Na esquina tem uma puta velha e feia.
Ah, sacrilégio!
Naftalina e unha roÃdas,
varizes e joelhos valgos.
Coitada!
No boteco, um bêbado cheirando a mijo
toma um 'Rabo de Galo'.
Um cachorro sarnento lambe suas próprias 'perebas'
e a noite esperneia tentando nascer.
Tantas mãos espremendo o útero da noite
___________e ele fede!
Há um cheiro acre no ar...
Fumaça, fuligem, fritura e urina.
Um bueiro e sua boca aberta num arroto
que quase ninguém escuta
ou finge não escutar.
[ Tem uma janela aberta...]
Alguém olha aquele olhar de peixe morto
e solta uma baforada - cigarro barato que cheira à mofo -,
e depois escarra ! Tudo vindo lá do fundo...
Podridão encarcerada.
Um carro passa. Soa uma sirene - e um grito na noite, ecoa.
Talvez um parto num quarto,
quem sabe um estupro num beco - vá saber!
Quantos ácaros naqueles colchões imundos e sebentos
mastigando suavemente a borda das escaras.
Uma criança caminha sozinha.
Se agacha escondendo-se atras do poste
e defeca!!
Sorrindo, defeca. E agachada, olha pro céu
e admira a lua de prata.
Um olhar de anjo... um sorriso sem máculas - depois
levanta-se e vai embora.
E isso ninguém viu. Nem mesmo eu.
Um olhar de anjo... um sorriso sem máculas - depois
levanta-se e vai embora.
Direto, na veia, sem meias palavras... poema intenso. Bravo, Luciah!
José Carlos de Souza · Santo Antônio de Jesus, BA 12/9/2015 20:29Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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