POEMINHA PARA FELLS

Poesia floresce em árvores
Quando e enquanto houver
�rvores
Ainda que geneticamente alteradas
Hão de brotar de todos os galhos
De todas bucetas de todos os caralhos.
Hão de serem escritas nos muros
E, se lavadas pela chuva
Levadas pela enxurrada
Papéis amarfanhados brotaram
Em outra pista / de asfalto
Pedra brita brotará poesia ainda
Não mais poesia do que o fato em si
De romper o concreto / para o alto
Pura / impura partitura
De um folguedo popular

Soluço em estado bruto
Ainda que, ás vezes triste
Cacho de uva em negrito
Unta, a tarde úmida
Com seu baton erótico.

A poesia persiste tenra
Com sua carne púbere
Vai ao bar, bebe coca-cola
Arrota palavras a esmo

A poesia não desobstrui rios.
O fio d´agua que escorre na calçada
È poesia; Más não sabe
A poesia fenece de inanição
De choque térmico

As vezes, não tem coragem
De se identificar na portaria

A poesia vai à praia
Não adianta
Se espanta
Não adianta
A poesia anda triste
Se reconhece em Maria Fells
Um pouco mais agressiva
Quer ser terna
Mas a ternura saiu de férias
Choca-se contra o muro
Escorre retalhando o branco
Com sua insatisfação
Deixa a palavra / REVOLTA / escrita
E continua por outras ruas
Escrevendo em outros muros
Com a tinta do sofrimento
A cidade, o mundo
Não cabe a poesia de sua indignação
A poesia continua
Dilatando limites da alma
Abrindo cercas de arame
Soltando animais para horizontes não sabidos.
A poesia segura-se ao nada
Porque o nada é mais real
Do que outras piadas.