Para Max e Age.
Para enciumar a sedução do sândalo
o prepúcio da palavra carrega consigo
supérfluos frênulos de longas madeixas
— e o corte aromático do machado
desmente
seus rastros de quase-falas.
Vestido de horizontes casuais
não só fui encoxado como também prostituído
pelas lágrimas de “Não para consolar”,
de “Max”, o ovo filosófico!
Que cedo perdera sua virgindade
rompida pelas algas de madrepérola
cuja falação com sabor inexplicável
indica a camuflagem
a que todos os dias
o poeta se liberta:
— o que me levou a aliar-me a urdidura poética
de “A fala entre parêntesis”,
poetada por ele
e “Age”, o nimbo do carvalho!
Uivos de abismos segredam nas laudas
flores de rompimento.
Finjo-me saliente e vomito ramas de poesias
para afugentar vôos incontidos e mentes infixas.
E assim os faço respirar com dificuldade
como à uma gangorra que escolhe
matar asfixiado o verbo sujo a ter
que reinventar outros corrimentos...
Um poema emerge do vazio
e me desperta a parábola do longe contínuo.
Só eu sei
porquê não vago nas paragens ilusórias...
Só eu sei
porquê um repentino
murmúrio de algozes
invade-me o corpo
e sobretudo o intimo...
Só eu sei
porquê uma gigantesca garganta
enamora o convés de mim
e dia e noite inventa bocejos
para me excitar...
Só eu sei onde galo
e onde as sintonias do fascínio repousam.
Só eu sei onde os cabelos debelados
metamorfoseiam à minha volta
e donde terremotos de pólen nascem e alimentam
o pensamento incosúltil
e cegam os olhos sob o invisível
luso-fusco da relva.
Ah! Meus poetas!
Passeio na mira dessa manhã de pélvis adulterada...
Reinicio o açoite agonizando os gajos da noite
em pacto de floração
— e deles não me compadeço!
Ah! Meus poetas!
Vejam como o meu canto encanta lâminas...
Talvez por isso os entendidos me conjuguem assim,
utópico e alienante,
incinerador e ilógico.
Ah! Meus poetas!
Os dias grávidos de mesmice escondem
inocentes bulimias...
Eles brincam de seduzir
esses dedos-deuses esfomeados
todas as vezes que os acorrento
à irrequieta masturbação
dos versos meus
tão seus — aqui — castigados pelos versos meus
e pela não-aquiescência dos seus.
Ah! Meus poetas!
Quantos ramos-paragens me terão aqui germinado
e minhas mãos não arriscam sequer acariciar
as Crisálidas lubrificadas que mimo
— e porque não as penetro inteiriças!
Ah! Meus poetas!
Como é complacente, entretanto,
este fortuito agonizar de palavras...
— Como é orgulhoso
o espinho (beijofixado) na boca!
© Benny Franklin
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NOTA DO AUTOR:
Max Martins: Ícone da poesia paraense e autor de “Não para consolar”. Uma das melhores obras poéticas lançadas no Pará, no século XX.
Age de Carvalho: Um dos grandes poetas do Pará. Reside atualmente na Áustria. Junto com Max é autor do esplêndido livro “A fala entre parêntesis”.
"...Ah! Meus poetas!
Vejam como o meu canto encanta lâminas...
Talvez por isso os entendidos me conjuguem assim,
utópico e alienante,
incinerador e ilógico..."
No escuro, breu, agonizo
escrevo carícias com as unhas das mãos
ainda de luz...e sobrevivo ao caos
fora e dentro de minhas prisões
razões e ilusões...
Mas, Amor!
um beijo
OSHF
Admirável Benny, querido poeta,
DESCOBERTAS DIÁRIAS - Regina Lyra
Agonizo no silêncio da palavra.
Com siso vejo-me encantada,
escrava dos teus versos.
Beijos, pelo que escreveste
e pelo que trouxeste.
Regina
Abro a votação para um texto envolvente e repleto de nuances.
Juscelino Mendes · Campinas, SP 2/12/2008 18:04
Olá, Benny!
Uma homenagem-poema de um poeta para poetas! Lindo!
Benny, belo demais. Todos os poetas apreciaram, com certeza.
Um abraço.
BENNY,
LOUCAMENTE LINDO!
Um poema emerge do vazio...
No desfolhar de lembranças,
Do pranto que estremece a alma!
As palavras às vzs, são transformadas
Em monstros,que vivem no obscuro e frio,
Abismo de nós...
O poema,pode te elevar aos céus
Ou te condenar ao inferno
Dos seres mesquinhos...
Um palavra,pode acionar a "bomba"
PARABÉNS!
Seus poemas,
São o "explodir"
Dos vazios,
Das quietudes
Dos caminhos,
Sem rotas,
Sem paisagens,
Sem definições...
CRIME,SERIA
NÃO APRECIA-LOS!!!
Delirio que toca,
A febre da criação!
ABRAÇOS!
Benny, amigo e parceiro
Quem te julga utópico e ilógico é por que não conhece a grandeza do interior. Quem, além de ti e de Deus, possue a chave para abrir tua fechadura espiritual? Tuas palavras, teus versos, sempre buscaram a água benta que lava as injustiças, as dores do mundo. Enquanto me despeço...segue em frente, amigo fraterno, prossegue, como um audaz campeador a garimpar e mostrar todas as revoltas que nascem das calçadas indigentes.
Com a admiração de sempre
Noélio A. de Mello
MORRE O POETA MAX MARTINS!
"É preciso dizer-lhe que tua casa é segura
Que há força interior nas vigas do telhado
E que atravessarás o pântano penetrante e etéreo
E que tens uma esteira
E que tua casa não é lugar de ficar
mas de ter de onde se ir".
Max Martins
1926 - 2009
O mundo das letras, se despede, na tarde de hoje (10), de um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, o poeta Max Martins. Max morreu no final da tarde de ontem, aos 82 anos. O legado poético que fica, eternizado por versos de finas estampas, é o de um gênio da palavra que fez da poesia um ato de resistência.
Mas poeta não se despede, dizem que fica encantado...
E aqui - neste espaço onde publico os meus parcos poemas - deixo-o registrado para sempre toda a minha admiração por este gênio da literatura mundial. Ele, poeta de minha preferência, que tanto me influenciou, foi o que me fez entender que a poesia é uma forma de existir, um ato de resistir.
Descanse em Paz, Mestre! E leve consigo um beijo meu.
Com eterna gratidão,
Benny Franklin
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