Paradoxo de Zenón

Paul Klee - Refuge - Edição de Cida Almeida
1
Denise Sampaio Ferraz · São José do Rio Preto, SP
28/9/2007 · 84 · 6
 



Ser tartaruga não é mole.

Mole é a carnadura,

Por leve que seja,

No baixo fica o de cima,

Como peso a contemplar,

Com olhos miúdos, o comprido da vida.

Cumprir promessas é essa moleza,

Do sol que escalda o deserto do Saara

(Que me desertou).

Foi só por essa razão

Que o ser,

Do tamanho do tempo, eterno divertimento,

Inverteu em mim o amplexo.

Minha complexidade é a de ser tartaruga,

Na rosa do tempo, ser eterno...

Ser moderno.

Quando tudo em mim se rebela, um alguém diz:

– seja pós-moderno.

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Denise Sampaio Ferraz
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Cida Almeida
 

Denise, essas vozes frenéticas desses tempos modernos subvertem nosso silêncio, nosso olhar, nosso sentir, nosso caminhar e, sobretudo, o nosso voltar para a mais íntima verdade do que pensamos ser a nossa natureza. Viver no tempo e na velocidade da máquina do mundo não é fácil, conviver com os homens grávidos de tanta máquina, dificílimo. Difícil a síntese de caminhar na intempérie de tanta aridez, esses desertos que nos desertam. E mesmo assim, acalentar a rosa, a sublime rosa. Às vezes é sabedoria pura o casco da tartaruga para a perene caminhada. Noutras, ah... A única saída é nos entregarmos à síntese da flor despetalada, aos embates aflitivos dessas vozes da modernidade que nos empurram para a urgência e a angústia do pós alguma coisa. Mas aí vem o poeta, brinca com as nossas aflições e nos repõe ao conforto de ouvir um sopro lírico. E cansados de modernidade, queremos mesmo é ser eternos na perenidade dos passos e do olhar, esquecidos de tantos paradoxos. Belo conflito sacudindo a gente na enigmática flor do seu poema. Em outras palavras, beleza de poema! Adorei a força das imagens.

Beijo grande.

Cida Almeida · Goiânia, GO 26/9/2007 10:00
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Denise Sampaio Ferraz
 

Cida, obrigada pelas palavras poéticas ditas sobre o poema "O paradoxo de Zenón". Sua leitura é profundamente instigante e devolve ao meu olhar o que me escapa no poema que já não me pertence - como bem sabes, escrever é quase sempre se deixar levar pela máquina da escrita, a mais oculta, que nos delibera e nos coloca para fora do centro de gravidade do nosso ambíguo umbigo! E você, Cida, é escritora e leitora (como se fosse possível separar o bom leitor do escritor) refinada, que dá gosto ler. Sem esquecer que a edição do texto, neste espaço, pertence a você. Grata! Beijo enorme!

Denise Sampaio Ferraz · São José do Rio Preto, SP 26/9/2007 12:16
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j.alves
 

Muito bom

j.alves · São Paulo, SP 27/9/2007 06:58
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Tacilda Aquino
 

Impressionante como, na aridez do deserto, você consegue organizar imagens como quem constrói um buquê com flores do campo.

Tacilda Aquino · Goiânia, GO 27/9/2007 15:36
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Rita Costa
 

Nossa! Que beleza de inspiração.
Profundo e bem construído. Amei seu poema Denise.
Foi bom conhecer sua poesia. Meu voto e um abraço.

Rita Costa · Rio de Janeiro, RJ 27/9/2007 18:38
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Denise Sampaio Ferraz
 

Goestei muito de todos os comentários enviados, acho que os comentários ajudam a reler e rever o poema com olhos novos. Obrigada! Abraços.

Denise Sampaio Ferraz · São José do Rio Preto, SP 29/9/2007 13:21
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