O Estado Policial – A violência “legítima”
““Todo Estado se fundamenta na força”, disse um dia Trotsky a Brest-Litovsk. Grande verdade! Se existissem apenas estruturas sociais das quais a violência estivesse ausente, o conceito de Estado teria também desaparecido e apenas subsistiria o que, no sentido próprio da palavra, se denomina “anarquia”. Por evidência, a violência não é o único instrumento de que se vale o Estado – não se tenha a respeito qualquer dúvida -, mas é o seu instrumento específico. Na atualidade, a relação entre o Estado e a violência é particularmente íntima. Desde sempre, os agrupamentos políticos mais diversos – começando pela família – recorreram à violência física, tendo-a como instrumento normal de poder. Entretanto, nos dias de hoje devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território – a noção de território corresponde a um dos elementos essenciais do Estado – reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física. Sem dúvida, é próprio de nossa época o não reconhecer, com referência a qualquer outro grupo ou aos indivíduos o direito de fazer uso da violência, a não ser nos casos em que o Estado o tolere. Nesse caso, o Estado se transforma na única fonte do “direito” à violência.”
Max Weber, Ciência e Política, p. 60.
Nada é inviolável. Nem o corpo do indivíduo, nem a casa, nem a terra, nada. Hoje e na história, tudo está sujeito à invasão arbitrária e brutal, seja a carne invadida pela agressão, ou a morada tomada pelo ataque. A violência está presente na história da humanidade desigual (que representa fração minoritária na história humana geral) tanto quanto o sangue das vítimas está presente na terra onde viveram e foram mortos.
No Campo
Os campos de extermínio
Cercado, privatizado, concentrado, baseado no latifúndio exportador, o campo oprime e expulsa a grande maioria dos homens, em benefício da elite detentora do poder econômico, político e violento. Através da violência é que se impuseram as grandes propriedades, forçando aqueles que lá residiam e viviam da agricultura de subsistência para longe. Pelo mesmo caminho, são reprimidas todas as tentativas de retomada do direito à terra do homem comum. Os dois atos legitimados pela força do Estado na forma da polícia, ou então de mercenários ignorados pela polícia e pelo Estado, coniventes e cúmplices. Se não havia ninguém na terra antes do latifundiário, havia a floresta, havia a diversidade da flora e da fauna, que também é expulsa violentamente com machados, serras elétricas, tratores e queimadas.
O trabalho dos homens expulsos da terra que era sua casa, se estes decidem, pela necessidade de sobrevivência, permanecer nela e se vender ao latifundiário, é explorado e violentado pela escravidão em maior ou menor grau. Quando muito, o homem do campo recebe o salário de fome, que mal permite sua sobrevivência, que o impede de ir além, estudar e progredir, e em aumento do qual o trabalhador não pode protestar, ameaçado pelas máquinas e avanço tecnológico que devora sua última possibilidade de viver na e da terra.
Pelos séculos de exploração, o homem foi afastado da morada natural, a floresta, perdendo através das gerações o conhecimento e as condições propícias para viver em harmonia com a natureza. Os hábitos violentos do trato da terra, próprio dos Grandes, acabaram contaminando os Pequenos, que passaram a utilizar técnicas destruidoras do solo, tornando-se dependentes dos insumos químicos que poluem as águas, praticam a destruição das matas, as fontes da vida. As antigas práticas indígenas, dos primeiros povos que caminharam pela terra, protetores da floresta, ao invés de unirem-se com as constantes descobertas da ciência humana, são esquecidas e substituídas pela agricultura industrial, mortífera, ou pela agricultura das queimadas indiscriminadas, igualmente letal. A agressão não se restringe a terra. Os oceanos, as florestas, o atmosfera, as geleiras, todos os longínquos recantos do Planeta são abalados pela violência do sistema, que não respeita nada, nem a Vida. Poluição brutal é simplesmente jogada ao mar, a terra ou aos céus, como se a Gaia fosse uma lixeira, um buraco negro capaz de absorver todos os refugos decrépitos de nossa ganância, egoísmo e morte.
