Dois velhos, Zé Carlos e Zé Augusto estão sentados em um banco de Jardim. Som de chuva.
ZÉ CARLOS
Três dias que não para de chover...
ZÉ AUGUSTO
Lembra, na nossa época quase nunca chovia...
ZÉ CARLOS
E quando chovia a gente podia sair embaixo da chuva que não acontecia nada... Agora, se você sai na rua, morre que nem lesma dentro do saleiro.
ZÉ AUGUSTO
Deus me livre...
ZÉ CARLOS
A dona Eulália morreu assim... Estava estendendo roupa, começou a chover...
ZÉ AUGUSTO
Descansou, descansou...
ZÉ CARLOS
Derreteu todinha... Só sobrou os cabelos e as unhas...
ZÉ AUGUSTO
E os dentes?
ZÉ CARLOS
Sobraram também mas não eram originais.
ZÉ AUGUSTO
Na nossa época não tinha nada dessas coisas. A gente podia andar na rua sem guarda-chuva, sem óculos de sol...
ZÉ CARLOS
Você fica falando "nossa época, nossa época..." A gente nunca teve época. Quando a gente era menino a época era dos nossos pais, depois, quando chegou a nossa hora, virou a vez dos velhos, eles faziam bailes, não pagavam ônibus, metrô e ainda recebia uma bom dinheirinho do governo enquanto a gente dava duro e tinha que andar de pé no ônibus. Agora que a gente ficou velho, acabaram as regalias. O governo enfia a gente nesses asilos pra gente ficar mofando...
ZÉ AUGUSTO
E tomando sopa de chuchu, enquanto os jovens ficam na esquina comento batatinha espetando elas com palito de dente.
ZÉ CARLOS
Não tem coisa mais nojenta que ver jovem comendo batatinha espetada no palito de dente.
ZÉ AUGUSTO
Na nossa época que era bom, a gente comia batatinha com a mão, sem essa frescurada.
ZÉ CARLOS
Enquanto os velhos comiam churrasco e bebiam cerveja, caipirinha... A época era deles, não nossa...
ZÉ AUGUSTO
A mulher do tempo falou que vai parar de chover amanhã.
ZÉ CARLOS
Elas sempre erram... Dizem que Ribeirão Preto está sem luz.
ZÉ AUGUSTO
Por quê?
ZÉ CARLOS
A chuva derreteu os fios. Black out na cidade... Se continuar chovendo assim...
Ouve-se um trovão. Cena apaga.
Pano
Dois velhos, Zé Carlos e Zé Augusto estão sentados em um banco de Jardim. Som de chuva.
ZÉ CARLOS
Três dias que não para de chover...
ZÉ AUGUSTO
Lembra, na nossa época quase nunca chovia...
ZÉ CARLOS
E quando chovia a gente podia sair embaixo da chuva que não acontecia nada... Agora, se você sai na rua, morre que nem lesma dentro do saleiro.
ZÉ AUGUSTO
Deus me livre...
ZÉ CARLOS
A dona Eulália morreu assim... Estava estendendo roupa, começou a chover...
Eita nois sô. Baita saudosismo.
Muito bom de se ler... Parabens!
ADOREI! MAS ADOREI MESMO!
DEI RISADAS!!!I UMA PROSA DELICIOSA!
PARABÉNS PELO TRABALHO NOTA 10!
beijos
Oi Valdir, vim conhecer seus escritos. Gostei, eu sou uma saudosista, sinto até saudade do que ainda não vi nem fiz! (Como diria Renato Russo)
Bjs...Mil...Votado!
O tempo e com o tempo, não muda a natureza, muda a forma que a sentimos...
Gostei e votei..
Abç..
gostei, mas deu uma sensação de fim...
Clara Costa · Rio de Janeiro, RJ 25/10/2008 10:47um boa leitura que fiz um belo trabalho amigo, parabéns.votado.
O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 25/10/2008 13:09
Gostei, ainda que um pouco mais "ácida" do que normalmente gosto. Mas vc tem razão; todo mundo fala "na minha época".... eser;a que aproveitamos bem quando a "nossa época" chega??
Votado, somando 70 overpontos. Eba!
Eita nois sô. Baita saudosismo.
Muito bom de se ler... Parabens!
>>> Confirmando Voto. Una boa Semana!
... e que saudocismo ... =D
mtu bom seu texto, além de crÃtico mtu itneligente!
votado!
Um belo espetaculo.
me convida ?
bjssssss;)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
http://www.yeshuaartsgraficas.com.br/
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