Foi só um zumbido para me despertar.
E mal sabia a dona do zumbido que era disso que eu estava precisando: despertar.
Coçei os olhos, olhei o quarto aconchegante do chalé, levantei.
Abri a janela, desci as escadas procurando por algo, talvez uma estrada.
Resolvi caminhar pela trilha.
Desde que percorri aquela trilha pela primeira vez, algo mudou dentro de mim.
Voltei nela ontem pela tardinha.
Achei-a sinistra. Tinha chovido, o chão, bem cuidado, de terra batida, estava ainda molhado e frio.
Haviam pingos nas folhas dos bambus, arrepiei.
IncrÃvel como aquela trilha mostrava passos. Meus?
Cada lugar que eu passava, ficava atenta.
Até um simples cipó, emaranhado nos bambus, queria me dizer algo.
Dizia e eu escutava.
Meu coração ofegante concordava.
Senti que o universo daquele lugar, onde folhas, teias de aranhas, tocas de coelho, ninhos de passarinhos, até um broto de bambu que despontava do solo, todos, todos, queriam entrar no meu universo e mostrar a minha trilha.
Então olhei para trás, vi uma estrada, diversas encruzilhadas, onde optei por caminhos desconhecidos.
Alguns com muitos obstáculos.
AH! Esses aprendi a retirar algumas pedras, levantar dos tombos que levei. Valeu, valeu!
E agora? Estou na trilha dos cinquenta anos.
Descobri que não quero ficar com o pé no chão.
Um passarinho me contou, na trilha da minha chácara, que voar é lindo, para eu não desistir nunca.
Ainda deu-me um conselho:
---Chega lá em baixo só para se energizar na terra, bom mesmo é seguir... de encontro ao infinito.
Voltei mais leve. Vou me aconchegar debaixo das minhas cobertas, com meu bem querer.
Só não quero outro beijo de muriçoca.
Li em algum lugar que o que importa não é a chegada e sim a maneira de viajar. É não ficar de olhos fechados para os encantos do caminho.
E eu acrescento: e aprender com os tombos, e ficar mais resistente com a dor sofrida, pois um galho de árvore, onde trinca, se recupera, forma um calombo e ali fica mais forte.
Que passemos bem pela trilha dos cinquenta. A meta agora deve ser a trilha dos cem!
Voe, anamineira, mas não deixe de pisar a terra batida, de usufruir o frescor do orvalho, pois que frescor há ainda nesta trilha. E vê: não é sinistra: pode ter trechos sombrios, recantos obscuros, ainda não conhecidos...
Quanta coisa ainda há a explorar, experimentar, e quantas surpresas.
Quem sabe esta trilha a leve ao mar ou ao ParaÃso?
Oi Ana, que bom é ler-te!
Pois é, o Onivaldo está certÃssmo. Esse home é sábio, viu?
às vezes, precisamos de um pequeno "zumbido" para despertar os sentidos para vida. Ainda que nas própria trilhas. Chegar a essa trilha com serenidade, tranquilidade e sobretudo consciência, é para poucos. E você está nos mostrando que caminhar é preciso...
Caminhe sim por aÃ, "leve livre e solta". Nessa estrada, vale a pena!
Beijos querida!
Onivaldo,
Seguirei seus sábios conselhos.
Agradecida.
Abraços,
Branca, ando mesmo sumida.
Atravessando uma trilha complicada. Já, já rumo ao mar, como diz o Onivaldo. Brotou até sentimentos que me inspiraram a escrever, graças à Deus.
Seu comentário alegrou minha manhã.
Abraços,
ana,
que bom ter você de volta, e de quebra com um texto saboroso, leve e profundo ao mesmo tempo... é, a trilha dos cinquenta, assim como a trilha dos quarenta, dos trinta, assim como qualquer trilha, requer nosso olhar para dentro e pede meditação: afinal, o que é viver? afinal, quais são nossos caminhos? o que nos importa, afinal, neste nosso caminhar? é muito dificil, e sei que filosofar não vai resolver nossas questões do dia a dia, mas é sempre bom enveredar por estas trilhas, fÃsicass ou mentais, e pondera\r, sopesar, questionar e buscar mudar, se preciso for... e relevar, relevar muitas coisas, e perdoar, perdoar demais, e amar sempre e desmedidamente, pois amar é única coisa que realmetne importa na vida... amar o amor swem medida e sem exigência de reciprocidade... e, claro, escrever belos textos como esse seu, que me adoça a alma e me alegra o coração.. beijos do mano alvinopolense e amigo do mundo. Danilo
Querido Dan,
Até brotou um pingo d'água bem aqui, oh!!! No canto dos zóios.
Saudades das nossas trilhas em comum. Andamos juntos algumas vezes.
Agradecida pelo comentário.
Beijos
Ana, que bom vê-la de volta.
Se a trilha for assim, cheia de reflexão e beleza, vamos todos, vamos juntos.
beijos
DelÃcia sua presença, seu comentário.
Coração pulsando , na estrada da vida. Alegria! Alegria!
Abraços,
Como a natureza nos ensina , não ? !
Nossas marcas... nossos caminhos...
e chegar aos 50, 60, 70... olhar pra tras e nao ter
do que se arrepender.
Muriçoca ? é , dessas as vezes nao conseguimos nos livrar, rs
bjsssssssss;)
Beijo de muriçoca não, mas ouvir a voz de Deus no canto dos passarinhos isso é puro merecimento minha amiga conterrânea das Gerais.
Saúde e Paz na Terra. jbconrado.
Gostei. Acho que todos temos referências de trilhas comuns e especiais. A possibilidade de sentidos figurados é múltipla. O despertar sempre necessário... Parece que a agitação do mundo acaba por impor certa letargia. Nada como enveredar por certa trilha e crurtir a distanciação. abcs. Zemh
Zemh Teixeira · Belo Horizonte, MG 10/2/2013 15:03Agradecida pelo comentário. Muito bom reler,depois de 06 anos, algo que a gente escreveu. Hoje são novas trillhas. Caminhos importantes, alguns até sem rumo. Gosto de surpresas lá na frente. Abração pra voce.
anamineira · Alvinópolis, MG 13/2/2013 14:16Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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