- Eu me deitei com um homem, bem diferente do meu marido...Confessou Sandra, de forma categórica e ilesa de qualquer culpa ou demonstração de arrependimento.
- Isso é um imenso pecado, minha filha...Condenou de imediato padre Jordão; franzindo a testa e meneando a cabeça, dando conotação de total desaprovação com o seu gesto.
- Não padre, eu discordo do senhor. Aprendi num de seus últimos sermões, que muito me tocou que até decorei as suas palavras; “as pessoas nascem para serem felizes, e que cada um de nós pode cultivar livremente seus sonhos. E se obrigações temos quanto aos sonhos, essas são para com nós mesmos, brigando pelo direito de tornar realidade aquilo com que tanto sonhamosâ€.
- Sempre sonhei em ser reconhecida e tratada com o carinho e respeito que imaginava que uma mulher mereça. Por isso não concordo que eu tenha realmente pecado praticando esse ato... Sustentou Sandra com serenidade e completou.
- Imenso, Padre Jordão, é o prazer de em muitos anos, ao menos uma vez eu poder me sentir livre de complexos, me sentir desejada ao invés de o objeto de uso pessoal que tenho sido, e já faz tempo que é só isso que sou. É imensa, a alegria de não se sentir descartada ou posta em uma gaveta a espera de uma nova utilização. Poder acordar ao menos uma vez com o sorriso de cinderela e não com a amargura de uma gata borralheira que em mim fez moradia ao sabor e desenrolar das circunstâncias.
Embaraçado, com a interpretação dada por Sandra ao seu discurso, o padre reluta em se dar por vencido diante das convicções da fiel e buscar se manter como autoridade perguntando...
- Se o seu adultério não é pecado, minha filha, qual o pecado que viestes confessar?
Sandra não se apequena diante da inquisição do religioso e lhe reponde demonstrando total firmeza.
- Padre, pequei antes e por todas as vezes que o Onofre me tocava, porque o meu desejo era de que não fosse ele que ali estivesse. Não pensava em um outro - tempo nem oportunidade tive de qualquer outro conhecer – só o que sempre quis é que não fosse tocada e tratada daquela maneira e sendo assim, pequei contra mim e a minha natureza ao me calar e consentir que tal situação existisse... sem alterar em um só instante o ritmo e o tom da fala, a dona de casa, mãe de seis filhos; uma praticante da fé cristã, concluiu sua confissão.
- Sei que continuarei pecando, apesar de reunir forças, não possuo a coragem
para mudar um estado de coisas ao qual estou ligada e também as minhas crianças estão. Ao me rebelar agora, estaria punindo aos meus inocentes, por pecados que são só meus e não me sinto nem jamais me sentirei dona desse direito.
- Pecarei, não de um jeito imenso, mas de uma intensa maneira. Porque agora sei a quem devoto o meu desejo e mesmo sabendo que não mais voltarei a vê-lo, será ele por quem desejarei ser tocada. E assim sendo, estarei agindo como uma pessoa que erra contra um semelhante, por fazer do meu marido – mereça ele, ou não – também um objeto, como sempre fui.
- Reze, reze sempre minha filha, não tanto por você, mas pela felicidade da sua famÃlia, já que a sua felicidade parece não ser uma companheira de toda a vida ... sentenciou Padre Jordão, sem querer descer do seu pedestal - que com aquela conversa – ruÃra como castelo de areia que enfrenta a subida da maré.
- Mais que isso padre, rezarei também para o senhor e todos os homens, pedindo que chegue o dia em que vocês tenham o necessário entendimento para reconhecer capacidade feminina de se doar e compreensão para entender a alma de uma mulher.
Parte integrante do Livro Folha A4.
Querida alma do poeta Luis Santana,
Com um texto desses, que brota do conhecimento da alma feminina, e supondo conhecedor dos mistérios e encruzilhas em que essas mulheres maravilhosas nos postam ao caminho, vejo com orgulho esse teu texto, um prêmio a todas as mulheres que aqui irão se manifestar em seus comentários.
E não se iluda, serão inúmeros, vorazes e prolongados comentários, justos, despidos de pudor e falsa moral.
Agora, dirigindo-me ao poeta Luis Santana, teu belo texto me prende e nos lança a muitos e muitos outros vôos de nossa parca passagem por este universo feminino; e juntos, proponho, reafirmo a sentença feminina, própria, justa, e destaco:
- Mais que isso padre, rezarei também para o senhor e todos os homens, pedindo que chegue o dia em que vocês tenham o necessário entendimento para reconhecer capacidade feminina de se doar e compreensão para entender a alma de uma mulher.
Retorno ao votos, ansioso pelos comentários.
Abração
Beto
Que lindo. Vi que tens um gosto apurado, lindo o seu texto, de muito, muito bom gosto. Aproveito pra te apresentar perebah e jair, Não fui eu quem publicou, mais é uma dupla de mc's que oferece um projeto musical diferente de tudo que já conheci, e ainda tem uma múmia como dançarina, hilário, vc como parece ter uma visão diferente, vai gostar das letras e da musicalidade que elas trazem. Deixa um comentário, pra eu saber o que achou! Obrigada.
O atalho está aqui. Ou então vai na fila de votação. Deixa seu voto.
http://www.overmundo.com.br/overblog/a-verdade-sobre-perebah-jair-1
Lindo!!!Ousado?Não. Real. Verdadeiro. Belo.
Beijos, menino!
VOTADO PARABENS.
http://www.overmundo.com.br/banco/encontros-ardentes
Em votação.
Visite ..
Gostei. Deixei 2 votinhos pra vc.
Tb to sendo votado, veja se vc gosta:
http://www.overmundo.com.br/banco/um-anjo-me-salvou
Um grande abraço e boa sorte.
Agradeço Luis.
Por isso vim aqui lhe retribuir o elogio.
Sua obra é corajosa e extremamente real.
Mais que isso: É uma crônica de sensibilidade, sobretudo, que embora levante questões polêmicas, retrata o Ãntimo feminino, na busca de carinho, desejo, amor e paixão.
Parabéns.
Salve as novas obras do Trovadorismo Contemporâneo!
Belissimo! Adorei o texto!
Votado. desculpe a pressa, mas é que estou pra lançar meu livro e correndo vim
ler um pouco pra relaxar e adorei...ab
66 votos... rumos aos 70... Boa sorte! E obrigado pelos votos!
Alexandre Lana Lins · Belo Horizonte, MG 8/4/2008 20:31
Sinceridade vale a pena.
E tanta dedicação, vale
o meu voto!
Falta apenas um agora!
Abração!!!!
Enfim, ela disse não à hipocrisia e, acredito, fez o padre começar a rever o que quer ensinar sem saber.
Gostei muito.
beijos
Ajoelhar nem sempre é só pra rezar, não é mesmo ? Um abraço, Alcanu !
alcanu · São Paulo, SP 15/4/2008 14:46
Interessante, tem mais comentários de homens.
Pensando bem, esse texto é uma aula e tanto para eles.
VotadÃssimo.
Um abraço,
Como sempre muito bom meu amigo. Abraços e voto.
Falcão S.R · Rio de Janeiro, RJ 30/4/2008 14:06Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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