Já ia no Bar de Bigode!

É um buteco como outro qualquer em qualquer outra quebrada qualquer, paredes sujas, um monte de propagandas de cervejas, um balcão velho, o banheiro sempre com aquele cheiro de amônia, o dono sempre com um sorriso amarelo e cansado, a cerveja é gelada, tira-gosto duvidosos, e claro aquelas garrafas cheias de folhas, a televisão é nova e de longe o verde na tela me atrai, não acompanho futebol mais gosto de da pitaco nas conversas só pra ver o bicho pegar.

- Bigode, trás uma cerva ai!
- Skin ou Skol?
- A mais gelada.

Pego no bolso, sinto o volume do dinheiro misturado com o da massa. É a noite.

- E ai Franco, pega um copo ali.
- Colé nego, na hora.
- Tá quanto esta porra ai?
- Dois a dois, se o Bahia perder ta fora.
- Já ia né?
- É, e este barro?
- Ta rolando.
- Gool, vai caralho, time de puta, porra vai ficar no underground, hahahahaha!
- Underground? Hahahahahaha!

Lá vem Kátia, toda se bulindo, cabelo trançado, camisa de decote, os peitos bonitos, saia de hippie desenhando a cintura, “toda toda�.

- Eai galera, posso sentar aqui?
- Bigode! Trás outra e mais um copo.
- Eai Mobiu, este rap?
- Devagar e sempre. Cadê sua amiga?
- Que amiga, amiga é meu dinheiro, e tou dura.
- Pedrita rapá.
- Aquela puta? Tou com um ódio dela que você nem sabe. Descola um cigarro ai Franco.
- Porra, a sua é esta né? Corre atrás porra!
- Tá meu filho, nun quer dá nun dê.
- Toma ai vai, pelo menos vou me livrando desta merda.
- Sim Mobiu, aquela vaca, foi lá em casa ontem de manhã cedo, me gritando, dez horas da manhã.
- Dez horas?
- Sim, dizendo que a prima dela tava com um cabelo ai e que ia por um mega-hair nela, e se eu podia lhe emprestar meu Smart Card.
- Hum.
- Eu perguntei se a mãe dela nun tinha dinheiro, ela disse que a mãe tava dura, e que foi ela que mandou eu emprestar e nun sei mais o que lá.
- Eai?
- Eai eu de otária emprestei né? Ainda avisei pra voltar cedo porque de noite eu ia ter uma prova. Porra, deu seis, sete, oito e nada de Pedrita, me deu uma raiva, liguei pra casa dela, dona Maria atendeu, e disse que deu quatro reais pra ela ir botar um tal de um cabelo com a prima e que nun tinha voltado ainda.
- Tsc!
- Até hoje ela não apareceu, você acredita? Carlos tava até falando que ela deve tá fazendo bolo com meu cartão no centro e torrando tudo lá mesmo.
- Goooool, quatro a dois Mobiu, já ia, já ia Bahia, porra vamu nessa nego, caixão e vela, vamu fumar este bagulho.
- Olha lá Franco, olha quem vem descendo lá toda sacizada!
- Xiiiiii o bicho vai pegar.

Kátia Sá se levanta vira o copo, bate na mesa e vai.

- Bigode, amanhã agente acerta.
- É vamos nesta parceiro, a noite é uma criança.
- Pega uma seda ali.


“mais quem sou eu pra falar de quem cheira ou quem fuma?