Um amontoado de telhas na porta do velho barracão,
um vaso sanitário quebrado no canto do muro (lembro do banheiro da antiga casa, as paredes em tons de verde musgo, torneira dando choque, achava importante ter um chuveiro em casa, meus vizinhos tomavam banho de caneco ou de bacia), o forno de barro também quebrado, uma velha mesa, faltando um pé, encostada na velha goiabeira, enfim, um quintal abandonado.
Quando Nico era vivo, seu quintal anunciava sempre um novo nascimento, ora de uma ninhada de pintinhos, ora por entre as ramas, escondidinha, uma abóbora, ora um botão na rozeira branca.
Lá pelas cinco da matina, dava pra ouvir o barulho da sua enxada nos pés de mandioca.
Seu quintal era uma festa!
Para cada tempo, preparava a bendita terra para um grande acontecimento.
Em março, vestia a horta com canteiros em vários tons de verde (alface, couve, cebolinha, salsa, agrião).
Chegava com um ramalhete de verduras e sentia prazer de deixar na cozinha para serem degustados.
De quebra, enchia os bolsos da velha bermuda, de goiabas, mexericas, laranja e jambo para a sobremesa.
Dava gosto ver o velho Nico chegando do quintal,
todo suado, as mãos e os pés sujos de terra, assoviando uma cantiga.
Feliz da vida, contava que viu um buraco de Tatú, no ninho do Sabiá apareceu um ovinho, na semana seguinte já dava pra chupar da cana caiana, seu dedo mindinho estava coçando muito e que era um danado de um bicho de pé, dos brabos! Até lembro dele dizendo:
---- De tarde um docês dá um jeito nisso pra mim, minhas vistas não tá lá essas coisas!
Tomava um bom banho, vestia seu terno surrado (calça e camisa) e todo satisfeito abria as portas do seu comércio, onde os raios de sol inundavam e esquentavam todo o ambiente, abençoando seu amado trabalho.
As pessoas iam e vinham, nos seus afazeres, recebendo um cumprimento afável do Sô Nico do Bar, assim era conhecido.
Como era doce meu velho!
Oi. Cheguei prá tomar um cfezinho com ceis uai. Que beleza de conto. Dá até saudades de minha tão longÃnqua infância na velha fazenda de meu Vô. Saudade vai , saudade vem. Saúde, alegria e cismação de Mineiro no banzo.!
ayruman · Cuiabá, MT 3/7/2008 12:54
Ana,
"Era mesmo doce o velho Nico"... ... e eu saboreando o doce velho Nico nos favos de mel das palavras de Ana!
Parabéns. belo conto!
Um aBRAÇO minha querida Ana, Marluce
QUEM DE NÓS NÃO TEVE O SEU VELHO NICO?
VALEU, ANA.
UM ABRAÇO NOS GERAIS.
Ana,
Sua criatividade merece todos aplausos. Bjs.
Oi Ana, seu Nico é quem era feliz!
Pois ainda hoje, ouvindo as suas estórias (contada por vc), temos a sensação dessa felicidade com os sabores desse qunital...
Beijão
Ana,
que delÃcia viver assim, entre a natureza e seres humanos tão belos!
Abçs de Betha.
Ana,
Retornando para deixar meu carinhoso voto.
Bjs
Bela homenagem e narrativa!
Parabéns
votos e beijo
Verdade Ana, antigamente as pessoas se contentavam com menos e bastava tão pouco para ser feliz. Bela narrativa.
Bjsss e votos
Saudades de você, Ana mineirinhAmiga.
Beijos e votos,
Regina
ana, que cronica linda sobre seu pai... doce e envolvente...leitura gostosa e saudade doÃda... Abraços Tê
teprimola · BrasÃlia, DF 6/7/2008 22:12Ana, tava com saudades dos teus textos... esse, então, tá um primor! Lembrou-me exattamente seu pai, como também sempre me lembrei do meu, que vc tamb´[em conheceu abem... ambos figuras impares, humanas, engraçadas e amorosas... sua crônica sai do fundo dda alma, é saborosa como as frutas do pé, é fresca como as verduras na mesa da cozinha. Uma homenagem muito bacana à memória do seu pai...Parabéns, aninha, vc. escreve muitissimo bem!
danlima · BrasÃlia, DF 6/7/2008 22:15
Ana, deu pra vislumbrar um monte de coisas. Os rebuscamentos estragam muito do mundo. Certas vezes há maravilhas a nossa volta e plantamos nossos sonhos por terras distantes.
Salve, Ana, Anagrama.
Oi. Cheguei atrasado prá tomar um cafezinho com ceis uai. Que beleza de conto.
Voto Confirmado.
Ayruman, meu café é de rapadura, você gosta?
Obrigada pelos votos e comentários.
Marluce, tenho ceteza que na sua vida tem pessoas com sabor de mel. Beijos.
Lioviola, brigado pela visita. Afetos.
Falcão, sei que você também tem boas lembranças de seu velho.
Abraços com carinho.
Branca, ando pelando de saudades do velho Nico.
Beijos no seu coração.
W.Marques, agradecida pela visita e pelos votos. Abraços.
Betha, tenho grande carinho por você. Obrigada pela visita. Abraços,
Cristiano, Um abração e obrigada pela visita.
Doroni, Os valores estão mudando. Sua presença me alegrou muito.
Regina, que bom sua visita. Abraços.
Dan e Tê, amigos pra sempre. Preciosos comentários.Abraços,
Franck, concordo com você. Mil abraços,
Vocês encantam meus dias com poesias e textos maravilhosos.
anamineira · Alvinópolis (MG)
No tempo do velho Nico
Mestre Nico do Bar , homem em harmonia com a Natureza e com o mundo.
Merece toda Poesia a lhe lembrar.
Valeu demais.
Muito lindo o grandioso da simplicidade.
Valeu
Abracáo amigo e tanto merecimento.
Azuir, um abraço amigo.
Muito bom sua vinda e seu comentário.
Ah! Os seus contos transmitem muita alegria pela maneira especial que você constroi o texto, amiga anamineira. Meus sinceros aplausos ebeijos.
carlos Magno.
Carlos, especial é sua presença, seu comentário.
Um abraço,
"Quando Nico era vivo, seu quintal anunciava sempre um novo nascimento, ora de uma ninhada de pintinhos, ora por entre as ramas, escondidinha, uma abóbora, ora um botão na rozeira branca."
oi ana...(também sou mineiro)...olha vim te agradecer pela participação no meus (caminhos)...não tive como agradecer antes por conta de merecidas férias em local sem telefone e muito menos internet...
adorei o texto poético...uma belÃssima homenagem...
um beijo e obrigado.
samuel
Samuel, eu que sinto feliz com sua presença e comentários.
Um forte abraço.
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