A fome – a grande violência - se alastra por toda parte, pois os campos são escravos dos lucros, e o sangue da terra, a colheita, não vira alimento para o povo, é exportado a mando das grandes corporações. As monoculturas arrasam as lavouras. Deixa-se de plantar arroz, feijão, milho, mandioca, para plantar cana e soja, que vão embora para outras nações. Os pastos para o gado também derrotam o alimento, para garantir enormes exportações.
Os fugitivos da seca, das cercas, das pistolas e venenos entopem as periferias das cidades e geram nova violência, desesperados pela pobreza. Ciclo vicioso de desgraça.
Na cidade
As selvas de pedra e medo
Muros, grades, prisões e exclusão. Só mora quem consegue pagar por um teto. Só come quem pode pagar pela comida. Só vive quem pode pagar pela vida. Quem já chegou fugido da exploração e da pobreza, sem nada, sem ninguém, é imediatamente excluído e forçado a permanecer na mesma exploração e pobreza. Esses que chegam, tanto são os que vêm dos campos da fome, como os que vêm dos ventres de fome, jogados em um mundo que não os quer.
Os habitantes das cidades sofrem imensa e constante violência. Violência do controle do Estado, mais presente do que na área rural, violência dos degredados que não vêem outra saída a não ser a luta para se inserirem no sistema privado, mesmo que fora da lei ou pela loteria dos sacrificados. Alguns preferem roubar e matar dos que possuem, na violência contra o próximo, outros preferem deixar roubar toda a própria energia e matar todos os sonhos, na violência contra si mesmo, sacrificando-se ao máximo, trabalhando períodos extenuantes dia e noite, estudando noite e dia, sem tempo para outras pessoas ou vida, até, quem sabe, conseguir ascender ao nível dos ‘cidadãos que podem pagar pela vida’.
Os cidadãos que conseguem os meios necessários para viver, além de carregar nas costas o lucro dos proprietários, vivem, assim, apertados contra essas duas violências. Vêem-se obrigados a obedecer às ordens de um Estado ditatorial e pagar seu custo com impostos, pois acreditam que este pode protegê-los dos degredados (vistos como ameaças) e também porque se acreditam sem formas de contestar o mesmo Estado.
Ainda que o Estado não consiga proteger os ditos cidadãos da violência gerada pelo sistema capitalista, ainda que os membros do Estado - não raramente os mesmos latifundiários históricos que herdaram o controle do poder no país, que depois se tornaram industriais, empresários, políticos e tantas outras máscaras de poder do sistema – se apropriem de mais uma parcela da força de trabalho dos cidadãos, da qual boa parte já foi tomada na forma de mais-valia, os cidadãos, ensinados a acreditar na sua total individualidade e na sua fraqueza contra o Estado, não ousam protestar ou questionar as bases do sistema.
Apesar de a polícia se mostrar ineficiente e escassa para proteger os cidadãos, ocupados que estão em proteger as propriedades privadas, quando há tentativas de protesto, movimentações, organizações estudantis e sindicais, as polícias mostram seu peso e número na repressão de tais iniciativas, dispersando brutalmente, espancando covardemente, torturando, seqüestrando, assassinando, usando a violência legitimada pelo próprio sistema criador da polícia.
Os direitos e liberdades dos cidadãos também estão sujeitos a manipulação, garantida pela força policial violenta, que em nome da Segurança Pública, invade casas, monitora, prende, humilha e espanca. Tente contestar coisa que seja, ameaçando ou dando prejuízo a algum poderoso, tente não pagar qualquer imposto ou conta, desobedecer qualquer ordem, e então prepare-se para ser invadido pela polícia, chutado na sarjeta, jogado nas cadeias, morto.
Outros instrumentos, como a instituição do Judiciário, que lançou controle sobre a justiça, o Legislativo, que dita as regras do jogo, o Poder Público em geral, passaram a controlar todas as instâncias da vida social, desde acesso à água, transporte, comunicação, educação, saúde, trabalho, etc. Depois que a sociedade se estabilizou e anestesiou a todos, tudo se privatiza. Nossas necessidades básicas agora são possessões de alguns.
