Eu carrego o peso da nostalgia de um amor
não vivido.
Visitei o túmulo dela num dia de chuva fina e persistente
E sentado na lápide deixei que minhas lágrimas se misturassem
Ao gotejar murmurante...
Era como se nada daquilo existisse...
O corpo na lápide e a alma na relva,
Contemplativa, austera,
Embebida de uma ilusão perfumada de esperança...
Eu contemplava a lama e via-me no verme que rastejava,
Sentindo na nuca o peso nostálgico de cada gota
Fria e desumana
E o único sentimento que eu remoÃa era o de autopiedade...
Um farrapo de amante frustrado
Por não ter sido nunca verdadeiramente amado
Esbravejava dentro de mim qual um felino enjaulado...
Eu tinha o todo de mim entorpecido
Do miasma do nada em carne putrefata e ossos
Que grunhia num esquife esfacelado pela terra úmida e fria.
Não era mais ela que tripudiava do ridÃculo...
Tinha finalmente virado pó. E só...
As gotas eram como navalha em minha carne encharcada:
Eu via o outro lado
E desejava paralisar-me na lápide fria como todos aqueles anjos
De pedra
Que embora inanimados, pareciam zombar
Da autocomiseração inútil.
Compreendi que mesmo a nostalgia era uma desfaçatez...
Nunca será necessário provar o que se sente
Porque o que é sentido
É perfeitamente entendido.
A chuva fina e persistente, a lama e o verme
E eu
Éramos únicos
Um matéria do outro
E o regozijo final era a certeza de que ali nos encontrávamos
Para sempre
Distante de toda a hipocrisia que sacrifica o homem a futilidades.
Era só a chuva; não havia lágrimas
Porque eu não tinha motivos para chorar.
Finalmente eu estava onde devia estar
Rastejando na lama pela lápide fria
Na direção do corpo exangue em ossos flácidos
Esperando-me para o abraço final...
Eu trespassava a fronteira do inimaginável
Sem a menor certeza do que pudesse encontrar
Mas era o fim de uma existência estéril e cinzenta...
Meu caro Kasinsk,
Belo poema ao grande amor vivido, identifico-me.
Este desabafo compartilho com emoção e as imagens criadas pelos versos, tão bem elaborados, dão a exata dimensão, do não choro.
Um grande abraço,
Retorno aos votos com louvor!
Beto
"A chuva fina e persistente, a lama e o verme
E eu
Éramos únicos
Um matéria do outro"
Perfeito!muito belo poema!
abração,
Nunca será necessário provar o que se sente
Porque o que é sentido
É perfeitamente entendido.
Eu me vi na lápide deste lindo poema.Lindo de fato.Deixo meu carinho e meu voto.
VOTADO PARABENS.
http://www.overmundo.com.br/banco/encontros-ardentes
Em votação.
Visite ..
Gostei Parabéns!. Deixei 2 votinhos pra vc.
Tb to sendo votado, veja se vc gosta:
http://www.overmundo.com.br/banco/um-anjo-me-salvou
Um grande abraço e boa sorte.
As dores ofericidas com tamanha insistência, espelham a alma triste, sem sorte.
é belo o poema que retrata a morte.
Raramente se vê a dor merecer tanto aplauso, como essa aqui em quetão.
Parabéns!
tô aqui clicando meu voto.
Aquele Abraço.
http://www.overmundo.com.br/banco/pecado-1
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