Marcos, o Pai (da) e Yvaga Poty, minha mãe e meu irmão!
Estudei na Escola Agricola Lysimaco Ferreira da Costa em Rio Negro Paraná em 1965-66. Meu apelido lá era Seco Palmas. Mas não dei sorte, a escola só tinha 2 professoras. Uma morava no Campus, a de Português, e tinha muita classe no vestir, e a de história, só usava mini-saia 4 dedos abaixo dos joelhos, o máximo permitido para a época.
A professora de história tinha uma anca de potranca, ou no popular, 2 belos culotes. Frequência de 100% na sua aula, e estranhamente ninguém entrava na sala antes do professor, assim os atrasados sabiam se veriam alguma coisa da aula, pelo tamanho dos CDFs que ocupariam as primeiras cadeiras.
A professora tinha uma formação de coxas que deixavam um vão central igual a da Ponte Rio-Nicteroy. Os mais ricos podiam comprar espelhinho com mulher pelada atrás, mas nós disputavamos a tapa, pedaços de espelho, para"ver melhor a aula". A professora devia ser eleita Miss Lençol Amarelo, tamanha a quantidade de manchas produzidas em sua homenagem. Éramos uns 30 entre 12 e 18 anos, na idade da covardia, do 5 contra 1, fazer justiça com a própria mão, estrangular o "Zéquinha" até ele cuspir.
A Escola não tinha privacidade, assim, massagem manual só na cama, altas horas da noite.Era começar a acariciar o "Zéquinha" e lá vinha a trilha sonora produzida pela cama-beliche. Os mais patifes vinham pé-ante-pé e davam uma senhora chinelada na cabeça do "pimpolho". Invariavelmente chovia chinelos e uma gritaria infernal. As sextas-feiras saía um boletim feito por alguém da escola contando piadas, curiosidades sobre professores e alunos, e a tenebrosa lista dos suspensos, que não iriam passar o fim-de-semana em casa. Éramos comandados por um senhor ligeiramente forte, um queixo quadrado e 2 olhos pretos cravados numa cara marrenta, viciado em chá de comigo-ninguém-pode, exalando valentia por todos os poros.
Sonhavamos com um dos mais velhos- era uma meia dúzia- dando-lhe uma porrada para ver se ele era aquilo tudo que dizia. Mas maizena tem seu dia de mingau, e chegou em Rio Negro um circo que tinha Tele-Catch ou Catch-as-Catch-can na época. Aos sábados nosso Inspetor (vou chama-lo de Hércules) dava uma fugidinha a noite com os mais velhos para trocar o óleo!
Os mais velhos "armaram bacana" e levaram Hércules para o circo. Terminado o Tele-Catch o animador do circo convida um candidato a saco de pancadas para enfrentar seu Campeão.
Para dar seriedade a coisa o Pateta entrava com 5 pra ganhar 50!.
Mal a animador lança o desafio e os mais velhos apontam Hércules e gritam:
Aqui, Aqui!
Enquanto gritam, o cutucam para que se levante. Com o rabo colado na cadeira, alega não ter dinheiro, mas conhecendo o mão-de-vaca, os mais velhos fizeram uma vaquinha, e casaram os 5 mangos na mão do animador.
Feliz da vida ele anunciou: Respeitavel publico temos um desafiante!
O circo veio abaixo, aplausos, gritaria, promessa de muitas risadas. Hércules mudou de côr, a casa caiu, e a vaca foi pro brejo, digo, e ele foi pro Ringue.
Foi e apanhou feito uma Bichona!
Segunda-feira na Escola, Edição Extra do Boletim em varios locais contando o vexame. Na mesma manhã, perfilados para a inspecção diária de quem tinha, ou não tinha tomado banho, (quem não tomava ficava sem café) eu não tomei, e nem teve inspecção!
Hércules estava desmoralizado!
Não era facil tomar banho, 6 graus acima de 0, voçe entrava pessoa e saia picolé de gêlo!
Aliás, passar o sabado e domingo na Escola não era de todo ruim, se tivesse amigo é claro! De manhã tomar banho de rio, almoçar e descançar o almoço embaixo da sombra de uma arvore contando carros. Cada um escolhia uma marca. A tardinha caminhar pela BR catando maços de cigarro para completar a coleção, sempre na direção do Matel 5 Esteiras.
