Ninguém sabe ao certo como tudo começou. É assim que nascem as grandes guerras, as que ficam registradas para sempre na memória. Só quem viveu pode contar e ser fiel aos fatos. Apesar de eu ter estado lá, a verdade é que lembro de pouco.
Sei dizer que, a certa altura, um dos nossos foi atingido em cheio na nuca. Estava tudo muito escuro; não era possÃvel ver direito o inimigo que contava com isto para nos judiar. Ouviam-se gritos de excitação do lado de lá e de terror do lado de cá. Uma vez que fomos pegos de surpresa, demorou um pouco até que pudéssemos organizar uma estratégia capaz de neutralizar o ataque.
Reunimos os quadros e estudamos a situação a fundo. Sabido era que nada poderia dar errado; o soldado incauto pagaria caro pelo menor dos deslizes. Assim que conseguimos nos entender, e ao plano proposto pelo nosso General, partimos sedentos para o contra ataque, não havia tempo a perder. Era vencer ou vencer.
Encaramos o perigo face a face,como homens experimentados e destemidos. Quanto tempo a luta durou, confesso, por mais que me esforce, não sou capaz de responder. Apenas lembro de estar, em dado momento, entre corpos espalhados pelo chão, tentando, em vão, levantar. Encontrava-me zonzo e sem forças. Sentia um cheiro forte de carne torrada. Naquele momento dei com seus olhos que, por um segundo, encontraram os meus. Estava esfomeado, sedento e muito cansado, mas ainda assim consegui compreender aquilo que me aguardava num futuro próximo. Ouvi então o agudo grito de mamãe apavorada:
__Mas, essas crianças me pagam, deixei o assado queimar procurando vocês...trucidaram meus travesseiros de plumas de ganso!
Foi uma surra e tanto.
Sei dizer que, a certa altura, um dos nossos foi atingido em cheio na nuca. Estava tudo muito escuro; não era possÃvel ver direito o inimigo que contava com isto para nos judiar.
q lindo vanessinha!!
fiquei com um certo embrulho na parte da carne torrada, aà depois q vi a origem desse cheiro - embrulhou mais ainda!
(aà overmano, leia duas vezes o texto - uma no escuro, outra no claro!)
Que bom, Fifo, eu estava torcendo pra carne torrada surtir efeito!
:-)
Venessa....
Não me espantou muito quando voce disse que ninguém sabe
como as guerras começam. Mas pelo jeito (e pelo escrito) até
hoje voce se lembra de como ela terminou.... rs.
Muito bom
Um abraço
Ah, a imaginação infantil...
Deliciosos seus contos/crônicas sobre o universo familiar.
esses contos embalam uma infância inteira! sonhos e devaneios de crianças em que a guerra está também presente. O imaginário infantil é cheio de violência. Ah, sem os contos como as crianças poderiam se reconhecer?
Parabéns!
Adoro seus contos querida...Continue sempre.
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 16/9/2008 00:26
Vanessa,
Muito bom o seu texto. As guerras são sempre terrÃveis, mesmo as de crianças e travesseiros, as consequências podem ser desastrosas, como o assado queimado e a surra, rs...
Parabéns ! Deixo meu voto.
Bjs poéticos
Mesmo sendo uma brincadeira, o resultado não foi dos melhores: assado queimado e surra.
Muito bom. Gostei.
bjs
Vanessa, que a infância nos dá histórias dá e muitas...Perfeito.ab
Cintia Thome · São Paulo, SP 17/9/2008 14:05
Pessoal, obrigada pelo incentivo. Eu gosto de escrever contos de criança. E eles não chegam a ser contos infantis. Sigo aprendendo.
abraço
A forma surpreendente como você termina
o conto, indica a sua habilidade em escrever.
Muito bom.
Bj
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