É bem verdade que às vezes tanto a Polícia quanto a Justiça e demais órgãos públicos agem em benefício dos cidadãos, mas tal acontece para diminuir a pressão social que se acumularia caso a população se visse totalmente desprotegida e desamparada. Com esses pequenos exemplos de sucesso, um caso policial em que o criminoso foi condenado, um caso judicial onde o trabalhador foi beneficiado, pode-se criar um mito social de que, “apesar das deficiências, os órgãos existem para servir à população”. Mas, qual a quantidade de casos judiciais que são arquivados e esquecidos? E investigações policiais? Principalmente quando essas estão relacionadas a questões que ameaçam interesses econômicos e políticos? A proporção de esquecidos é bem maior em relação à de bem-sucedidos.
Na nação e entre nações
Estados Munidos da Guerra
Fronteiras protegidas, combate à imigração, fiscalização intensiva, altos muros, morte e sangue. É o que acontece em grande escala nas fronteiras entre ricos e pobres. As poderosas nações dominantes levantam imensos muros, como o muro Israel-Palestina, para impedir a entrada de palestinos, o muro europeu do estreito de Gibraltar, na Espanha, para impedir a entrada de africanos, e o muro americano na fronteira com o México, para impedir a entrada de latino-americanos. Os muros não são intransponíveis, mas arrastam inúmeras vidas nas incessantes tentativas de atravessá-los. Tantas mortes cruéis são registradas e tantas mais nunca serão conhecidas.
A forte imigração de europeus para o Novo Mundo, a África e a Ásia, durante a Era dos Impérios Coloniais no século XVIII e XIX, exploradores de todos os povos, e a posterior imigração fugindo das mazelas européias no fim do século XIX e durante o XX agora inverteu-se, quando latinos, africanos e asiáticos tentam entrar nas ricas nações do Velho Mundo em busca de uma vida mais digna. Os americanos que sempre migraram para as outras nações para ocupar as suas numerosas bases militares, fazerem intervenções políticas e garantir sua influência político-econômica, também presenciam a inversão do fluxo, com a chegada de milhares de imigrantes clandestinos. Porém, os europeus colonizadores e os militares americanos, tratados como reis, agora tratam como a escória da sociedade os que chegam em suas terras, explorando-os ferozmente sob ameaça de extradição, expulsando-os violentamente, excluindo-os.
Mas a violência da imigração não é nada comparada a violência internacional das Guerras. Movidos unicamente pelos interesses econômicos, pela gana de poder, pelo controle hegemônico, as nações do pretenso Primeiro Mundo hoje guerreiam e ocupam o Terceiro Mundo. Antes já lutaram entre si, mas os únicos mortos eram os simples cidadãos, violentamente forçados a servir um Estado sanguinário em suas aspirações por poder, no caso dos atacantes, ou na defesa do seu poder, no caso dos atacados.
As duas Grandes Guerras dizimaram milhões de inocentes que nenhuma relação tinham com a corrida por possessões coloniais ou hegemonia política. Hoje as guerras na África movimentam o mercado negro de armas produzidas pelas fábricas do Primeiro Mundo, a Guerra do Iraque movimenta as empresas fabricantes de armas, as empreiteiras, as petroleiras e toda a estrutura necessária para reconstruir um país por eles mesmos destruído, reconstrução essa que será tão lucrativa quanto a destruição. Tantas Ditaduras Militares perpetradas na América Latina frutos dos interesses estadunidenses, tantos golpes para derrubar líderes que lutavam pelo povo ao invés de oprimi-lo.
As tensões internacionais entre Russos e Americanos agravam-se, tudo em prol da mesma ânsia por hegemonia, gerando conflitos indiretos que aniquilam centenas pelo caminho. As pessoas não passam de peões em um jogo de xadrez mundial jogado pelos Chefes de Estado e megaempresários.