Naquela época não se usava premiar aluno, mas Kaminski merecia uma medalha ou uma estatua. Me pergunto: Será que a aparência sucumbiu o Gênio e ele esta capinando uma fazendinha ou..
Aonde estiveres cito Jesus: Perdoe eles não sabem oque fazem!
E lhe peço perdão! Kaminski, eu te invejava mas te admirava!
Se as Louras Burras são Americanas ou Suecas eu não sei, mas que os Louros Inteligentes são Alemães e Poloneses, disso eu tenho certeza!
Discriminando?
Na escola fiz só 2 amigos: Marcio IsquioKet (esta é a pronuncia) que me presenteou com 3 livretos de estórias em quadrinhos de suspense ímpar, chamada XUXÁ,com 3 crianças brasileiras,espionando para os States na 2ª Guerra Mundial, e Mario Sérgio Borges da Silveira.
Mario tinha os olhos esbugalhados, labios salientes e tez morena, mesmo assim passou desapercebido em nossa escola. Não sei se porque quase não havia negros em Rio Negro ou porque não eramos ensinados a vê-los...
Volto ao Alto Paraguaçu: No nosso ultimo ano meu pai apareceu com 3 irmãs negras, altas e velhas demais (a media do colégio era de 10 anos, e a mais velha tinha 15 anos) e se destacavam no meio da Polacada. Passaram desapercebidas, pois não se ensinavam crianças a serem negras. Eram Alegremente tristes ou vice-versa?
O ajudante de Motorista
Nesse lembrar e esquecer/ Assisto a vida passar/
Se lembro quero esquecer/ Se esqueço quero lembrar!
O ajudante tinha 2 sonhos: Comprar um caminhão e correr na Formula 1! O ajudante aprendia a dirigir , dirigindo!
E só dirigia a noite ou nos trechos aonde não tinha Policia Rodoviaria. O caminhão ele ja tinha, não era dele mas servia, e o Autodromo servia as BRs, mesmo porque naquele tempo não tinha tantos buracos. O resto meu primo O. que foi ajudante do meu pai conta: Ninguém queria trabalhar com o seu pai, pois ele tinha 2 defeitos: Um chulé de engasgar gato, e a mania de mascar chiclete. Se fosse comprar ficaria pobre, então ele mesmo fabricava. Uma boa pigarreada e la vinha a cremosa bolota que era interminavelmente mastigada até ficar reduzida. Engolida só voltava depois de adquirir textura e volume suficientes para novo massacre!
Meu primo garante que: Embrulhar o estômago não é metáfora.
Ele teve o dele embrulhado varias vezes e para presente!
Espantado com tanta agressividade?
Eu explico: Tens filho(s) e vai se separar?
Meu pai nos separou da nossa mãe aos 6 anos, pois achava que no morro não tinhamos futuro. Provavelmente tinha razão. Assim foi dos 6 aos 15 anos. Voltei pra minha mãe já autonomo, sem carinho na infância, não sentia falta na puberdade. Como ninguém sentiu pena de mim, eu também não senti da minha mãe, e não sinto do meu pai.
Porque no meu caso, o Sentir Pena gera Carinho!
Se sinto pena de um bichinho abandonado, eu lhe dou carinho. Se sinto pena de uma criança chorando, lhe dou Carinho!
Pensaste: Que Pena! Replico: Uma Pena!
Peço a Deus que tenha Pena de mim e na outra encarnação me transforme num pavão, com muitas e maravilhosas penas, para que eu tendo Muita Pena, distribua muito Carinho!
Vale ou não vale a Pena!
Destilei a minha mágoa/ E peguei um copo d'agua/ Mas não consegui beber/
Olhei para trás e vi/ O quanto foi que perdi/ O quanto Gabi vai perder!
Ofereço a minha filha, a Gabi, Guaracy, a mim, a todos os Orfãos de "Pais" vivos!
Fecho com esta terrível frase de minha filha Yvaga Poty:
A verdade é que realmente tenho medo da sinceridade e não conheço a sua história. Bom, com relação a sinceridade começo por perguntar:
Se você sabia da minha existência, durante mais de 18 anos, por que nunca foi me procurar?
