Procura-se Dona Cora, uma doce bandida
Uma lufada de vento quente engoliu meu ônibus, e em vez de São Gabriel, eu apareci em outro lugar. Eu estava de pé no meio de uma rua de paralelepÃpedos, o sol forte incidindo no rosto ressecando a pele. Meus olhos se fecharam por causa da luz, e por um instante tateei o ar à s cegas, tentando me localizar.
- Aqui não é o sul - pensei, sentindo a boca secar. Passei a lÃngua seca nos lábios, notei-os quebradiços, pedaços de peles grossas se soltando deles.
Protegendo os olhos com a mão, tomei coragem para abri-los outra vez. Olhei em volta. Num primeiro instante, apenas pontinhos luminosos a brincar no espaço. Depois, casinhas de alvenaria em fila, dos dois lados da rua, todas cercadas por muros baixos, a maioria dos muros descascados, os tijolos aparecendo, um portãozinho pequeno de ferro dando entrada à pequena propriedade, alguns poucos carros sujos de terra estacionados no meio fio.
A incidência da luz do sol do meio dia fazia as sombras projetarem-se diretamente abaixo dos objetos. Até os postes elétricos não produziam sombras. Toda a rua era iluminada pelo sol, e brilhava.
Estou no Nordeste, pensei. No Maranhão, acho que em Balsas. E se eu estava de pé na rua logo ao meio dia, com certeza este era um sábado ou domingo.
Até a brisa aqui sofria com o clima. Era comum encontrá-la nas ruas, se abanando contra o próprio mormaço, a pobre coitada sendo aquecida pelo calor que emanava do chão, das pedras, das casas e dos carros. Tudo a aquecia, e só irÃamos encontrá-la fresca de novo quando a mesma se escondia do sol abaixo duma tenda de bar ou lanchonete, refrescando aos clientes enquanto eles tomavam um gole de suco gelado ou chupavam um sorvete.
Mas, sem tendas, na rua ela era quente, quente demais. E foi assim que ela me soprou a nuca, seu bafo me instigando a seguir em frente pela rua. Ao mesmo tempo, reconheci aquela rua pacata e percebi que eu estava voltando pra casa, a pensão onde morei enquanto estive em Balsas, provavelmente atrás de um copo de água.
A pensão de Dona Flora ficava uma centena de metros adiante, sendo esta a única casa da rua que tinha uma extensão de fundo considerável e dois andares. As outras casas eram pequenas em profundidade, muitas delas até em largura, algumas geminadas. As cores variavam do vermelho desgastado de sol até o amarelo sujo de poeira. Nenhuma cor ou tinta resiste por muito tempo à ação do calor do nordeste.
Caminhei pela rua até chegar na pensão, onde entrei sem bater. Passei o pequeno portão de ferro, que rangia, caminhei os cinco passos que separavam este da porta da casa e entrei.
Ah, que alÃvio estar num lugar sem sol, para variar. Para celebrar, a brisa soprou-me a nuca uma última vez, dentro da casa, antes de eu fechar a porta, e ela estava gelada. Com um sorriso, ela se despediu.
Procura-se Dona Cora, uma doce bandida.
Mulher Sempre prestativa e muito atenciosa.
Estudiosa de solos, ajudava todos sem medida.
Mal sabÃamos do que era capaz essa maldosa.
Por que fizestes isto comigo Cora querida?
Você que sempre fazia o bem e era amistosa.
Jamais te esquecerei em toda minha vida,
Pelo amor, conselhos e sua ajuda valiosa.
Independente de estar ou nao,sempre faço um passeio pelas filas e voto nos que gosto
Abrindo seus votos
http://www.overmundo.com.br/banco/entre-presencas-e-ausencias
Grato pelo Apoio Júlia. Boa sorte em suas votações. Bjs.