A globalização permite hoje a violência da escravização dos assalariados de baixíssimo custo em inúmeros países do mundo. A sempre crescente produção industrial avança sobre todas as fronteiras para alavancar os maiores lucros possíveis. As multinacionais transitam livremente, as pessoas estão aprisionadas nas suas prisões da pobreza.
Feito sangue-sugas, as megacorporações levam todo o lucro produzido nas nações periféricas para suas sedes, violentando os povos que produzem tais riquezas. Os Estados dos países pobres são lacaios dos interesses internacionais. O capitalismo financeiro, especulativo, gera crises e mais crises econômicas cujas principais vítimas são os trabalhadores assalariados nos confins das favelas.
Na humanidade
A desumanidade capitalista
Sobre a violência se assentaram os dois maiores pilares do capitalismo, a propriedade privada e o dinheiro. O primeiro sendo pré-requisito para o segundo. Dois terços da humanidade vivem na miséria, morrem de fome, epidemias, guerras, mutilados por hordas de ladrões, explodidos em campos minados esquecidos, implodidos por doenças mortais que dilaceram suas carnes, como o ebola e a AIDS, espancados pelo nascer de cada dia sem perspectiva nem futuro.
As forças destrutivas das indústrias arrasam o meio ambiente em todos os sentidos, poluindo os mares, as terras e os ares, assassinando as espécies, arrasando as populações de baleias, animais nativos, recifes de corais, a vasta diversidade cultural das florestas tropicais, dos ecossistemas de todos os cantos da Terra. As forças produtivas consomem os recursos naturais com voracidade brutal e as sociedades consomem a produção industrial com uma irracionalidade grotesca, produzindo montanhas de lixo, de dejetos, esgoto, venenos e morte.
A humanidade vai sufocando diante da sombra cinzenta de um futuro despedaçado. O ritmo incontrolável de crescimento econômico cobra um preço inconcebível à Natureza que não consegue suprir a ganância de todos os homens. O desequilíbrio ecológico já é largamente perceptível, com maiores e mais freqüentes desastres naturais, tufões, terremotos, secas e inundações. Em breve centenas de milhões de homens e mulheres estarão desabrigados, refugiados da violência da Natureza contra o Homem, represália contra a violência do Homem contra a Natureza. Se os Campos, Cidades, Estados e Nações de Violência persistirem, se não houver uma revolução que transforme totalmente a Humanidade, derrube o sistema de morte para construir uma sociedade que promova a Vida, a existência da Humanidade está com seus dias contados.
“Seus dias de fartura estão contados”
"É preferível sofrer a injustiça do que cometê-la"
"Ver um crime com calma, é cometê-lo" José Martí
...
Precisamos reagir.
Você traçou soberbamente o sombrio painel do desenvolvimento humano, tal qual se construiu.
Poderia ser diferente? Sim, hoje podemos dizer que sim, que os homens poderiam ter construído outro tipo de civilização, mais próxima dos ideais de convivência pacífica e justa, com a perfeita divisão dos bens naturais.
Porém, desde que surgiu no planeta e se elevou pelo pensamento, o ser humano nada mais fez que tomar dos outros o que precisava, a princípio, para sobreviver e, depois, para guardar, prevenindo-se das épocas de escassez. Neste processo, tornou-se mais feroz que as feras, uma vez que estas não pensam e, por isso, não imaginam o futuro.
Hoje sabemos disso. Porém, de que adianta nosso conhecimento se somos impotentes diante das forças que nos dirigem, postas em movimento desde que o homem se tornou homem?
Não sou fatalista, ao contrário, sempre tenho esperanças. Acredito ainda na união dos seres de "boa vontade", únicos capazes de frear nossa auto-destruição.
Porém, não concordo com a imposição de culpas ao capitalismo por práticas existentes mesmo antes que tivéssemos a noção de sistemas econômicos. O comunismo também produziu e produz miséria, violência, poluição e destruição.
Creio que os sistemas político-econômicos, qualquer que seja a sua face ou sua retórica, desprezam os seres humanos, escravizando-os, de um forma ou de outra, para usufruir do trabalho, dos corpos e das almas dos indivíduos.
