Cansado de rever as negociatas, malas e falas da polÃtica, que invadem a televisão, os jornais e a internet, resolvi falar do nosso velho mundo animal. O estranhamento das relações humanas, não raramente, me remete à s areias da Costa do Esqueleto e do Kalahari, aos pedregulhos de Atacama, à s folhagens de Bornéu e Sumatra, à s águas perdidas do delta interior do rio Okawango e à s profundezas dos mares, onde estão os bichos.
Não poderia deixar de observar que, sendo os homens também animais, muitas vezes a realidade dos documentários e das enciclopédias se confunde com o nosso mundo de bestas pensantes. Assim, considerando que existem mais coisas entre o céu e a terra do que imagina nossa vã biologia, passo a comparar dois intrigantes seres que povoam nossos mares: o polvo e a lula.
A Lula, como o polvo, é um molusco cefalópode - daqueles bichos estranhos que têm os pés na cabeça. Embora pertençam a espécies diferentes, guardam entre si algumas semelhanças visÃveis: fazem corpo mole e habitam o mesmo ambiente Marinho, como retratam fielmente as novelas da rede Globo. Esse fato indica uma origem ancestral comum, ainda que remota. Não existem provas conclusivas, mas alguns estudiosos desconfiam que a lula veio do polvo e evoluiu para uma espécie diferente, esquecendo-se rapidamente das suas origens.
Com a intenção de facilitar o entendimento da matéria, especialistas catalogaram algumas das caracterÃsticas fÃsicas e sociais da lula:
1. tem cabeça mole, mas não é tão burra quanto parece;
2. quando acuada expele uma tintura preta, semelhante a uma "cortina de fumaça", que confunde seus inimigos, fugindo com grande agilidade das situações de perigo;
3. tem a capacidade Ãmpar de meter-se em lugares muito apertados, saindo sempre incólume;
4. possui a habilidade extraordinária de alterar suas formas rapidamente, mimetizando-se com o ambiente em que se encontra e evitando a ação dos predadores;
5. tem a capacidade de meter os pés pelas mãos;
6. não sabe nadar, mas rasteja muito bem, rente ao lodo;
7. ambiciona dominar o ambiente em que vive, mas não consegue estender seus tentáculos além da própria toca.
A espécie, ocorrente no Brasil, tem parentes próximos nas Américas. Acredita-se que seja uma subespécie de animais encontrados nos mares de Cuba e da Venezuela. Além disso, descobriu-se, recentemente, um outro animal vindo do polvo, com semelhante aparência, ambição e estupidez, vivendo em lagos do altiplano boliviano.
Apesar das diferenças existentes entre a lula e o polvo, verificou-se que, a cada perÃodo de quatro anos, nos meses que antecedem outubro, a lula tende a relembrar seu passado remoto, lançando feromônios nas águas turvas e cortejando o polvo para um acasalamento hÃbrido e estéril.
Excepcional este seu estudo sobre animais da nossa exdrúla fauna.
Gostei demais.
beijos
Jario, perdão pelo erro. Quis dizer exdrúxula, claro.
Vim votar e dizer que já está publicado no blog.
Obrigada.
beijos
Alô, Saramar.
Temos mares poluÃdos e florestas devastadas, mas uma fauna cada vez mais rica! Obrigado pelo voto e de nada pelo empréstimo para o seu blog.
Nossa!
Grande observador da fauna exótica marinha! Inclusive suas ramificações e subespécies pelo continente...
Brilhante.
Abraços
Jairo!
Adorei teu texto, acho que precisamos melhorar nossa concentração na observação das coisas, principalmente, na contemplação a natureza.
Abraços
É, Jairo, as semelhanças entre os dois animais retratados e a realidade deste paÃs não dista muito não... Tema tratado com maestria, tÃpico de uma grande inteligência e sensibilidade à s coisas contemporâneas... Parabéns... Estou na ediçao com http://www.overmundo.com.br/banco/do-livro-dos-esquecimentos-parte-i...
Abraços...
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