Carlos Parrini · Rio de Janeiro, RJ 3/4/2008 23:59Adorei o texto,rico nos detalhes que até me pareceu ficção.Deixo meus votos e meu carinho
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 4/4/2008 12:27
Adorei seus comentários Júlia. Vc vai gostar desse tb, de uma olhadinha: http://www.overmundo.com.br/banco/a-ajuda-do-ceu-para-a-mamae-e-o-bebe
Isso tudo é baseado em minhas experiencias pessoais e que vc tb pode ver em meu site: www.voltaaoplanetavida.com.br
Um grande abraço.
BELO TEXTO. VOTADO ..
http://www.overmundo.com.br/banco/matando-saudades
estou em votação
Visite-nos.
Obrigado candido, boa sorte.
Carlos Parrini · Rio de Janeiro, RJ 4/4/2008 21:15Belo trabalho meu amigo, parabéns! Abraço
Falcão S.R · Rio de Janeiro, RJ 5/4/2008 03:47
"Lá longe, fora de mim, na mata verde e ouro, entre os galhos trêmulos, canta o desconhecido. Ele chama por mim"... (Otávio Paz)
Muito bom. E viva a Vida. E viva as pessoas que passam pela Vida procurando, procurando...
Estou no Link: http://www.overmundo.com.br/banco/linguagem-do-coracao-enfim-somos-todos-um
... senti-me intrometida em seu sonho... Confesso que gostei; e depois?... Deixou-me curiosa...
Náthima Danel · Boa Vista, RR 5/4/2008 11:07excelente! meus parabéns....abraços
Flávio Cardoso Reis · Luziânia, GO 5/4/2008 11:35Suei em bicas, mas refresquei ao saber que retornarás à vida.
Juliaura · Porto Alegre, RS 5/4/2008 12:03
Que belo texto Carlos, rico em detalhes, prendendo a atenção até o fim, gostoso de ler. Parabéns poeta!
Bjos, e deixo meu voto com carinho. :)
Valeu amigo, grande abraço e boa sorte... Você merece...
Airton Engster dos Santos
Estrela-RS
Não opino quando não gosto do texto, e se o faço aqui, é porq
Kasinsk · Embu, SP 5/4/2008 19:20é porque seu texto é de uma riqueza de detalhes impressionante. Parabéns! Gostei muito mesmo!
Kasinsk · Embu, SP 5/4/2008 19:22
passeando pela fila de votação, vim te visitar, adorei o texto, muito bom, parabéns...
beijos no coração...
Carlos,
Deliciosa leitura, texto rico em imagens e devaneios, destaco:
Mas, sem tendas, na rua ela era quente, quente demais. E foi assim que ela me soprou a nuca, seu bafo me instigando a seguir em frente pela rua. Ao mesmo tempo, reconheci aquela rua pacata e percebi que eu estava voltando pra casa, a pensão onde morei enquanto estive em Balsas, provavelmente atrás de um copo de água.
Votos com louvor.
BelÃssimo!
Abs
Beto
Grato Nathima. Só esclarecendo, isso td aconteceu comigo realmente, não foi um sonho, rs. Bjs.
Carlos Parrini · Rio de Janeiro, RJ 6/4/2008 11:20Deliciosas palavras . . . meus parabéns !
Marcus Prado · São José dos Campos, SP 9/4/2008 09:17
Muito interessante este teu conto , amigo Parrini. Um texto muito bem elaborado. Meus sinceros aplausos e abraços.
Carlos Magno.
Carlos Parrini · Rio de Janeiro (RJ) ·
Procura-se Dona Cora, uma Doce Bandida!
Com todo carinho e consideração ao Amigo Carlos Barrini, que foi da Escola Técnica Celso Sukow da Fonseca no Rio de Janeiro, sendo mais um destaque de Técnico de Qualidade, uma caracteristica do Pessoal da Telefonia de todo Brasil.
Parabéns pelo Belo Trabalho.
Um orgulho pra gente.
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