O presente relatório é resultado das pesquisas de campo, quantitativa e qualitativa, realizadas na região metropolitana de Belém do Pará no ano de 2006.
Agradecemos a todos os que contribuÃram para a elaboração e execução desta pesquisa, em especial aos artistas, produtores, comerciantes e demais agentes da cadeia do tecnobrega em Belém, que deram entrevistas e forneceram informações indispensáveis para o levantamento de dados e à compreensão do funcionamento do mercado estudado.
Este trabalho não teria sido possÃvel sem o apoio e a confiança do International Development Research Centre (IDRC), que acreditou e reconheceu a importância deste projeto. Um agradecimento especial à Alicia Richero, por toda a atenção dedicada ao projeto ao longo de sua realização.
Por fim, um agradecimento a todos os que contribuÃram para a conclusão satisfatória desta pesquisa, nas mais diversas formas de apoio, e que, por comporem extensa lista, nos é impossÃvel citar todos nominalmente.
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Este texto é resultado das pesquisas qualitativa e quantitativa realizadas no mercado tecnobrega paraense para projeto Open Business Models - Latin América, com o objetivo de compreender como funciona a cadeia dos agentes deste cenário cultural.
O mercado tecnobrega do Pará compõe uma indústria cultural que adota um modelo de negócio distinto da maioria de outros mercados musicais: neste cenário, o direito autoral sobre as músicas dos artistas não constitui a fonte de renda nem confere ao artista exclusividade sobre sua criação. Embora o tecnobrega seja um dos principais ritmos musicais do Pará, o modelo de negócio adotado por esse mercado é pouco conhecido e, muitas vezes, incompreendido por setores hegemônicos da indústria musical, que têm na produção de CDs e no recolhimento dos direitos autorais parte da renda gerada para sua sustentação.
O tecnobrega, estilo musical tÃpico de Belém do Pará, foi criado a partir do brega tradicional1 produzido durante os anos de 1970 e 1980. A partir da década de 1990 ocorreu uma série de reformulações no brega tradicional que provocou a emergência de diferentes estilos desse gênero musical, como tecnobrega, bregacalypso, cybertecnobrega e bregamelody. Embora originários do brega tradicional, tais estilos são resultado de diferentes inovações musicais: o bregacalypso nasce na década de 90, entre os anos 2001 e 2003 foi criado o tecnobrega e, a partir deste, os estilos cybertecno e melody.
As festas e shows de tecnobrega são majoritariamente restritos aos bairros da periferia de Belém do Pará. Apesar dessa delimitação sócio-espacial é possÃvel afirmar que a música brega consegue atrair à s suas festas um público considerável. Estima-se que as aparelhagens e as bandas de música brega realizem cerca de 3.164 festas e 849 shows por mês na região metropolitana de Belém, respectivamente. Isto certamente faz das festas e shows de tecnobrega uma das formas de entretenimento mais populares da região metropolitana de Belém. Os números impressionam ainda mais quando consideramos um modelo de mercado musical particular e distinto, sem a presença de grandes gravadoras ou
selos.
Neste contexto, apresentamos aqui uma análise do mercado de tecnobrega paraense, procurando entender a dinâmica e a relevância deste fenômeno cultural no Pará. As festas, os shows de tecnobrega e a rede de relacionamentos desse estilo musical são fenômenos culturais ricos que apresentam uma expressão cultural musical especÃfica, além de um modelo de negócio diferenciado e com uma dinâmica própria, distinta do mercado tradicional da música.
O trabalho está dividido em 8 partes, incluindo esta introdução e a conclusão. O segundo capÃtulo apresenta a metodologia utilizada para a realização da pesquisa acerca da música tecnobrega do Pará. O terceiro procura familiarizar o leitor com a história do brega, desde os anos 70, mostrando como este estilo musical se consolidou em Belém e se transformou, dando origem a outros estilos musicais, tais como: brega pop, tecnobrega, brega melody, etc. A partir do quarto capÃtulo este trabalho concentra-se no mercado tecnobrega.