Infelizmente, a utopia não passa disso. O paraíso está, para sempre perdido, apesar de sua imagem ser usada por todos os poderosos para nos tomar a alma.
Meus parabéns por este artigo.
beijos
Olá Saramar...
...
É deveras um cenário desolador, porém não inelutável. Muitas formas de combate (e não entenda por isso qualquer violência, porque violência contra violência só legitima o sangue) para construir novas possibilidades.
Esse texto dedica-se mais a dissecar o quadro letal em que vivemos, mas outros textos procuram respostas!
Querendo conferir, entre em http://lobovermelho.blogspot.com
E quanto ao capitalismo, veja que é apenas a mais recente versão do sistema de exploração, que começou com a servidão nas teocracias, o escravismo, o feudalismo, mercantilismo, e agora capitalismo. Os problemas que temos não são originários de 600/700 anos atrás, com o desenvolvimento do capitalismo... muito mais... milênios... mas ainda é um tempo mínimo em comparação com a história humana...
mas, enfim...
Continuemos lutando!
o/
Lauro, voltei para votar e agradeço muito sua resposta.
Irei ler no seu blog.
Como você ressaltou, a servidão é, certamente o traço marcante das sociedades, ao longo da história.
Eu fico me pergutando sempre se, depois que sabemos que não é mais necessária, por que o mundo continua a praticar a opressão?
Às vezs, desanimo, mas na maioria dos dias, tenho esperança de que em algum momento, provavelmente quando a nossa extinção for mais que exercício futurista, possamos rever e refazer o mundo que construímos.
Obrigada.
beijos
P.S. Recomendei a leitura do seu artigo para alguns overamigos.
Vim pelas mão da querida amiga Saramar, que com prazer segui sua indicação esmerada.
Votado amigo...e salve-se quem puder, nos quintais Espartanos...
acho que neste "status quó" de um mundo "contemporâneo" ( isto tudo vem de muito longe, vc sabe disso...), certamente até Mahatma Gandhi, mudaria alguns de seu preceitos...será ?
Texto impecável, que TEMOS que reler sempre...ja fiz o DL, lerei com mais calma, e de repente, volto pra re-comentar...
abraço
Joe
Gueluta,
Ali pelo fim do ano de 1968, quando um 'choque' da PM e dois camburôes da Polícia política cercou o quarteirão onde eu, já então preso, morava, os 'meganhas' acharam no baú de um velho sofá-cama onde eu dormia, livros e pilhas e pilhas de calhamaços de textos possundo conteúdo parecidíssimo com deste seu post. Era material político-ideológico mimeografado que a Org. clandestina a que eu era filiado, nos fornecia como meio de capacitação política. Havia alguns até mais barra pesada, com fórmulas ecroquis para fazer bombas e desmontar e lubrificar armas. Uma pitoresca pré-Al kaida 'caída', era o que éramos. Até hoje fico surpreso da quantidade absurda de material que líamos, um descompasso absoluto entre a teoria e a prática pois, como se viu logo logo, não passávamos de um pequeníssimo exército de brancaleone, desbaratado em um ou dois anos, se muito.
Belas águas passadas e os mesmos monstros-moinhos ainda de pé.
É com esta sensação de missão ainda não cumprida que me surpreende, ainda hoje, o fato de doutrinas humanistas tão pertinentes como aquela que ainda professamos, terem sido superadas por outras tão banasi. Sei que é a força avassaladora do egoísmo humano, da baixeza de nossa natureza de 'homo estupidos a ' mãe desta doutrina vencedora, baseada no lucro extremado e no consumismo desenfreado e suicida que, com quase toda certeza, consumirá o planeta até o último resíduo orgânico, a última coisa viva que, tambem certamente, já há muito extintos por nossa própria culpa, não seremos nós.
Senti saudade dos 'documentos' que lia. Senti até o embriagante cheirinho do álcool do mimeógrafo saindo da página recém impressa.