Caso queira me contar um pouco da sua história, por favor faça. Comece respondendo essa pergunta.
Ao abnegado leitor que conseguiu chegar ao fim, seria de bom senso, na minha opinião, não votar!
Nem penso em lhe cercear, mas Publicar tamanho Absurdo no Banco da Cultura, é no minimo uma Heresia!
Sabê-lo irmão de Nato - por si só - já é de grande valia.
Os textos são de bom grado, inclusive esta viagem.
Valeu. Benny.
Só estou aguardando a votação, amigo
Bjs
Sr. AZ nº 666,
O Sr. quase me matou de rir, lembrei -me da minha época de agricolino (Antes de fazer agronomia fiz colégio agrícola - São Manuel-SP, quase na mesma época que você 1970-72). sou testemunha de tudo o que vc. descreve. Lá também só haviam duas mulheres professoras que eram "homenageadas" diariamente ( tinhamos a privaciade dos banheiros, mas os bom mesmo era na cama, depois que as luzes se apagavam, e, então, ouvia-se o nhec-nhec das camas por todos os cantos do dormitório. Vc. me fez relembrar dos "espelhinhos", engraçado éque eles funcionavam...
Digo sempre que aqueles foram os meus melhores anos (projeto PAO na Horta, na pocilga, no pomar, etc...) e nos sábados ir para casa (que alegria...)
Toda história é muito divertida e contada com um jeito todo seu...
Parabéns Sr. Az, e obrigado pelo momento de descontração.
Abraços
Professor Leiteiro,
Cada vez que te leio é uma viagem dentro de mim, um escrafunchar minhas lembranças e um misto de apreensão, e prazer. Me recordei muito, neste escrito, quando li ANGUSTIA
de Graciliano Ramos, pela primeira vez. Aquele aperto no peito
querendo ver alguma coisa de boa, de esperança, era como se eu quizesse acabar com aquilo. Assim li o teu relato, com a vantagem
do teu eterno bom humor e a enorme capacidade de mergulhar na alma humana. Ah!, professor dia desses encontrei na Pç. da Sé em Sao Paulo, os espelhinhos ovais, que se punha no bolso da camisa, ferramenta indispensável nos aprontamentos das festas - folias - reizados - padroeira - Sto. Antonio........
É mais um dos que vou arquivar,
um abraço, andre
Benny, eu acho meus textos meio Dark para o Banco da Cultura, mas o pessoal esta me incentivando, me empurrando, já estou a 50km por hora, velocidade aumentando e vejo no fim da reta um baita muro. Tô pedindo a Deus que me dê asas, senão...
Mas ouço a voz de meu irmão dizendo: Deus, não dê!
Não se engane: Somos iguais, porém diferentes!
Lygia, não se chateia, mas seu marido é sósia do Hércules da história. Até o rosto sério, de seriedade intimidante ele tem. É só coincidência, mas acontece!
Beijos
Sr. Agenor, lá também tinha criação de codornas e coelhos em gaiolões, ai me disseram que a codorna era o bicho na cama. Então quando não tinha nada para fazer, eu ia prá lá "ver o bicho pegar". E nada de o bicho se mexer, mas a gaiola dos coelhos era do lado, numa tarde o coelho- eram brancos- me surpreendeu dando uma "bimbada" na coelho. Como eles eram brancos pude ver que cada ver que cada vez que ele chegava no Paraíso, acendia duas "luzinhas" vermelhas embaixo do rabo dele! Em meia hora foram umas 6 iluminadas. Provavelmente eram da raça Bocarelli! Só perdia para o leão que dizem dar 200 em sequência!
AZnº 666 · Rio de Janeiro, RJ 4/9/2007 11:08
André, tu és um ´herói! conseguistes terminar de ler um Graciliano. È verdade, aqueles chapéus de Folia e Reizados devem custar uma nota, pois no meu tempo eram os olhos da cara!
Lygia e André, nada de votar senão o Banco vai virar uma bagunça!
Vou votar sim..não tenho pena...achei ótimo!
