O Crime Perfeito - Conto Policial

Adriana Costa
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Adriana Costa · Brasília, DF
29/9/2007 · 92 · 14
 

Eu estava cobrindo o plantão de outro detetive no hotel Iate Plaza na av. Abolição. Depois de um período sem nada para fazer, no terceiro dia o subgerente procurou-me com urgência para resolver um problema no quarto 906. Subimos os dois pelo elevador e encontramos a porta entreaberta. Uma das camareiras se encontrava no meio do quarto, o rosto lívido a olhar a mancha de sangue que se formava no chão e que vinha abundantemente do guarda-roupa. Sem precisar forçar, abri lentamente a porta e um cadáver já enrijecido desabou de costas sobre mim, ensopado de sangue e, para o meu espanto, antes de constatar mais alguma coisa, outro corpo que estava apoiado no primeiro também surgiu. No que me afastei destes, mais um terceiro corpo saiu de dentro do guarda-roupa tornando a cena ainda mais medonha, pois se tratava de uma senhora com aproximadamente 70 anos.

Ouvindo um baque, voltei-me para trás e vi que a camareira havia desmaiado e o subgerente parecia em estado de choque a olhar para os mortos. Imediatamente, chamei-o pelo nome para que voltasse a si e pedi-lhe que chamasse um médico e, claro, a polícia.

Depois de ter estendido os corpos sobre o chão do quarto, passei a analisá-los em busca de pistas. Os dois rapazes que se encontravam frente a frente dentro do guarda-roupa aparentavam certa diferença de idade, estavam bem vestidos e eram bem apessoados. Examinando o ambiente minuciosamente encontrei um balde de gelo com uma garrafa de espumante ainda fechada e duas taças, o que indica que um dos três mortos não estava convidado. Uma bolsa de verniz preta no chão que, provavelmente pertencia à senhora, continha algum dinheiro, além de objetos pessoais da indumentária feminina. No mais, tudo estava no lugar, aparentemente nada havia sido roubado, nem dinheiro, nem cartões de crédito e nem objetos pessoais de valor. A cama não fora desfeita e nenhum outro objeto fora quebrado, não houve briga entre assassino e vítimas. Todos foram rendidos e entraram ainda vivos dentro do guarda-roupa. A senhora estava de frente, um dos homens de costas para ela e o primeiro a ser encontrado de frente para este.

Em busca de informações sobre os hóspedes junto ao hotel, soube que no quarto do crime estava hospedado Yossi Filho, a vítima que caíra primeiro por cima de mim. Um milionário da indústria de sapatos de couro, 42 anos, filho de judeus, branco, olhos azuis e cabelos lisos, desses que quando muito curtos ficam espetados. Casado e pai de um menino de dois anos. O segundo estava hospedado no numero 910, no outro lado do corredor e chamava-se Alan David Soares. Solteiro, 25 anos, moreno, cabelos escuros e curtos, olhos castanhos, estatura mediana, residente na cidade de Belém do Pará, trabalhava no comércio de roupas femininas. A senhora não estava hospedada no hotel, mas tratava-se de Maria de Lourdes David, avó de Alan.

(continuação no download)

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informações

Autoria
Adriana Costa
Ficha técnica
Primeiro resultado da Oficina de Contos ministrada pela escritora Tércia Montenegro no Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza (dias 15, 22 e 29 de setembro).
Foi uma experiência interessante, pois embora eu já tenha escrito alguns contos, é o primeiro neste gênero.
Texto completo para download (4 páginas).
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Benny Franklin
 

Ok! Adriana. Muito interessante. Texto elegante e de fina compreensão. Vc tem corpo de contista. Rs.
Abçs. Benny.

Benny Franklin · Belém, PA 26/9/2007 16:34
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Sérgio Franck
 

Oi, Adriana. rss Esqueci de deixar o comentário. Gostei muito do conto. Achei muito interessante você citar lugares particulares nas coisas que escreve.

Bjo.

Sérgio Franck · Belo Horizonte, MG 26/9/2007 19:40
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Cintia Thome
 

Adriana. Você é boa em tudo. Adorei a esória, conto bom, prendeu-me do começo ao fim...bju

Cintia Thome · São Paulo, SP 26/9/2007 20:16
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Cintia Thome
 

estória.

Cintia Thome · São Paulo, SP 26/9/2007 20:16
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Noelio Mello
 

Adriana.
Quem entende de letras é bom e qualquer tipo de escrita. Teu conto é ótimo.
Parabéns
Noélio

Noelio Mello · Belém, PA 28/9/2007 17:34
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Felipe Henrique
 

Adriana adorei o seu conto, votadíssimo...

Felipe Henrique · Mesquita, RJ 28/9/2007 22:06
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baduh
 

Adriana.
O Ceará tem tradição de grandes escritores. Que bom ver aqui uma representante da Boa Terra, escrevendo de forma perfeita!
Abraços,
Baduh
Votado

baduh · Rio de Janeiro, RJ 29/9/2007 13:44
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Adriana Costa
 

Benny... Sérgio... Cintia... Noélio... Felipe Henrique... e Baduh...
Eu confesso que estive insegura com relação ao conto (uma aventura), por não dominar o gênero policial. Fico muito feliz de saber, ilustres overamigos, que vocês apreciaram este trabalho.

Obrigada de coração e flores para cada um de vocês @>--

Adriana Costa · Brasília, DF 29/9/2007 19:12
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Cintia Thome
 

Adriana.
Parabens mais uma vez. Muito bom, apresente-nos outros ...
Beijos. Votado.

Cintia Thome · São Paulo, SP 29/9/2007 20:39
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Letícia L. Möller
 

Adriana,
chego bem atrasada, não pude vir antes... para te agradecer pelo envio do conto, dizer que gostei e votar!
Beijos,

Letícia L. Möller · Porto Alegre, RS 1/10/2007 06:38
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Branca Pires
 

Adriana venho pa reler e para votar, claro!
Muito bom o teu conto. De 'fadas' que és!
Grande abraço!

Branca Pires · Aracaju, SE 2/10/2007 18:36
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Humberto Firmo
 

Suspense dá hora!
Investigativa heim!
tá pronta pra criar um personagem com nome sobrenome e RG.
um não, vários.
Teus detalhes vão montando o enredo com prestesa, cada objeto,
cada indagação nova deixa no ar perguntas, e a gente fica querendo
saber onde vai dar a investigação.
muiiiiito bom!
hora de mandar mais alguns, minha R. Chandler de saias.
bjssss, sem deixar pistas! rs rs rs

Humberto Firmo · Brasília, DF 9/10/2007 06:25
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Adriana Costa
 

Cintia... Letícia.. Branca ... Humberto
Muito muitoooo fofos são vocês!
beijos e flores sempre @>--

Adriana Costa · Brasília, DF 9/10/2007 12:28
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Yara Silva
 

Nossa,adorei o conto.Gostaria de saber se você permite que eu leve o conto para meus alunos,com o devido crédito,é lógico.Estamos estudando o gênero conto policial e penso que seu conto seria ótimo para exemplificar o gênero.
Abraço.

Yara Silva · Osasco, SP 19/9/2012 11:40
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