Entre ritos e mitos...Entre atos e fatos...Entre falas e silêncios...Entre ditos e esquecidos...Entre lembranças e saudades... Fez-se a vida em sociedade, e eu me fiz humano e civilizado. O que eu não sabia é que nada é mais desumano do que a civilização. Hoje, sinto que minha subjetividade está algemada, e esta prisão tem nome: Modernidade.
Ludibrio meu cárcere viajando à s minhas saudades. Consigo assim, construir contentamentos em meu existir. Reencontro com lembranças quase esquecidas que estavam recolhidas nos lapsos da memória, e movido por uma nostalgia doÃda, junto os ‘retalhos’de pensamentos adormecidos que ainda se fazem presentes, acordo-os, e confecciono distrações. Envolvido com esta satisfação por rememorar meu passado em imagens presentes, começo a sentir saudades de ser o que já não sou. Uma saudade diferente. Saudade de ser criança novamente.
Emoção, esta é a sensação que tenho quando volto às origens. Neste retorno ao passado, visitando minhas memórias, promovo um encontro comigo mesmo. A satisfação é maior no momento que revivo os ‘causos’ do meu avô; a música de viola de meus tios; as ‘receitas’ que meu pai, sentado em sua cadeira de palha, ‘tecia’ pra gente ser feliz; os sabores da comida caseira que minha mãe preparava no fogão de lenha... Enfim, coisas simples de uma vida rica de magia.
Agora sou adulto, e me tornei órfão dos hojes que se negam a recolher as sabedorias dos ontens. Não compreendo, porque os instantes recusam os distantes, e nos projeta rumo à maioria dos nós que nos afasta de nós. Só sei que me adeqüei ao suportável e ao sofrÃvel, para conseguir tolerar ao intolerável. Se ao menos, eu soubesse ontem o que sei hoje, não teria medo dos esconderijos do silêncio. Escaparia de todos os modelos: duais, dicotômicos, dialéticos... Porém, eu não esqueceria que o cinza é "filho" do preto e do branco.
Hoje faço dos meus sentidos o reverso das lógicas. Concorro comigo mesmo. Consigo ver melhor com os olhos fechados. Minha visão tem apurado meu paladar. Meus óculos auxiliam a minha audição. Minhas dores anestesiam a minha alma. Não sou um conceito opcional, sou prioridade em todos os modos de pensar que mantenham acesa a chama da dúvida.
Cavalgo na pele de águas desconhecidas sobre ondas alucinadas em busca do nada. Sinto os redemoinhos provocando gotas de um orvalho ainda por acontecer. Ouço o eco do oco que formata em meu labirinto um som incompreensÃvel, mas perceptÃvel a olho nu e audÃvel em contato com o olfato. Sublime a junção dos sentidos que me devolve ruÃdos enriquecidos por murmúrios que se perdem dentro de burburinhos de vozes ainda sem vez para compreensão dos ‘normais’.
Mergulho na superfÃcie da vida e descubro que o tempo passou e as perdas foram inevitáveis. Agora vivo minha lucidez, aguardando um reencontro com minha inocência. Inocência? Talvez, trocaram seu nome, e hoje a chamam de experiência. Por isso, acolho as minhas necessidades, e me valho do desconhecido. Lá, ainda estou isento de opiniões.Lá, sem entender encontro meu existir dentro dos meus vazios. Lá, convivem bem o que eu sei e o que eu não sei. Lá, sou parte do que penso e também do que não penso, Lá, sou utopia, sou sonho, sou esperança, sou tudo e sou nada. Lá, sou puramente instinto...
Ah! Eu preciso de um sorriso de criança em todos os dialetos. Alguém pode conseguir?...
... é só ver o mundo com os olhos dela.
Q texto poetico mais liiindoooo !!!
mexeu com minha emoção. Q maravilha.
Obrigada.
bjsssssss ;)
BelÃssima obra... adorei a leitura, trouxe reflexão e tanto sentido com a vida... sem comentários, fantástico.
Rose Rocha · JundiaÃ, SP 13/2/2009 13:18Muito obrigado a Cláudia e a Rose, sou inicante, mas tenho vontade de continuar escrevendo...
Zico Carvalho · Rondonópolis, MT 13/2/2009 22:32
sinta-se beijado em agradecimento pelo belo texto.
;)
..."Ah! Eu preciso de um sorriso de criança em todos os dialetos. Alguém pode conseguir?..."
Sorri olhando no espelho: esquece o pente, o barbeador, a pasta e a escova de dentes, a espinha madura, a ruga , o cabelo branco, negro ou de qualquer outra cor... Sorri, apenas isso, e deixarás no espelho um riso de criança, ainda que não estejas presente para ver.
Abraço fraterno,
herculano
BelÃssima prosa poética, meu caro!
Parabéns!
Tomei emprestado e guardei no coracao, seus questionamentos!
Creio que eles sao realidade para cada um de nos...
Muito lindoooo!
Se encontarar uma resposta inocente, por favor me diga1
Bjosss mineiros.......votadissimo!
Obrigado gente, é muito bom ler os seus comentários.
Beijo a todos.
Oie!!!
Amei seu texto. Belo.
Beijos poeticos
Cheiros
Carvalho, a meu ver, teu texto transcende; todo cuidado é pouco acerca desse monologismo que desperta em qualquer ser inquieto a beleza inquietante de existir. Um retrato fiel da bifurcação dos seres “superioresâ€.
Queria falar mais e mais, mas sofro nesse momento e não há palavra que diga que expresse meu sentimento para com o seu escrito.
Abraços
"Deixai vir a Mim os Pequeninos"! Com eles temos tudo a aprender. Abraços e Paz na Terra. jbconrado.
ayruman · Cuiabá, MT 23/7/2009 16:59
Essa foi uma das mais belas viagens interioranas que fiz nos últimos tempos. Desde a passagem pelas pradarias de Minas Gerais à terra do Principe dos Poetas "Guilherme de Almeida".
Interior e interior!
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