Volto
Simpática Cintia!
forças ocultas me informam que vou perder esta parada! Não é por mim, mas os "donos do pedaço" não gostam de histórias que envolvam sentimentos, tem até um Anjo no meio. Este expulso por querer namorar terráqueas, não foi para as "profundas", caiu no árido sertão, perambulou tanto que ficou com o coração mais seco que as cacimbas no verão.
Sai Capeta, Satanás, Demônio, passa Diabo!
Como diria minha mãe: Vai para as profundas do mar sagrado, aonde não canta galo nem galinha! Nunca entendi oque ele queria dizer com isso, mas que impressionava, impressionava.
AZN...
Essas histórias (você falou que são verdadeiras) dão um bom filme!
Nunca pensou em escrever um roteiro e mostrar para os "caras" do cinema brasileiro?
Eu acho "coisas de louco...” Têm emoção, vida, detalhes de uma época! Você consegue passar um tom cômico às tragédias ou "casos especiais" da infância...
A narração de 5 x 1 é um caso para qualquer sexólogo de plantão... rsrsr
Continuo dizendo que você é um escritor diferente! Tem estórias e histórias para as "telinhas" e "telonas"... A professora de história é real? rsrsr
Voto nos "causos de vida" do AZN, e outros meninos e meninas dos "Brasis" carentes.
A foto: "matou a pau"! Família simpática!
Parabéns!
Grande abraço!
Lailton Araújo
As histórias são verdadeiras, os "enfeites" é que têem um certo exagero. Tô enfeitando tanto que já estou com medo de ser chamado de: Filho do Barão de Munchausen ou irmão do Pantaleão, feito por Chico Anisio!
Aguarde a nº 9, ja esta sendo elaborada, te convidarei!
Cara...
Vou virar teu produtor artístico! Vou ficar rico! rsrsr
Abraços.
Lailton
Professor ia passar rapidinho só para votar. Não tive como não reler. Não ia votar, esqueci. Coisas do voto secreto, um abraço andre
Andre Pessego · São Paulo, SP 5/9/2007 20:08Coisa mais bonitinha essa senhorinha com nome de índia...Beijos no mano!
crispinga · Nova Friburgo, RJ 7/9/2007 11:19
Muito Bom Leiteiro!
Crispinga, você tirou as palavras da minha boca: a moça é linda! Quanto ao livro,meu caro, não pode ficar fora cdele de forma nenhuma!
Sabe, meu leiteiro diabólico, acho que vc me andou escondendo leite!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Leiteiro!
Que coisa maravilhosa é este texto. Me vi fazendo um roteiro para um filme. Me fez lembrar minhas história do tempo que eu era estudante primária lá na Paraíba-João Pessoa, quando a minha professora fez uma banda de música com quemga de coco. É hilariante e fantástico . Uma das coisas boas que li hoje.
Grande abraço,
Elizete Arantes
Parabéns pelo texto. Muito divertido! Beijos @>--
Adriana Costa · Brasília, DF 6/1/2008 12:04
Relato interessante de uma época em que o Brasil parecia igual em todo lugar. Os mesmos filmes, quase o mesmo costume. Também tenho muitas lembranças parecidas, mas pouca saudade. Apesar dos pesares, acho que tivemos boa evolução.
A foto nos lembra o Nato.
abrs
Gostei muito.
Passa uma confiança muito grande da nossa gente e da nossa Cultura.
Essa Imagem desta veneranda senhora com os seus descendentes e um gigantesco alento e esperança.
Temos de ter orgulho da fibra determinação e humildade que esta senhora nos apresenta. Como Maria, Mulher pronta para decidir ou resolver paradas da vida, para contribuir e garantir firme o leme para um caminho honroso e de dignidade.
Puxa vida voce foi muito feliz e inspirado com essa imagen desses Brasileiros valorosos nos dando fé e orgulho.
Parabéns Amigo Poeta.
Isso nos dá ánimo.
Náo repare mas meu micro náo tem acentos , til dem cedilha.
Arrasto de onde tem algum e faço o que posso.
Um abração Amigo de quem cre na nossa gente e que acha que a vida é um sonho lindo e que vale a pena.
Passa rápido mas, sempre dá pra gente fazer a nossa parte e irmos em frente, como esta Senhora Divina do seu Trabalho.
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