Minha rua, meu presépio!
Fátima Venutti
Ao abrir a cortina para um novo dia, principia a sinfonia da vida, no agitado e concorrido passear dos carros. Vidas, rotas e rotinas se alternam no levantar das portas do comércio. Minha rua, inda que curta, guarda durante o dia vidas, sonhos, amizade, pressa e ambição. À noite, solidão.
Pela janela, roubo o prazer de um rápido café, esticado na calçada, em bancos nostálgicos, conversas confessadas, segredos profissionais, fofocas alteradas - o velho “dedo de prosaâ€... Ali, bem na esquina, o colunista do jornal troca informações para a próxima lauda. Ai... Saudades de minha infância, em outra rua... outra cidade, outro estado, outros tempos... de ingenuidade.
Minha rua tem uma choupana de sonhos, desejos Ãntimos coligados nas vitrines sem pudor, promessas de eterno prazer. Ah, que saudade das noites natalinas em que transformaram a copa das árvores em sonhos de criança: luzes, luzes, luzes. Vasta magia. Visão que transformou seus moradores em puro orgulho. À espreita, a mostra privilegiada da “minha janelaâ€. Minha rua é minha árvore de Natal, um desejado Tannenbaum.
Durante o dia, a vida exala odores gastronômicos, instiga o paladar, revolve as metáforas de suas cozinhas. Final de tarde, vão se retirando de cena todos os atores principais e coadjuvantes. Este palco silencia em profunda e necessária solidão. É nesta vida que comungo meus sonhos, que roubo, das vidas que a passos largos dançam a valsa da correria, a inspiração para pintar a minha própria sina, numa tela com cheiro de jasmim.
Esta, a minha rua, tem em cada esquina uma peça do presépio que montamos fora de época, mas que desperta certamente a cada dia: a nossa própria vida. No fechar das cortinas, encontro as luzes do último natal, esquecidas na copa da velha oliveira.
Texto composto da época em que morava na Curt Hering, rua central de Blumenau. A propósito, a rua mais linda na época do Natal. Os comerciantes se nunem e iluminam as árvores e as fachadas das lojas. À noite, pura magia.
Ai que saudades...
Todo mundo se lembra do verbo ( comprar ) mas se esquece do substantivo ( Jesus ! )
Um beijo !
Sua tela de jsmim é deliciosa e sua rua en cantadora... q sorte... Aqui só tem fumaça de carro, estamos literal/ intoxicados de monóxido..argt coff coff..
Minha rua é minha árvore de Natal, um desejado Tannenbaum.
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Durante o dia, a vida exala odores gastronômicos, instiga o paladar, revolve as metáforas de suas cozinhas. Final de tarde, vão se retirando de cena todos os atores principais e coadjuvantes. Este palco silencia em profunda e necessária solidão............
Salve "Linda e Bela" Santa Catarina !!
Não tem quem não registre um pedaço de vida feliz no gigante presépio das ruas !
Muito legal
Fátima,
Embora conheça Blumenau apenas de passagem, tenho referências de amigos que lá residiram, dizendo-me que no Natal, as casas ficavam abertas para que qualquer um pudesse participar da ceia, se verdadeiro, acredito que dado a violência urbana essa pratica deve ter sido abolida, o que será um grande perda.
Beijos
muito bom seu texto, amiga Fátima
prazerosa leitura!
beijo,
ei fátima...que bela descrição de sua rua...fez-me imediatamente lembrar de uma das primeiras poesias que me marcou muito na minha fase colegial...é (a rua da rimas) de guilherme de Almeida...que deixo para você.
"A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,
direita, estreita, bem feita, perfeita,
com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais;
e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,
douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;
e um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço laço e basso;
e algum piano provinciano, quotidiano, desumano,
mas brando e brando, soltando, de vez em quando,
na luz rara de opala de uma sala uma escala clara que embala;
e, no ar de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde;
e de noite, no ócio capadócio,
junto aos lampiões espiões, os bordões dos violões;
e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que me mata...);
e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio...
A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher que bem me quer
é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calçadas nuas,
correndo paralelamente, como a sorte indiferente de toda gente, para a frente,
para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito, bendito, que sempre repito
e que rima com mocidade, liberdade, tranqüilidade: RUA DA FELICIDADE..."
beijos
Fatima.
legal seu texto
Blumenau já é linda, tão florida...
mas no Natal se torna inesquecÃvel.
bjs
Belo texto, Fátima, trazendo recordações felizes e qause antecipando o Natal que já abre as suas janelas para a entrada da fé e dos sonhos.
beijos
Noélio
O natal está chegando , mas não devemos esquecer que nossos corações tbm tem que se enfeitar com esse espirito de amor e paz que chega . Bjs...
delen · Cotia, SP 10/11/2008 00:26Mais um lindo texto ,fiquei encantado com a magia de sua rua ,todos nós temos lembranças boas de nossa infância e essa de sua rua está de parabéns ,muito lindo texto nota 10,beijos e muito obrigado .
Edson Alves · Rio de Janeiro, RJ 10/11/2008 09:10
Senti o gosto do passado de minha ruas-presépios tb.
Ainda mais aproximando-se o Natal, daà o "bicho pega"...rsrs
Lágrimas é pouco...
Efetivamente muito bom, cara poetisa !
beijo e votado
No fechar das cortinas, encontro as luzes do último natal, esquecidas na copa da velha oliveira.
Ultimamente acho que o natal termina antes de começar.
Este é o sentido atual.
Bela cronica.
um abraço
Se há o presépio, há o menino que a menina viu em luzes e não mais esqueceu, e dele nos lembra, agora, todo dia.
Adroaldo Bauer · Porto Alegre, RS 11/11/2008 09:54
Linda crônica Fátima, como é bom viajar pelas ruas inquietas da nossa infância, ah, como é bom!
parabéns querida!!!
Parabéns por esta maravilha.Já estou sentindo o cheiro de Natal no ar.
Esta cronica veio bem a tempo,já que estamos vivendo este clima natalino.
Uma das grandes alegrias é saber que sempre teremos Natais e presépios.Mas não é repetição é vida em ação.
Que Deus a abeçoe e inspire sempre.
Um abração Arlete
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