Abs
Lauro Gueluta · Natal (RN)
O Estado Policial - A violência legítima
Adorei seu Trabalho, até me emocionei.
José Marti é um Patriota Cubano e um Cidadáo do Mundo, foi fuzilado, ele representa o anseio de um mundo melhor.
Mundo sem Capitalismo, sem lucro e sem exploracáo do ser Humano.
Náo tem de necessariamente ser Capitalismo, ainda mais para nós que somos cristóes e acreditamos que Deus é Pai de Todo mundo e somos irmáos.
O Capitalismo gerou muitas Guerras misérias, ódios e fome, prostituicáo e doencas.
O Capitalismo desumanizou quase tudo, só lhe escapou a esperanca, que a gente sabe que, por pior que seja a situacáo. a esperanca náo morre nunca.
Seu Trabalho é de fundamentacáo profunda.
Um Trabalho admirável, digno, humano, corajoso e sobretudo Cristáo.
Parabéns.
Voce é um Poeta Admirável até parece com a imágem do Jesus expulsando os vendilhóes do templo, uma vez que o mundo, deveria ser para todos nós, como um altar, para celebrarmos a comunháo da Humanidade como uma irmandade ''unica.
Parabéns amigo Maravilhoso.
Vocé é Um Orgulho Pra Gente.
Abracáo Amigo
Lauro Gueluta · Natal (RN)
O Estado Policial - A violência legítima
Em Tempo, vim por indicacáo da Poeta Amiga Saramar.
Gostei Muito.
Seu Trabalho é um alento para quem sonha com um mundo mais Humano, mais amigo e menos torturador.
Seu Trabalho desmoralizando esse sistema injusto e expropriados é uma alegria para o coracáo da gente.
Oxalá que rápido o mundo evolua e a gente saia desta pré-história de Humanidade, onde o humano explora o humano seu irmáo, palavras cheias de sabedoria do Prestes.
Maior Prazer.
Espero estar também construindo com vocé uma Amizade Fraterna.
Desculpas , meu micro náo tem til, cedilha e acentos. Vou levando devagar em frente.
Homem contra seu semelhante, contra a natureza, mas a natureza é mais forte e somos mais fracos, mas eles insistem que não, vamos ver se assim continuar a desgraça total.Parabens Lauro.
Cintia Thome · São Paulo, SP 18/9/2008 17:38
Tudo o que é sólido desmancha no ar...
Um imperador romano, um faraó egípcio, o comandante da invencível armada e a própria, , os titãs de tordesilhas, um um corso imperador francês, a linha Maginot que caiu sem um tiro, as bestas nazistas e estalinistas e, hoje, a bola da vez, de listras azuis e vermelhas, campo de céu estrelado, chapeludos genocidas de tantas nações humanas daquele território e outros tantos mundo afora.
O capitalismo não sobrevive sem o estado, provaram hoje os bancos centrais das potências globalizadas.
A pregação ideológica pela economia de mercado resultou pior que uma filosofia miserável... é grossa bandalheira mentirosa.
Privatistas do mundo, uní-vos, estais a perder trilhões roubados aos produtores em todo o planeta!
O estado é que tem de ser submetido a controle social severo...
A única saída para que se dê chance ao reino das possibilidades e se ponha fim ao império da iniqüidade.
Muito bom e oportuno teu texto, Lauro.
Grato pelo convite Saramar.
Essa semana a ONU declarou em relatório que no Brasil "a polícia tem carta branca para matar"
Diacui Pataxo · Ilhéus, BA 19/9/2008 12:01
Não li o relatório da ONU, mas a polícia talvez não tenha carta branca para matar indistintamente.
Só os pobres e, por alguma falta de preparo, atrapalhação, cagaço ou engano trágico, crianças de classe média.
