MAIS UMA CAVEIRA?

Mais uma caveira do genocídio do Khmer Vermelho? Não. Então um crânio humano achado em uma vala clandestina a esconder os corpos de uma das inumeráveis chacinas brasileiras? Também não.

O que então?

Parece um crânio humano, não é mesmo? É a primeira associação que se faz ao bater o olho em cima. Após voltar de mais uma de minhas tantas expedições ao campo em Caseara-To, ainda com a foto na máquina, mostrei a um amigo e ele me disse: “Não é de gente, é de macaco!� Soltei uma sonora risada que o deixou encabulado.

Eu disse: “Não é de macaco�. Ele retorquiu: “De gente é que não é!� De fato, nem de gente, nem de macaco. Nem caveira é, mas parece. O que é então?

Um coquinho de piaçava (palmeira rasteira sem caule), comum na região cujas folhas (palha) são muito usadas para a cobertura de casebres.

A ação de furá-lo (os dois olhinhos, às vezes três) é encargo de insetos em busca de alimento após a queda do fruto maduro.

Por parece muito com o crânio humano, por isso mesmo vulgarmente chamado de “coco�, lembrei-me de um diálogo na imprensa entre o então presidente-general João Figueiredo e os jornalistas, aí pelo início da década de 1980. Os jornalistas lhe perguntaram mais ou menos assim: “Se o senhor fosse um trabalhador brasileiro, obrigado a viver com um salário-mínimo, o que faria?� Soberbo, ele disse: “Daria um tiro no coco!