ainda meio sonolento percebi que o colchão sob minhas costas parecia mais duro do que de costume, não sentia nenhum tipo de coberta sobre meu corpo, uma brisa suave acariciava meu rosto e minhas costas não paravam de reclamar de tal leito, apesar do incomodo serrei meus olhos para tentar dormir mais um pouco, acho que consegui, não sei quanto tempo fiquei desacordado, talvez trinta minutos, talvez uma hora.
Uma pancadinha atingiu minhas costas, abri meus olhos e não pude acreditar nas imagens que penetravam minha retina; estava eu cercado por grades, no chão serragem suavizava o locam onde me encontrava deitado, alguns poleiros que imitavam árvores e balanços de pneus adornavam o recinto, mas isso não era o mais esquisito, muitas pessoas se agitavam na tentativa de obter a melhor visão, ou um ângulo privilegiado para uma foto, atiravam-me amendoins folhinhas de plantas, faziam algazarra para chamar minha atenção, grupos de crianças, adultos, famÃlias inteiras; pude identificar em meio ao mar de vozes algumas pessoas que diziam: "- Olha que safadinho, que sem vergonha, está se escondendo da gente! Ei, olha pra cá!"
Levantei-me, e de um só salto estava agarrado à s grades, como isso aconteceu não sei, era como se eu tivesse voado até ali, tentei falar algo, pedir para que me tirassem daquele lugar pois não estava entendendo coisa alguma, mas a tentativa foi inútil, pois ao abrir minha boca o que se ouviu foram grunhidos, a multidão aplaudiu, tirou fotos, e eu cada vez mais desconcertado, foram inúteis minhas tentativas de comunicação pois minhas palavras eram incompreensÃveis. Olhei para os lados e além do espaço bastante arborizado havia outra cela, nela um chimpanzé triste contemplava o nada alheio aos apelos da multidão, de costas para ela e virado para o fundo de seu cárcere, fechado em seu próprio mundo, acenava e mandava beijos para o lado errado onde não se encontrava ninguém, uma triste cena do abandono de si mesmo, sentei-me no chão e comi uma banana.
Sensacional esse conto. QQ semelhança com a realidade é mera coincidência. Querendo humanizar até que ponto da tristeza! Enjaulando nossa existência, de costas para o mundo real e para o espetáculo criado para palco de vida.
Rose Rocha · JundiaÃ, SP 13/2/2009 13:27
Obrigado Rose, sempre recebo com muita alegria os comentarios sobre meus textos.
Um abraço!
Sempre alguém atira uma banana, né ?
Um beijo !
Votado, verifique erros de digitação.
abçs
Valeu lauro, obrigado pela dica, é que não tive muito tempo para revisar, acabou saindo sem muito cuidado.
Luiz Cabelo · Porto Alegre, RS 13/2/2009 22:22Bacana Luiz, me lembra os primeiros contos do Gabriel Garcia Márquez. Parabéns!
Stella Tuttolomondo · Rio de Janeiro, RJ 13/2/2009 22:26
Não devemos nos preocupar com que atira algo, porqur quem tem flores, só joga flores!!!
Gostaria de contar com a sua opinião a respeito da cor que seduz??? Abraço e bom final de semana... http://www.overmundo.com.br/banco/a-cor-tambem-seduz
acho q o espirito de algum macaquinho te incorporou ? ! rsrs
Olha, se quiser te apresento meu analista, rsrs
(hummm ele me disse q é vc arrebentando a jaula dos pré-conceitos e pedindo aplausos... sera ? rs... bom tem os meus...adoreiiiiiiii o conto.
bjssssssss ;)
O tÃtulo nietzschiano e a idéia geral do texto são uma grande provocação à Humanidade.
Votado.
muito bom seu texto amigo, parabéns.votado.
O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 14/2/2009 07:50
Cláudia, Wancisco, Marquea, a idéia é provocar, como os pintores surrealistas, pintar as coisas do inconsciente, de maneira consciente.
Obrigado pelos comentários, sempre bem vindos!
DelÃrio ou pesadelo?
Acabei de editar seu texto.
Ivette G M
Darwiniano.
O chato não é ser macaco,
o chato é estar do lado de dentro das grades.
Talvez a vontade de entender de fato como se sente um bicho ou uma pessoa enjaulada o levou isso
Já me ''transportei'' muitas vezes e cada vez entendo menos quem aprisiona e muito menos quem gosta de assistir um bicho preso
Odeio casa onde se vende animais
Amei seu conto
Beijos
Humano,demasiado humano...estar enjaulado...o que se passa no subconsciente do ser aprisionado...uma viagem surrealista envolvente e reflexiva!
Gostei muito!
bluebeijos
Blue
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