LISA

LISA


Lisa perambulando pela Paulicéia
Lisa: louca, lesa, liberta.
O Teatro Municipal restaurado,
O Anhangabaú, restaurado;
Lisa legal: restaurada...

Vai lisa, tanta gente,
Que cruza gente também lisa
Rostos, caras, Lisas;
Lisa observa todos in loco.

Corpos, taras, cultos;
Pivetes próximos. Ocultos;
Lisa absorta: Inculta.

Lisa assustada. Espantada.
Vê-se indefesa, cercada.
Cercada pela cilada
Pela cilada da Cidade;
Da Cidade restaurada

Dos pivetes restaurados
Menininhas, menininhos restaurados.
Restaurados pela cana.

Cola, coca, cana...
Cola, coca...
Coca cola...
Cana...

Restaurados pela bagana.
Gana! Passa a grana!!!
Lisa lisa, o que fazer ?
Se foder!!!

Entrega bolsa, blusa, sutiã.
Calcinha, cordão, talismã.
Mão nos peitos, na bundinha, na boceta...
Mão na cara: Porrada!

Dor e pânico: Emboscada
Lisa tonta de medo e dor
Lisa melada
Lisa fedor.




Lisa livre, linchada, largada.
Porém presa. Pavor preso: Terror!!!
Medo novo, medo outro, medo mesmo.
Medo do medo de ter medo:
Medo.

Do católico, do ateu.
Macumbeiro, protestante;
Do judeu.

Lisa careta;
Lisa ligada;
Lisa carente;
Lisa fodida;
Lisa perdida.

Perdida, Lisa desliza pra fora de si,
Da cidade, da fé. Da cidadania
De São Paulo – de Todos os Santos – da Bahia.