"Memórias de uma Alma"

Eu ando estranha. Sim, por vários motivos...
E mais, não posso simplesmente ignorá-los porque seria o mesmo que
Ausentar de mim mesma, dos meus pensamentos, dos meus olhos ardendo em lágrimas, do meu corpo em brasas de agonia, do meu coração explodindo a cada contração... Sim isso tudo me define e me faz saber que ainda estou viva, o quanto viva!
Queria adormecer até não mais me avistar enquanto corpo...
Eu sei o quanto é duro e triste aborrecer a minha essência...
Porém essa urgia, revela minhas virtudes: força e paciência.
Toda essa verdade incoadunável reflete em minhas ações, comportamentos e, sobretudo nas minhas escolhas.
Sinto-me nua, sem a casca que cobre o meu eu [in- visível .
Sou vulnerável e fundida à essa matéria tão
Sublime, tão complexa e harmoniosa...mas sem mim, apenas lixo orgânico, pouco proveitoso.
Sou toda miúda, mas indecifrável... Minhas dimensões incalculáveis, como quem me criou.
E dentro desse espaço limitado, sinto-me infinitamente segura, apesar de muitas vezes a fadiga comprimir o meu vazio...
Mas enfim, fico feliz em saber que minhas razoes existenciais não dependem de algo tão superficial e transitório, mas de uma profunda e geométrica incidência num tempo e espaço jamais conhecidos pelo entendimento comum ou mesmo sobrenatural. E assim me identifico, me aceito e me compreendo.