Dessa forma, nesta seção analisamos o modelo de negócio implementado por este mercado, ou seja, seu funcionamento, redes de relação, interação entre os atores, direito autoral, etc.
Já o quinto capÃtulo concentra-se na caracterização de cada agente do mercado tecnobrega: aparelhagens, festeiros, artistas, DJ’s, reprodutores não autorizados, vendedores de rua, etc.
Por apresentar um modelo de negócio muito distinto da indústria fonográfica tradicional, o sexto capitulo dedica-se à análise da distribuição e divulgação dos CDs e DVDs de tecnobrega. Como será observado, o tecnobrega os artistas do tecnobrega divulgam suas músicas de forma muito peculiar, se comparado a outros mercados da música.
Por fim, o sétimo capÃtulo mostra a importância econômica do fenômeno cultural do tecnobrega em Belém; neste caso, são apresentadas informações relacionadas ao faturamento, aos
empregos diretos gerados, a venda de CD’s e DVD’s desse mercado, entre outras informações.
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Equipe do Projeto Open Business Models – Latin America
Coordenação Geral
Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV DIREITO RIO:
Ronaldo Lemos
Oona Castro
Overmundo:
Hermano Vianna
José Marcelo Zacchi
Coordenação e execução das Pesquisas de Campo:
FGV Opinião
Marcelo Simas (Coordenação geral e pesquisa quatitativa)
Elizete Ignácio (Coordenação da pesquisa qualitativa)
Alessandra Tosta (Pesquisadora da etapa qualitativa)
Monique Menezes (Pesquisadora da etapa quantitativa)
Análise Econômica
FIPE-USP
Ricardo Abramovay
Arilson Favareto
Reginaldo Magalhães
PatrocÃnio: International Developement Research Centre (IDRC)
baixei aqui e vou ler.
tenho pouco conhecimento e muita curiosidade sobre esse esquema do tecnobrega.
tá na hora do mundo acordar pra novas formas de produção e consumo da música.
o tecnobrega tem outra qualidade que poucos falam: é música, e das boas!
Tiago Jucá · Acrelândia, AC 31/3/2008 20:06
Que venho o tecno rock e tcno metal pois tudo é valido...
www.palcomp3.com.br/laionmen
http://br.youtube.com/oldairvalduga
Realmente, passou da hora de o Mundo acordar´para outros (ou novos) tipos de produção de música. Apenas, discordo NO RESUMO ACIMA sobre o simplismo do comentário sobre direitos autorais. O prejuizo para os autores/compositores dessas variantes dos antigos "bregas" É IMENSO, enquanto o ECAD local se preocupa em multar hospitais e bares COM TV ligada.
Por outro lado, o mesmo ECAD se faz de cego (e surdo) com a apropriação indébita e livre que o tecnobrega faz dos ritmos/músicas de bandas rockeiras, sem pedir licença nem pagar direitos autorais. Até a bela IMAGINE, de John Lennon, virou uma musiquinha debilóide, mamada quase toda do KRAFTWERK... inspiração primeira e maior de quase todo compRositor tecno. E ainda querem prender camelô por causa de direitos autorais... "ora, me comprem um bode!", diria AMAURI SILVEIRA, o mais famoso radialista local E PAI (enquanto divulgador maior) dos diversos modismos musicais que infestaram Belém, desde 1980.
Tudo o que se refere a novos meios de distribuição de obras me interessa. Quem quizer pode enviar diretamente ao meu e-mail edvaldosouza@gmail.com
Essa sem dúvida é mais uma das inumeras materias que o overmundo nos oferece via seus colaboradores. Aproveitem
Hermano, meu projeto de graduação fala sobre o mercado fonográfico e sua miopia em enxergar as mudanças que inevitavelmente viriam, mas que este deixou passar. Já citei alguns de seus trabalhos e gostaria de saber se você indica mais algum sobre o tema. Obrigado.
Pedro Monza · BrasÃlia, DF 7/6/2010 04:09Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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