Todo dia ele faz tudo sempre igual: levanta, sacode a poeira e se senta na frente do computador. A primeira coisa é verificar a caixa postal. Spams, scams, algumas newsletters. Nenhuma lista de discussão: não assina.
Ele espera mensagens. De onde, nem ele mesmo sabe ao certo. Porque também não envia. Para cada resposta é preciso antes uma pergunta. Para cada “vou bem” é preciso um “como vai”.
Ele nunca diz como vai.
Às vezes, uma surpresa: um e-mail dirigido diretamente para ele, com seu nome completo, sem a menor dúvida. É só quando ele dá os dois cliques no mouse que percebe que é da faculdade, ou um informativo de algum lugar que ele não pediu.
Uma vez, no dia do seu aniversário, recebeu um e-mail de uma ex-namorada, que dizia simplesmente: parabéns. Ele deu reply agradecendo, e ousou perguntar se ela não queria sair, beber alguma coisa, ir no show daquela banda que ela tanto gostava quando eles saíam. Não houve resposta.
Todo dia ele faz tudo sempre igual: levanta, sacode a poeira. E não dá a volta por cima. Fica lá, o tempo todo em frente ao computador, esperando uma resposta.
Anybody out there?
linguagem bastante atualizada. Uma forma correta de incentivo à leitura.
Rafael Biazin · Campo Mourão, PR 6/1/2007 18:18Que bom que você gostou, Letícia. Obrigado!
Fábio Fernandes · São Paulo, SP 9/1/2007 08:00
Ahhh... é bem verdadeiro.
Já tive meus dias de escutador de estrelas, acho eu. Mas, entre nós, quem não os teve?
abraços do verde.
Batuta!!!me lembra o tempo em que não tinha coceiras ao ler cronicas...
Helder Dutra · Rio de Janeiro, RJ 9/1/2007 20:44
Acho que todos nós que aqui estamos
pelas estrelas esperamos, Verdão!
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! “Eu vos direi, no entanto,
Que para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas pálido de espanto...
[...]
E Eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode Ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac
Que continuemos ouvindo e entendendo estrelas!
É preciso sair da tela e abrir as janelas de vez em quando...
Adorei o texto Fábio, como sempre!
Abraços!
É... é mesmo necessário sair da frente da tela e abrir as janelas de vez em quando. E então, depois disso, aprender a abrir janelas entre a tela e o mundo fora da janela, e juntar tudo neste nosso modo de vida mágico-ciborgue.
Abraços do Verde procêis :D
Belíssimo poema o do Bilac, não é, Ana?
As pessoas até hoje têm um preconceito com o que chamam de "beletrismo" - mas mal sabem elas da qualidade do sujeito, que também foi protagonista do nosso primeiro acidente de automóvel!
é isso aí, Verdão! Abrir as janelas e deixar o sol (ou a lua) entrar!
Fábio Fernandes · São Paulo, SP 11/1/2007 18:48
O Bilac foi o protagonista de nosso primeiro acidente de automóvel?
Notável! :D
Abraços do Verde.
Ah! Já tinha ouvido essa... acho que foi um professor de cursinho, quer dizer: O professor de cursinho, Guilherme, que me disse...
Eu adoro Bilac! Quando lí o título veio imediatamente o poema na cabeça! Tinha a ver? Ou foi inconsciente?
E você Dani? Tá abrindo portas e janelas aí no Rio? Ou só Windows mesmo? Hehehe
Abraços!
É, essa história é ótima: ele foi um dos primeiros motoristas de carro no Brasil, se não o primeiro (acho que foi o segundo), mas certamente foi o primeiro acidentado: caiu numa valeta com o carro (salvo engano, um dos primeiros modelos da Mercedes-Benz, movido - vejam vocês -a benzina!
Ana, o título foi escolhido de propósito. Nos Arquétipos, dificilmente algo é inconsciente... ;-)
Em tempo: nunca te agradeci pela leitura do meu poema aí em Brasília. Pena que não deu pra gravar, mas gostei muito da homenagem, fiquei lisonjeado. Obrigado!!
Imagina! Eu que agradeço!
Ah!!! Nem te falei... eu e o meu amigo que inventou de musicar (ele é do Overmundo tb, ausente... o Murilo Seabra) vamos brincar com algumas "músicas" (poesias nossas que foram musicadas daquele jeito aleatório que te falei, a la Defáult) num estúdio esses dias e dentre elas tá o seu poema... aí eu te mando pra vc ver como ficou...
Abraços!
Uau!!!
Legal!!!
Valeu!!
(desculpe os monossílabos, ou melhor, dissílabos, mas é a emoção!)
:-)
Pois é, acontece que apenas a forma dos contos é ficcional, o resto não é não.
;-)
Sim, arquétipos pressupõem estruturas existentes!
Zéduardo Calegari Paulino · Campo Grande, MS 26/2/2007 16:03Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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