Diacuí e Adro,
Sim. É vero. A polícia do Brasil (com certeza a do Rio), tem licença para matar. Uma ex-coordenadora de segurança pública, demitida por alardear a insaniadde dos dados reais, acaba de denunciar que o governo do Rio, após a sua saída, passou a falsear descaradamente os dados, informando uma redução no números de homicídios que nunca houve. A mágica que fizeram foi simples: Descumprindo as orientações da ONU, omitiram dos índices os chamados 'autos de resistência', situações em que a polícia atira e mata primeiro, para depois alegar que o morto era bandido, havia reagido atirando, etc. Este tipo de incidente corriqueiro no Rio, a ONU, sem entrar no mérito de ser a alegação do policial verdadeira ou não, entende que é assassinato (e é, se culposo ou doloso cabe a justiça dizer). Para o governo do Rio também, todas as ossadas incendiadas que são encontradas, quase diariamente em favelas, tratando-se de indivíduos que jamais serão identificados, não entram na conta macabra (maquiagem de caveira eu achava que só havia em filme de terror classe c)
Mundo Cão este Brasil de hoje, não é não? ('Cão' de diabo mesmo, de tinhoso, porque, cá entre nós, a barbárie brasileira deve enojar até os cachorros)
Abs
Saramar, agradecido muitíssimo pelas freguentes visitas e por trazer tantos amigos para compartilharmos nossos gritos.
É dificílimo não desanimar. Desanimo repetidamente, mas olhar em frente me dá novas formas, olhar para o próximo também, saber da vida e da humanidade é sempre reconfortante esperança e fogo para toda a luta! Não podemos desistir! Ninguém pode nos calar!
Aguardo sua visita no blog também.
Joe, obrigado pela presença e por se dispor a ler um texto extenso e respingado de sangue como este, pois, afinal, a realidade é inegavelmente cruel e cruenta, mesmo que muitos não queiram ver.
Sempre mais, precisamos mudar nossa postura para construir algo novo, totalmente novo, revolucionário... pois reformar a doença apenas a torna de mais difícil cura. É preciso destrui-la.
Grande abraço!
Spírito, incrível relato. Não vivi aquela época de brutalidade explícita, de olhos vistos, mas sei e sinto no sangue a História que ecoa em todos os cantos onde ainda jazem aqueles que morreram naquela época.
Precisamos, todos e cada um, lutar sempre! Lutar para conscientizar, lutar para abrir os olhos de todos! Abrir nossos próprios olhos para ver que estamos juntos, que não há ninguém só, ninguém.
Grande abraço!
Azuir, a Palavra de Cristo era de amor pleno, que é paz, é fraternidade, é igualdade, é liberdade! Precisamos mesmo buscar tais ideais tão puros na Vida do Cristo e em seu exemplo, sua Palavra.
Não precisamos de um dogmatismo autoritário e institucional, fundamentado em leis que buscam manter o poder e a desigualdade, pois solidificam-se em uma hierarquia totalitária e absurda. A minha (nossa?) fé é livre, é humana, é de amor, lado a lado a todos os homens e mulheres.
Grande abraço!
Muito obrigado pela presença, Cintia!
Grande abraço!
Adroaldo, tuas palavras me fizeram lembrar um poema de Brecht
PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ
Quem construiu a Tebas das sete portas? Nos livros constam os nomes dos reis. Os reis arrastaram os blocos de pedra?
E a Babilônia tantas vezes destruída Quem ergueu outras tantas? Em que casas da Lima radiante de ouro Moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os levantou? Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios Para seus habitantes? Mesmo na legendária Atlântida, Na noite em que o mar a engoliu, Os que se afogavam gritaram por seus escravos.
O jovem Alexandre consquistou a Índia. Ele sozinho? César bateu os gauleses, Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?
Felipe de Espanha chorou quando sua armada naufragou. Ninguém mais chorou?
Fredrico II venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele? Uma vitória a cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava as despesas?
Tantos relatos. Tantas perguntas...
...
Sim, os Senhores não são nada, absolutamente nada sem aqueles para carregá-los... e tão logo todos percebam, ninguém vai carregar ninguém e a queda é inevitável.
Grande abraço!
Diacui, no Brasil e no mundo inteiro...
Eles se deram a "carta branca para matar"...
...
Até quando vamos deixar?
Grande abraço!
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